Capítulo 145: Vocês são mais importantes (alerta de violência)

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POV Luna

Assim que entrei pude ouvir o seu choro e, por alguns segundos, hesitei em olha-la. Ela estava sobre um colchão imundo e com alguns rasgos que permitiam ver a espuma amarelada. Encolhida, nua e com as mãos presas por um arame na parede. Os seus pulsos estavam manchados de sangue e era possível ver os seus ossos sob a pele suja e com diversos machucados. O seu rosto estava escondido atrás dos seus braços. Senti as minhas pernas tremerem e a minha garganta ficou seca.

— C-cristal... — Sussurro enquanto me aproximava dela.

Ela encolhe-se no canto da parede quando estendo a minha mão na sua direção.

— Ei, sou eu, Luna, se lembra de mim? — Pergunto na tentativa de manter as minhas lágrimas contidas nos meus olhos.

Ela apenas recolhe as pernas e vejo mais gotas de sangue escaparem dos seus pulsos.

— Vou-te soltar. — Digo ao sacar a minha faca para cortar o arame.

Com um pouco de força e insistência, em segundos, consigo cortar o fio de aço que a prendia. Desço lentamente as suas mãos e a vejo de olhos fechados com hematomas na lateral do rosto, alguns cortes e ralados nas bochechas e no lábio. O seu rosto estava molhado e os seus cabelos estavam sujos e bagunçados. Desamarro a parte do arame que machucava os seus pulsos.

— Desculpa por não ter vindo antes. — Peço enquanto as minhas lágrimas escorriam pelo meu rosto.

Tento pega-la para tira-la dali.

— Por favor... chega. — A sua voz cheia de dor e suspiros pesados.

— Olha para mim, não te vou machucar. Cristal, estou aqui. — Digo a observando abrir os olhos. — Já acabou.

— L-Luna... — Ela reconhece-me e apoia o rosto na minha jaqueta enquanto chorava.

— Vou-te tirar daqui. — Digo e tento pega-la no colo para sairmos dali.

— Ah! — Ela reclama e sinto as minhas mãos molhadas ao tocarem as suas costas. A deito de novo de forma que consiga olhar as suas costas. Haviam diversos cortes, a maioria estava profundo e recente. Tiro a jaqueta do Mc e a minha blusa vermelha. A visto com a blusa e coloco a jaqueta novamente.

Rádio ligado.

(Luna): achamos a Cristal, vamos sair.

(Ivete): ótimo, tivemos alguns problemas na sala de controle, quatro para ser mais exata, mas estamos no fim de instalar a bomba.

(Isa): vou ao seu encontro, Luna.

(Folgadin): também estou a caminho.

Rádio desligado.

Assim que aviso no rádio, Chiara entra na sala e a vejo congelar com a cena. Cristal estava inconsciente deitada no colchão como a minha blusa cobrindo parte do seu corpo. Ela saiu dali e percebo ela enxugar o rosto.

— Está na hora de irmos para casa. — Sussurro, passo uma bandage nos seus pulsos e a pego com todo cuidado para não a machucar mais.

Saio da sala e vejo Chiara apoiada na parede ao lado da porta.

— Vamos esperar eles chegarem, não consigo atirar com ela nos braços. — Aviso Chiara que confirma desviando o olhar de nós.

Nem a distância nos separaOnde histórias criam vida. Descubra agora