Capítulo 167: Banho

272 35 28
                                    

POV Luna

Ouvimos os passos das duas se afastarem do corredor e volto o meu olhar para Cristal agora sentada na maca.

— Pronta? — Estendo a mão para ajudá-la a se levantar.

*Consigo sozinha.*

— Não duvido, mas não quero ariscar que se machuque. — Insisto.

*É sério, Luna, por favor me deixa sozinha.*

— Não tem como, mal consegue andar. — Tento convencê-la. — Qual o problema?

*Não é nada, esquece isso.*

— Tem certeza? Podemos resolver juntas ou se preferir posso chamar a Chiara para ajudar. — Ela se deita novamente.

*NÃO! Estou bem, só esquece.*

— Posso ficar vendada, vai me usar só de apoio se esse for o problema. — Percebo que ela tentava engolir o choro. — Desculpa insistir.

Ficamos em silêncio por alguns minutos. O clima, que antes era de festa, agora pesava sobre os meus ombros. Ela usava um avental hospitalar verde e percebo o medalhão próximo a minha blusa vermelha manchada de sangue e sujeira. Eles estavam sobre um móvel ao lado da maca.

— Precisamos pelo menos limpar os pontos das suas costas. Dá para usar algumas bandagens úmidas ou aquelas buchas de criança, assim não machucar. — Digo, ela pensa por alguns segundos e vira as costas para mim.

Entendo como um sim, vou até o armário e pego um pano, uma vasilha e algumas gazes. Paro um pouco de água morna do chuveiro nela e coloco-a próxima à cama.

— Vou abrir o avental. — Aviso antes de desabotoar alguns botões.

Seu tronco estava todo envolvido pelas bandagens.

— Vai ter que ficar sentada para conseguir retirar essas faixas. — Peço e ela se senta de costas para mim.

Assim que as consigo retirar Cristal encolhe o abdômen para cobrir a parte da frente do seu corpo. Haviam 5 cortes cobertos por tiras menores adesivas já sujas de sangue. Procuro pelos armários algo parecido que consiga colocar depois e encontro-as na gaveta que Amanda organizava antes de sair.

Retiro uma a uma com bastante cuidado. Os cortes atravessavam suas costas. O maior se iniciava próximo a sua bunda e terminava pouco abaixo de sua nuca, quase uma paralela a sua coluna que ainda aparecia sob a pele. Toda a área envolta dos pontos estava avermelhada, mas não aparentava pus, ou seja, sem infecção. Molho algumas gazes limpas na água e encosto na sua pele. Cristal se arrepia e continuo lentamente a retirar todo sangue seco que havia ali.

Foi alguns minutos de suspiros, arrepios e espasmos de dor até que consegui limpar os cortes e cobri-los com as fitas. Não coloquei a bandagem envolta de seu tronco, pois ainda queria a convencer a tomar um banho. Descarto a água pelo ralo, guardo o que sobrou nos armários novamente.

— Tem certeza que não quer tomar um banho? — Pergunto com a bandagem limpa em mãos.

Ela se cobre com uma coberta fina da cama e estende a mão para que a ajude a levantar. Caminhamos devagar até o chuveiro e a deixo apoiada na pia para retirar minha blusa, pois não queria molhá-la. Fico de top preto e short enquanto ela se apoiava na pia com uma mão e com a outra mantinha o tecido a frente de seu corpo.

Coloco minha blusa próxima a ela e entro no chuveiro para definir a temperatura. Assim que volto o meu olhar, ela estava vestida com a minha roupa que mais se parecia um vestido curto para ela.

Nem a distância nos separaOnde histórias criam vida. Descubra agora