Capítulo 30: Melissa Alcapone Smith

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POV Cristal

Meu pé estava doendo muito, mas não queria estragar a festa para as meninas, sem contar que meu humor devido à TPM não estava dos melhores. Chegamos na festa em poucos minutos e os noivos já haviam entrado, feito a valsa e tudo. Sentamos em uma mesa mais distante do som, as meninas estavam animadas dançando, o Scofield já estava bêbado como a maioria dos meninos. Pedi para Ivete e Gabi puxarem a Luna para dançar já que ela não queria sair do meu lado e eu não conseguiria ir com ela. Enquanto Luna estava dançando com as meninas, decido ir ao banheiro. Vou mancando mesmo até lá, não queria incomodar as meninas e Chiara estava brincando com Lúcio. Após longos minutos consigo chegar no banheiro e entro. Faço minhas necessidades e quando saio de lá, encontro Scofield saindo de um dos quartos cambaleando de bêbado.

— Cristalina ... Você não me esquece não é mesmo. — Ele diz rindo me deixando um pouco assustada.

— Do que você está falando seu louco? — Pergunto tentando me afastar dele, mas ele acaba me prendendo na parede.

— Que você ainda vai ser minha gatinha ... E vou fazer o que eu quiser com você. — Ele diz e paraliso com aquela ameaça até que sinto ele me beijar, tento empurra-lo de todas as formas, mas ele era muito pesado então chuto seu saco e saio o mais rápido que consegui de lá.

Lá fora estava uma confusão, só queria encontrar a Luna quando percebo uma multidão no meio da pista de dança. Entro no meio daquelas pessoas e vejo Luna e Teddy desesperados com Naomi em seus colos gritando de dor.

— O que está acontecendo aqui? — Pergunto sem entender a situação.

— Me ajuda Cristal, a Naomi entrou em trabalho de parto. — Teddy diz sem ter a menor ideia do que fazer.

— Como assim? Ela não estava só de 7 meses? — Digo incrédula. — Ok, já chamaram o samu?

— Sim, eu chamei, já está a caminho. — Maju responde.

— Okay, ela precisa de espaço. — Digo e começo a dispersar a multidão.

Sento-me ao lado da Naomi e começo a ajudar com a respiração quando Scofield aparece puto da vida com uma pistola na mão. Os meninos tentam pará-lo, mas estavam todos bêbados e ele vem na minha direção quando Luna só acerta um cruzado em cheio no queixo dele que o faz cair desacordado. A vejo pegar a arma e guarda no bolso, logo a ambulância chega e leva os dois para o hospital. Teddy vai com eles na ambulância de acompanhante e vou com a Luna para o hospital. Chiara foi para casa com Vanessão que por sorte estava sóbria. Fomos em silêncio para o hospital, chegamos após alguns minutos e nos guiaram para a sala de espera onde encontramos Teddy aos prantos.

— Meu deus, está tudo bem? — Pergunto preocupada com a criança.

— Ela nasceu prematura, Cristal ... Não tem os pulmões formados e não pode sair do hospital... não querem me deixar ver minha filha. — Ele estava desesperado.

Sento no sofá da sala e deito a sua cabeça no meu colo para fazer-lhe um cafuné.

— Vai ficar tudo bem, você precisa se acalmar, logo ela estará com você. — Digo e continuo o carinho enquanto o observava ficar mais calmo.

— Vou buscar mais informações deles. — Luna avisa saindo da sala.

Fico com Teddy em meu colo por alguns minutos e ele já estava mais calmo.

— O nome dela vai ser Melissa. — Ele diz com voz baixa.

— É um lindo nome... Mel, minha sobrinha. — Penso alto, vejo Teddy olhar-me surpreso, ele levanta-se do meu colo e abre um sorriso todo fofo.

— Ela vai ter a melhor tia do mundo. — Ele diz e abraça-me.

— Ela vai ter as melhores tias do mundo. — Luna aparece e diz enquanto entrava no abraço.

— Alguma notícia deles, Luna? — Teddy pergunta se levantando do sofá.

— Sim, o Scofield está tomando glicose, Naomi está descansando do procedimento e a pequena está na incubadora, ela vai precisar ficar um tempo aqui por nascer prematura, mas está bem. — Luna diz se sentando ao meu lado.

— Será que podemos vê-los? — Teddy pergunta.

— A Naomi e o Scofield sim, mas sua filha não, o sistema imunológico dela é muito frágil ainda para ter contato com a gente. — Luna explica e apoio minha cabeça em seu ombro.

— Eu vou ver a Naomi e o Scofield então, querem vir comigo? — Teddy questiona.

— Nós já vamos, eles estão no segundo andar, Naomi no quarto 24 e Scofield no 27. — Luna diz indicando os quartos deles e Teddy vai até eles.

Ficamos assim por alguns minutos em silêncio apenas curtindo a companhia uma da outra.

— Aconteceu algo. — Luna diz ao olhar-me.

— Do que está falando? — Pergunto confusa.

— Na festa, você sumiu e do nada o Scofield queria te dar um tiro, aconteceu algo. — Ela diz se sentando virada para mim. — Quer contar o que aconteceu?

— Estava vendo vocês se divertirem e decidi ir sozinhas no banheiro... quando sai ele estava lá, completamente bêbado... — Digo e lembro-me de cada cena do ocorrido. — Me desculpa... juro que não queria. — Digo e a abraço.

— Ei, confio em você, não precisa me esconder nada. — Ela diz e faz carinho nos cabelos.

— Ele me beijou e o chutei. — Digo com medo do que Luna pensaria e ela só me beija.

— Está tudo bem, estava com medo dele ter te feito algo pior. — Ela diz colando nossas testas. — Vamos procurar o Teddy e depois vamos para casa para cuidar de você. — Ela fala com um sorriso.

Vamos até o quarto da Naomi que estava apagada na cama e Teddy estava sentado ao seu lado, alguns meninos do MC também estavam lá junto da Isa.

— A gente já vai para casa, quando tiver notícias nos avise está bem? — Digo me despedindo do Teddy que concorda com a cabeça.

Despedimo-nos de todas e saímos do hospital, Luna foi de P1 e eu de P2. Meu pé já estava bem melhor, mas a cólica ainda matava aos poucos. Chegamos a casa e Luna desce do carro, apoio minha cabeça no banco do carro e coloco minhas mãos na barriga. Vejo ela abrir a casa e perceber que ainda não havia descido do carro. Ela vem até mim, abre a porta do passageiro e fica ao meu lado por alguns segundos enquanto fazia carinho em meu rosto.

— Deixa eu te levar para dentro de casa. — Ela diz querendo me pegar no colo.

— Não, Luna... espera um pouco... está doendo. — Digo com os olhos fechados e fico ali por mais alguns segundos até que me apoio no ombro dela para conseguir sair do carro.

Ela pega-ma no colo, vamos juntas para a sala e deita-me no sofá. A vejo ir para a cozinha e a observo na tentativa de distrair-me da dor. Minha cabeça latejava e parecia haver alguém enfiando várias agulhas no meu útero. Luna deixa uma panela no fogo e volta para uma sala com um comprimido e um copo de água.

— Toma, vai ajudar um pouco. — Ela diz e entrega-me o comprimido e copo.

Tomo de uma vez para não sentir o gosto do remédio e fico sentada encolhida no sofá vendo Luna voltar para a cozinha. Em minutos ela volta com uma bolsa térmica e senta do meu lado no sofá.

— Deita no meu colo. — Ela diz com um sorriso fofo. — Onde está doendo mais? — Estava tão desanimada que apenas guio a mão da Luna que estava com uma bolsa térmica para bem próxima a minha intimidade e sinto o quentinho da bolsa aliviar aos poucos a dor.

Luna deita no sofá e aconchego-me em seu braço ficando de conchinha com ela. Ficamos assim por muito tempo, assistindo a filmes e atualizando algumas séries. Comemos sorvete e um pouco de pipoca que a Luna fez para nós até que adormeço naquele abraço.   

Nem a distância nos separaOnde histórias criam vida. Descubra agora