Capítulo 117: Contagem regressiva

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POV Luna

Ivete começa a mexer no baú e tira duas garrafas do fundo do mesmo.

- Gente, sabia que a bifestinha era fraca com bebida, mas não nesse ponto. - Ivete diz rindo com as garrafas nas mãos. - Ela tem uma coleção de garrafas de tequila e vodca aqui dentro.

- Com essas garrafas, nem precisávamos de gasolina. - Vanessão diz tirando mais três garrafas lacradas de dentro do baú.

- Ei! Que fofo. - Maju fala retirando algumas rosas secas que estavam guardas ali. - Essas são as flores que demos para ela no chá de revelação da Chiara.

- Como sabe disso? - Pergunto curiosa me aproximando das flores.

- Por causa do laço, eu que comprei esse laço para amarrar essas flores, me lembro que foi o olho da cara personalizar ele. - Maju diz me exibindo um laço rosa que envolve como flores e havia bandivas bordado de branco.

- Até hoje eu tenho pesadelos com consciência de Cristal. - Gabi fala com uma cara nada boa.

- Aquele treco era surtado... Se bem que a Cristal também estava bem sedenta na época. - Digo rindo por me lembrar de Cristal eu falando que tinha fome de maldade.

- Mas você sempre impõe acalmar a chefinha. - Alicia diz sorrindo boba.

- Vamos guardar essas coisas logo. - Digo envergonhada pelo sorriso que não corrige em meu rosto.

Tiramos todas as armas, munições, coletes, drogas e todo o dinheiro sujo que havia ali e guardamos dentro dos porta-malas dos carros. As meninas decidiram pegar algumas coisas de recordação. Separamos uma garrafa de tequila para nós e deixamos as outras na sala junto dos galões de gasolina que utilizaríamos.

Na sala não achamos muitas coisas, apenas algumas fotos da Cristal, da Chiara e de todas nós reunidas em algumas festas particulares. Decidimos ir para o quarto dela, mas assim que me deparei com a porta para o quarto, senti todo meu corpo paralisar. Me lembrei das noites abraçada a ela, dos cafés, das risadas, dos beijos. Lembrei do dia que ela votou para a casa depois da cirurgia. Eu ainda não conseguia entrar ali.

Entro no quarto da Chiara e me sento na cama na tentativa de conter essa sensação. Podia sentir minha cabeça se perdendo, alterando a realidade. Não precisa disso agora, não queria vê-la agora.

- Luna... - Uma voz me chama na porta do quarto e rapidamente me volto para ela, por milésimos de segundo senti como se fosse ela me chamando.

- Ei! Está tudo bem? - Gabi me pergunta apoiada na porta.

- Sim... Só, sei lá... - Respondo sem saber como explicar o que estava acontecendo.

- Acho que vai gostar de ver o que encontramos. - Ela sorri para mim e apenas a acompanha até o quarto.

Mantenho meu olhar baixo durante todo o caminho até que sinto uma mão em meu ombro. Levanto o olhar e vejo Priscilão segurando um cordão na minha frente.

- Ela deixou isso junto de uma pistola dentro do guarda-roupa. - Gabi diz enquanto Priscilão me entregava o colar.

- É o presente que eu havia dado para ela. - Priscilão diz enquanto abro o pingente em forma de assa e vejo uma foto das meninas de um lado e uma minha e da Chiara de outro. - Acho que é melhor você ficar responsável por devolver ele para ela.

- Obrigada. - Digo contendo as lagrimas em meus olhos.

Priscilão apenas sorri e sai do quarto com uma pistola e um colete nos braços.

- Vou ficar com as meninas lá fora, se precisar da gente é só chamar. - Gabi diz me abraçando e acompanhando Priscilão para fora.

Olho em volta e o quarto estava quase irreconhecível por causa de toda poeira e dos pedaços de madeira da porta que havia sido arrombada. Vejo a escrivaninha dela com a gaveta onde ela escondia seus remédios quebrada. A cama estava desarrumada com alguns respingos de sangue e manchas de poeira.

Me sento ali e coloco o cordão em meu pescoço. Fecho a gargantilha e fico com o pingente em minhas mãos por alguns segundos. Agora tenho mais um motivo para te trazer de volta. Sorrio por esse pensamento, me levanto da cama e vou até o armário. As meninas já haviam revirado tudo por ali, as roupas que antes estavam dentro das gavetas, agora estavam espalhadas pelo chão e uma delas era uma blusa minha. Pego minha blusa vermelha e deixo em meu ombro, tudo ali me lembrava ela e pensar que em minutos tudo estaria em chamas traz um alívio e uma sensação ruim ao mesmo tempo.

Entro no banheiro, caminho até a pia e molho meu rosto. Me olho no espelho e foi como se eu pudesse ouvi-la. Meu deus Luna, você tá mais acabada a cada dia. Saio daquele quarto e me encontro com as meninas me esperando na sala.

- Aqui gata. - Gabi me oferece um copo de vidro com tequila.

- Vamos virar juntas em homenagem a chefinha. - Renata diz com um sorriso de orelha a orelha.

- Prontas bonecas? - Vanessão pergunta animada. - Vamos virar e começar a encharcar essas casas de gasolina e álcool.

- No três. - Maju diz encarando seu copo. - 1...

- 2... - Continuo a contagem.

- 3. - Gritamos juntas e viramos os copos.

Algumas se engasgaram, outras riram e Vanessão não perdeu tempo, pegou o primeiro galão e logo começou a espalhar pela cozinha. Algumas meninas saíram para avisar os meninos para fazerem o mesmo comas outras casas enquanto as outras meninas pegaram os galões que restaram. Pego algumas garrafas e desço para os quartos. Espalho toda aquela bebida nas roupas e na cama até que as meninas me chamam. Vou saindo da casa com as garrafas vazias e observo uma trilha de gasolina do meio da sala até a entrada. Saio dali e vejo Din, Maju, Gabi e Ivete em frente a casa da Ivete. Alicia, Diego, Isa e Jhon em frente a minha casa. Vanessão, Max e Baroni na da Vanessão e Renata e Priscilão me esperando em frente à casa da Cristal com um isqueiro nas mãos.

- As honras são suas, chefia. - Renata diz jogando o isqueiro para mim.

- A meia-noite vamos deixar isso tudo queimar. - Priscilão diz apoiada em um dos carros. - Os meninos também já sabem o que devem fazer e os porta malas dos carros deles já estão lotados.

Sorrio pela organização das meninas e olho as horas no meu celular. Já eram 23:55, contagem regressiva... 5... 4... 3... 2... 1.

Nem a distância nos separaOnde histórias criam vida. Descubra agora