Capítulo 130: Pesadelo

298 35 81
                                    


POV Luna

Consigo ouvir risadas escandalosas à distância e uma melodia bem baixa e chorosa próxima a mim. Mais um pesadelo, não tinha dúvidas. Fecho meus olhos e me concentro, respiro vagarosamente e deixo a imagem de Cristal se apossar de meu pensamento. Abro os olhos e sinto meu corpo paralisar totalmente. Ela estava completamente nua, com as mãos amarradas a uma corda que as mantinham suspensas na altura de seu rosto. Estava sobre um coxão fino, mofado e muito sujo. O quarto era escuro com uma única lâmpada pendurada no meio do teto. O odor de sexo e bebida daquele quarto me causava náuseas. Seu corpo estava coberto de hematomas e vergões. Não conseguia a encarar naquele estado, simplesmente não dava. A melodia doce era interrompida por seus soluços e pelas risadas dos merdas que deviam estar em algum cômodo próximo.

(Tentem ouvir essa música na voz da Cristal com um tom mais baixo e com alguns soluços e suspiros entre as notas. Quem me apresentou uma música foi a Niellygold e concordo com ela sobre ser a letra lembrar Crislun, beijos, linda S2.)

— LUNAAAA... — Ouço Cristal gritar meu nome com todas as suas forças, era uma súplica e consegui sentir toda a dor dela. 

 Não resisti as lagrimas, apenas as deixe escorrer pelo meu rosto enquanto minha garganta se fechava e toda essa agonia apertava meu peito. As gargalhadas distantes tornam-se passos desajeitados cada vez mais próximos. Ouço o barulho da porta ser arrombada atrás de mim mais nem me dou ao trabalho de me virar para ver quem era. Apenas queria acabar com essa dor no peito que me paralisava. Já estava caída de joelhos naquele chão imundo, quando Cold se aproxima e antes que eu percebesse o vejo deferir vários socos seguidos no rosto dela. Meus músculos não me obedeciam mais, estava em choque. Estática, sou obrigada a ver todas aquelas agressões enquanto o rosto dela se manchava de vermelho e tudo a nossa volta desaparecia. 

 Acordo em total desespero e percebo minha respiração descontrolada, todos os meus músculos tremiam e minha voz não saia da minha garganta. Não consigo me levantar da cama como se meu corpo ainda estivesse adormecido. As lágrimas rolaram por minhas bochechas me enchendo de angústia até que lentamente consigo me mover. Sento na cama e abraço meus joelhos sem perceber nada a minha volta.

— Mamãe? — Mel diz sonolenta sem sentido a situação. — Tá tudo bem? — Sinto suas mãozinhas em meu ombro, mas não corrige a responder. — Mamãe Luna, fala com a Mel... Mamãe... — Ela me balançava esperando por uma resposta, qualquer resposta, mas eu não reagia. 

 Tudo que se passava na minha cabeça naquele momento era aquela cena, a voz ela enquanto cantava e seu grito por mim. Era uma verdadeira tortura interminável. Mel desisti de tentar me chamar e sai do quarto correndo. Em poucos segundos Maju e Alicia entram desesperadas no quarto. 

 — Luna... Estamos aqui, você consegue me ouvir, parceira? — Maju pergunta se sentando a minha frente na cama enquanto segura meus ombros. 

 — Chefinha acorda... Por favor, está tudo bem agora. — Alicia diz com uma voz chorosa e as mãos em meus cabelos. 

 — O que ela tem? — Ouço Júlia perguntar preocupada.

— Um pesadelo provavelmente... Luna, ei! Já acabou, sua família está aqui com você. — Maju diz tentando levantar meu rosto.

Sinto uma mão puxar meus braços com força me obrigando a soltar meus joelhos e levantar meu rosto, logo me puxando para um abraço e me sinto como se realmente fosse uma criança que acabara de acordar de um pesadelo.

Nem a distância nos separaOnde histórias criam vida. Descubra agora