Capítulo 57: Donuts

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POV Luna

A casa estava toda escura e admito que estava dando um pouco de medo, entramos em silêncio na casa e começamos a procurar alguém ali.

- Mamacita... Cold... alguém em casa? - Gabi chamava pelos dois enquanto andava pela casa grudada na Ivete.

- Acho que não tem ninguém, vamo embora antes que a Cristal chegue e dê merda por termos entrado sem a permissão dela. - Ivete diz e Gabi concordam.

- Nem a pau, agora é a minha chance de descobrir pra que ela precisa daqueles projetos, vamos pro quarto dela, também temos que instalar o hacker pra Priscilão. - Vanessão diz descendo na nossa frente em direção ao quarto da Cristal.

- Vamo embora Vanessão, de que projetos você tá falando sua louca? - Gabi pergunta enquanto seguíamos Vanessão.

- Ontem Vanessão viu a Cristal sair do cativeiro com uns projetos e cadernos, ela conseguiu ver que um dos projetos parecia do closet da Cristal. - Respondo e entramos no quarto que para a nossa sorte estava vazio, mas ... que porra é essa.

Vou até a escrivaninha da Cristal e vejo que sua gaveta de remédios havia sido arrombada e vários de seus comprimidos estavam espalhados pelo chão junto de alguns frascos, agulhas protegidas por uma embalagem e pedaços de madeira da gaveta.

- O que aconteceu aqui? - Gabi observava a cena comigo sem entender o que havia acontecido. - São os remédios da mamacita, vocês não acham que aquele covarde teria a coragem de fazer isso, né?

- Droga, onde essa garota foi se meter que merda. - Ivete diz puta da vida por provavelmente imaginar que o pior havia acontecido entre eles.

Eu estava simplesmente paralisada, onde você tá? Se ele tiver encostado um dedo em você eu não sei o que sou capaz de fazer com aquele cara. Vejo Vanessão ir até o armário da Cristal e a acompanho. Ivete e Gabi ficam no quarto procurando qualquer sinal de briga, sangue, qualquer coisa. Começo a procurar nas gavetas qualquer coisa que possa nós ajudar a entender essa situação, mas a única coisa que encontro é um porta retrato. Eu me lembro de quando a gente tirou aquela foto, foi no aniversário de um aninho da Chiara, Cristal estava com ela no colo, eu estava abraçada a elas e as meninas estavam a nossa volta. Naquele dia Cristal quase me matou por ter pulado na piscina com Chiara no colo, para ela Chiara era feita de vidro e poderia quebrar a qualquer momento.

Vanessão me tira de meus pensamentos chamando minha atenção para a parede de madeira do armário de Cristal.

- Escuta ... - Ela bate no centro da madeira e faz um som diferente do que fazer nas pontas. - Tá oco, é uma parede falsa, Luna, vem me ajudar a tentar abrir ela.

- Vocês não vão fazer nada. - Essa voz ... Cristal, Vanessão e eu nos viramos em sua direção e vemos Ivete e Gabi algemadas e com as bocas tapas por uma fita atrás dela.

- Oi bonequinha. - Vanessão diz com a voz trêmula, Cristal estava de colete e com uma Ak mirada na nossa direção sem contar que seu semblante não era dos melhores.

- Oi Vanessão, iai estão gostando de invadir a minha casa? - Cristal pergunta seria e fica esperando nossa resposta, mas não tinha como explicar o que estávamos fazendo.

- A gente só está preocupada, pensamos que o Cold podia ter feito alguma coisa com você ... por que sua gaveta de medicamento está destruída daquele jeito? - Pergunta e pela primeira vez a vejo me olhar de forma fria, como se eu fosse sua inimiga.

- Não interessa a nenhuma de vocês ... eu as mandei ficarem longe disso e o que vocês fizeram? Invadiram a minha casa, que bom que eu tenho um alarme de segurança silencioso que me avisa quando entram aqui... ah antes que eu me esqueça, não Vanessão, não é uma parede falsa, ela só está velha e desgastada por isso o som está estranho, vou trocar esse armário em breve, agora saiam da minha casa e nunca mais façam isso se não serei ainda mais severa ... com todas. - Ela avisa me encarando e entendo o recado, ela desalgema as meninas e Ivete sai da casa batendo o pé para demonstrar sua raiva.

Acompanho as meninas para fora da casa e vejo Cristal pegar alguns remédios que estavam espalhados pelo chão e guardar em seu bolso logo subindo para a sala. Ela guarda o equipamento pesado no baú e sai, Vanessão, Ivete e Gabi já haviam saído dali o mais rápido possível sobrando apenas eu e Cristal.

- Ainda não acredito que tiveram a coragem de invadir a minha casa e principalmente que você estava com elas. - Cristal diz enquanto trancava a porta.

- Tivemos que fazer, você não respondia o radinho ... estávamos preocupadas. - Falo e ela se mantem em silêncio me observando. - Vai me dizer o que aconteceu lá dentro?

- Esqueci de tomar meus remédios pela manhã, passei mal e Cold arrombou a gaveta para pegar minha injeção, foi isso que aconteceu. - Ela diz e percebo que seus pulsos vermelhos.

- Foi ele que fez isso? - Pergunto tentando conter minha raiva só de imagina-lo a machucando.

- Não, está frio e vim pra cá de moto a mais de 200 por hora, acabou ficando um pouco vermelho. - Ela diz passando as mãos nos pulsos. - Como ela tá? - Ela pergunta e vejo seus olhos na direção da minha casa.

- Mais calma, estava dormindo quando vim pra cá, deixei Renata cuidando dela. - Digo e foco em seus olhos que estavam bem vermelhos e inchados, ela estava chorando e não era pouco. - Vem comigo, ela deve estar acordada agora, acho que ela iria amar um abraço seu e parece que você também precisa disso.

- Melhor não ... toma, comprei para ela antes de invadirem minha casa, acho que vai anima-la um pouco. - Ela me diz entregando um saquinho cheio de donuts que estava no porta malas de sua moto.

- Por que você não entrega para ela? Afinal foi você que comprou. - Digo tentando convence-la a entrar.

- Não diga que fui eu comprei, se não ela não irá querer comer, também vai ser uma boa desculpa para você não estar com ela agora, boa noite, Luna ... cuida da nossa pequena. - Ela diz subindo na moto e logo acelera sumindo na noite.

Ela saiu tão rápido que nem mesmo tive tempo de responde-la, volto para casa e vejo Chiara e Renata deitadas no sofá rindo e comendo pipoca enquanto um filme qualquer passava na televisão. Mudo meu semblante para elas não perceberem o que aconteceu e me sento com elas.

- Mamãe Luna ... que cheiro gostoso é esse. - Chiara se joga no meu colo e em pouco tempo pega o saquinho da minha mão vendo os donuts que Cristal havia comprado. - Donuts ... são os meus sabores favoritos, você comprou pra mim, mamãe Luna? - Ela diz com seus olhos brilhando e me sinto culpada por isso, mas disfarço para não estragar sua alegria.

- Sim, filhota. - Digo e ela me abraça logo tirando um dos donuts do saquinho.

- Vou guardar esses para outro dia na geladeira. - Ela diz indo até a congelação e deixando o saquinho lá.

Assim que ela volta já havia comido um dos donuts e estava com um sorriso no rosto.

- Já são 22:30, acho melhor eu ir pra cama, o dia foi cansativo e amanhã tenho aula cedo, anão ser que minha mãezinha do meu coração me deixe faltar, ai poderia ficar acordada com vocês até mais tarde para assistirmos vários filmes juntinhas . - Ela diz e Renata concorda com a cabeça animada enquanto eu apenas rio da sua ideia.

- Nada disso filhota, vamos, eu te coloco pra dormir... vai dormir aqui, Renata? - Pergunto pegando Chiara no colo.

- Já que vocês insistem, não tem como eu negar não mesmo. - Ela diz se deitando no sofá já com uma coberta e um travesseiro que provavelmente pegou no meu quarto.

Apenas dou boa noite para ela e desço com Chiara para o quarto dela, a deito na cama e fico ao seu lado ela até ela pegar no sono. Dou-lhe um beijo de boa noite e vou para o meu quarto, apenas tiro minha calça e me jogo na cama de qualquer jeito já que Clarisse já havia me avisado que passaria um tempo na casa de uma amiga que estava precisando de companhia. Fico por horas encarando o teto enquanto pensava em tudo que aconteceu hoje com a Chiara, a Cristal e comigo até que me rendo ao sono e adormeço.

Nem a distância nos separaOnde histórias criam vida. Descubra agora