Capítulo 160: Aviãozinho

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POV Luna

Saio do quarto a procura da doutora Amanda e a encontro na recepção.

— Doutora, Cristal está com fome, mas ela não consegue comer com aquele aparelho. — Digo e percebo que os meninos ainda estavam ali.

— Verdade, onde estava com a minha cabeça? Vou agora remover para ela. — Ela diz e caminha na direção do quarto.

— Ah! Meninos, foi mal pelo que rolou lá, ela ainda está muito traumatizada com tudo. — Explico sem jeito.

— De boa, só estamos meio chateados porque estávamos com saudade dela, mas a gente entende. — Spok diz e tenta sorrir para me tranquilizar.

— É, ela passou por muita coisa, estranho seria se ela ainda fosse a mesma. — Barone diz enquanto encarava o chão para não cruzar o olhar com ninguém.

— Obrigada por entenderem, provavelmente ela só precisa de um tempo para entender que todo aquele pesadelo acabou. — Digo e eles concordam com a cabeça.

— Tem razão, logo aquela imundiça se recupera e volta a brigar com a gente, então se animem, ela está bem e é isso que importa. — Din diz e quebra um pouco do clima ruim entre eles.

— Vou voltar para o quarto e qualquer problema saibam que podem contar conosco da mesma forma. — Despeço-me deles e sigo o meu caminho.

Entro no quarto e vejo a doutora terminar de remover o arame do aparelho.

— Pronto, agora nada vai impedi-la. — Ela diz num tom gentil e animado. — Apenas não se esqueça, nada de falar, gritar, cantar ou comidas solidas. — Ela levanta a comida sobre a bandeja que deixei ao lado da maca.

Cristal indignada olha-me como se pedisse ajuda.

— Então o que ela pode comer? — Pergunto.

— Sucos, caldos, sopa, gelatina, tudo que dissolva facilmente na boca para que ela não force a mandíbula. — Amanda diz firme.

— E se molharmos a rosquinha num copo de leite quente até ela ficar bem molinha, ela vai poder comer né? — Tento convence-la.

— Não, a rosquinha também é muito gordurosa e cheia de açúcar, não vai fazer bem para a recuperação dela. — Ela diz de forma doce, mas sem deixar espaço para contestarmos. — Mais alguma pergunta? — Faço que não com a cabeça. — Ótimo, vou ver com as meninas algo para a Cristal comer.

Ela sai do quarto e sento-me na poltrona próxima a Cristal.

— Bem, pelo menos pudemos ficar com o suco. — Digo na tentativa de anima-la e coloco um canudo descartável na garrafa. — Aqui, senta para não engasgar.

Ajeito um travesseiro para ela apoiar as costas enquanto ela tomava o suco.

— Está bom? — Pergunto com um sorriso bobo pela velocidade que ela bebia.

A vejo soltar o canudo por alguns segundos e limpa os lábios enquanto fazia que sim com a cabeça constrangida.

— Garanto que a doutora e a Alicia devem estar na cozinha daqui preparando alguma sopa bem gostosa para você. — Digo, pego um guardanapo que veio junto das outras comidas e entrego para ela.

Cristal agradece com um pequeno sorriso.

— Quer conversar? — Pergunto um pouco receosa.

Ela passa o guardanapo na boca, dobra e o coloca sobre a cômoda ao lado da maca. O seu olhar parece ter viajado com a minha pergunta e quando voltou, trouxe consigo a dor. Ela tentou disfarçar, mas não tinha como esconder tantas cicatrizes.

Nem a distância nos separaOnde histórias criam vida. Descubra agora