Nem a distância nos separa

Capítulo 155: Quase consciente

*SALTO NO TEMPO: 5 DIAS*

POV Luna

Os últimos dias foram angustiantes. A chuva ainda não havia cessado, mantinha-se fina e fraca, mas constante. Devido a ela, uma neblina esparsa cobriu a cidade. O clima está ameno e melancólico.

Clara e Mariana aconselharam-nos a forjar um acidente de carro que resultará na morte de Vanessão, Max, Diego e Teddy. Assim conseguimos um atestado falso de óbito para cada um deles. Dessa forma, o FBI não poderia utilizar o sumiço deles para nos investigar. Porém, a avó das meninas descobriu essas mortes e entrou na justiça para ganhar a guarda delas. Não tivemos como impedi-la, afinal não podíamos matá-la, seriamos muito suspeitos. Lúcio, por ser maior de idade, tentou interromper o processo, mas o juiz decidiu que Embucete estava mais capacitada para cuidar das gêmeas mesmo que elas discordassem dessa decisão. Fomos surpreendidas por essa mulher e não tínhamos nenhuma opção diante do júri, só conseguimos as levar até o aeroporto para nos despedirmos. Separar os irmãos dessa forma era desumano e sei que Lúcio não desistiria de traze-las de volta. Nenhuma de nós vai.

Ivete precisou passar por algumas sessões de fisioterapia devido à pancada na cabeça e aos dias que passou inconsciente. Charlie e Gabi a acompanharam em tudo e as risadas desajeitadas dos três ecoavam pelos corredores do hospital sempre que ia visita-los com a Chiara. Maju e Din levaram Maia de volta para o colégio interno e cogitei colocar a Mel também, mas não conseguiria ficar tanto tempo longe dela. Alicia já está um pouco melhor, voltou a cuidar de alguns assuntos da facção e a fazer lojinhas como antes. Ela divide muito bem a sua atenção entre os seus deveres e os seus filhos. A mansão estava mais vazia do que nunca. Sem as gêmeas um pouco do brilho do lugar apagou. Mel decidiu que faria um desenho por dia até a Cristal acordar e ela é ótima nisso. Coloquei todos eles presos nas paredes do quarto. Chiara, após descobrir que haviam dois fugitivos, voltou a treinar com o Lúcio no acampamento. Layla ainda era amiga dos dois, mas com toda essa confusão, ela está distante deles.

Barone já havia se recuperado e voltou para as ruas com a companhia de Folgadinho e Spok. Eles responsabilizaram-se por investigar o lugar para onde nos mudaríamos em poucos dias. Maju, Alicia e eu organizamos algumas reuniões para alertar os nossos aliados sobre essa mudança. Alguns estranharam a decisão, outros ficaram satisfeitos, afinal um competidor a menos no mercado e apenas um deles escolheu ir conosco para o interior. A Tríade também estava com alguns problemas na cidade por causa de grupos novatos de bandidos que invadiram durante a nossa ausência. Conversar com Clarisse novamente era desconfortável, mas o profissionalismo de ambas superou tudo que aconteceu no passado. Essa transição não seria fácil para ninguém, deixar o lugar onde nos erguemos, todas as memórias, tudo que conhecemos, mas precisávamos começar de novo e sei que vamos conseguir, mesmo que o medo do desconhecido nos importune pelo caminho.

Ainda haviam ressentimentos entre Júlia e Amanda, mas conseguiam conviver juntas sem muitos problemas. Elas ainda tinham sentimentos, era possível senti-los no ar que as rodeava. Cristal ainda não despertará, mas os seus sinais vitais estão melhores a cada dia, segundo a doutora, e a sua cicatrização também está acelerada. Os hematomas e o corte no seu rosto já não eram mais visíveis. Os seus batimentos são fortes e estáveis junto da sua respiração. A ansiedade pela sua volta já não cabia no peito.

(SÁBADO) Faltam poucas semanas para Chiara concluir o segundo ano do ensino médio e Lúcio formar. Esse era o assunto do momento para animar o pessoal da casa durante o café da manhã.

— Espero que as suas notas estejam no mínimo azuis, Chiara. — Digo e ela apenas sorri ainda com a boca cheia.

— Algumas estão da cor do amor mamãe, mas consigo passar, não se preocupa. — Ela diz e apenas balanço a cabeça pela forma que ela fala.