Capítulo 134: Por onde começar?

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POV Luna

— Então vamos meninas, antes que Priscilão venha nos buscar pelas orelhas. — Gabi diz levando o seu prato e o de Ivete para a cozinha.

Recolho os outros pratos da mesa enquanto Alicia preparava algumas marmitas. Organizamo-nos e fomos para os carros.

— Esperem... vou com vocês. — Chiara diz correndo até meu carro.

— Ei, nada disso, mocinha, pode voltar para casa e ajudar seus tios a cuidar dos pequenos. — Digo trancando a porta do carro antes que ela entre.

— Mas ela está indo com vocês. — Chiara diz apontando para o carro da Renata que seria dirigido pela Júlia.

— Ela já é adulta e não preciso te explicar isso. — Explico lhe indicando o caminho de volta.

— O Lúcio não é adulto. — Chiara retruca mais uma vez com seus braços cruzados.

Olho pelo retrovisor e vejo Lúcio no carro com a Alicia e Maju sozinha em outro.

Rádio on.

(Luna): posso saber porque o Lúcio está com você ao invés da Maju, Alicia?

(Alicia): foi um pedido da Vanessão chefinha, ela não explicou muita coisa, mas deixou bem claro que precisava dele.

Rádio off.

— A Vanessão que pediu a ajuda dele. — Tento explicar a situação, mas nenhuma desculpa seria suficiente para ela.

— E essa reunião é sobre a MINHA MÃE, tenho todo o direito de participar. — Ela diz tão teimosa quanto a Cristal.

Não adiantava, ela não é mais um bebê, já sabe do quer e de certa forma... isso me assusta.

— Entra. — Destranco as portas e ela se senta ao meu lado com um sorriso vitorioso no rosto.

Em minutos chegamos no lugar, estacionamos os carros em um estacionamento escondido próximo ao metrô. Colocamos as bandanas e entramos no lugar o mais rápido possível.

— As gatas chegaram. — Ivete diz se aproximando de Jhon que estava parado na porta de uma das salas do cativeiro.

— Finalmente, elas estão aqui dentro e já aviso para prepararem os estômagos, o cheiro aí dentro não está nada agradável. — Ela diz tampando o nariz com um pano e abrindo a porta.

O cheiro do lugar era pútrido, apropriado ao cadáver que se encontrava estirado sobre uma mesa no centro da sala. Suas vísceras encontravam-se expostas. Como Jhon disse, essa cena exigia um estômago forte, o que nem todas possuíam. Ivete e Alicia mal aguentaram alguns segundos ali dentro e tiveram que se retirar.

— Vamos logo com isso antes que eu também tenha que sair. — Maju diz enjoada pela situação.

— Vanessão e eu passamos a noite analisando a anatomia desse cara, na esperança de descobrirmos o que o levou a morte e descobrimos um pouco mais do que isso. — Priscilão explica enquanto removia suas luvas cirúrgicas.

— Estamos diante do corpo de Henrique Costa, um dos mais jovens pneumologistas do Brasil, seu maior mérito são seus estudos sobre doenças degenerativas. — Vanessão diz e desvia seu olhar até mim.

— Cristal... pegaram ele para cuidar dela. — Digo sem pensar.

— Ele desapareceu dias depois da Cristal, pelo menos essa foi a data de quando fizeram o boletim de ocorrência alertando o sumiço dele. O coitado não era muito sociável, então as hipóteses dessa data estar errada são altas. — Priscilão continua a explicação.

— Mas voltando ao presunto aqui, provavelmente sua morte se deu a graves lesões no abdômen que ocasionaram em uma hemorragia. — Vanessão diz lavando suas mãos em um balde cheio de água que haviam ali.

— Antes do desaparecimento ele também encomendou diversos "kits" de equipamento para cirurgia e pacotes de remédios. Os principais eram as injeções e os comprimidos que a Cristal usa para retardar a doença. — Priscilão diz revoltada. — É como se eles tivessem pensado em tudo e agora temos diante de nós mais uma prova para a polícia tirar todo o foco deles e colocar na gente.

— Que merda. — Maju pensa alto tirando alguns sorrisos bobos.

— O que também significa que agora ou eles têm outro médico, ou estão cuidando da Cristal por conta própria. — Vanessão diz se escorando na parede do cômodo, suas olheiras marcavam seu rosto, junto do cansaço.

— Eles não podem só a levar para um hospital? — Chiara pergunta atenta a conversa.

— Por isso pedi que trouxessem o Lúcio, filho quero que adapte um dos programas da Priscilão para um vigia, assim ele nos alertará se qualquer paciente com características e sintomas parecidos com os da Cristal adentre um hospital, assim poderemos ter pelo menos uma noção de onde eles estão. — Vanessão explica e Lúcio apenas confirma segurando sua blusa sobre o nariz firmemente.

— Só preciso de alguns dias para avaliar o programa e adaptá-lo. — Lúcio responde o mais breve possível.

— Descobriram mais algo? — Minha voz sai abafada pela bandana em meu rosto.

— Apenas que esse sumiço ocasionou na suspensão das pesquisas quanto as doenças degenerativas porque ele que coordenava tudo e agora está morto. — Priscilão diz com uma expressão triste.

— Eles conseguiram pelo menos chegar perto de alguma cura? — Renata pergunta sem nenhuma esperança.

— Não, como disse, ele era bem antissocial e não confiava nas pessoas ao ponto de compartilhar seus estudos privados. — Vanessão diz tentando manter sua voz firme como antes.

— Mudando de assunto, mas nem tanto, também já analisamos as amostras de "DNA" que encontramos na casa. — Priscilão diz pegando uma prancheta. — Haviam duas digitais na faca que encontraram, uma delas bate com a do Michael Scofield e a outra com a da Cristal, a sangue nela também é desse babaca.

— Os cigarros pertencem a várias pessoas, a maioria era do Brian Jhonnes, os outros eram do Cold, do Michael, da Naomi e do Rodrigo. — Vanessão diz e o último nome me chama a atenção.

— Rodrigo? Então podemos confirmar que os irmãos da Cristal estão envolvidos nessa? — Pergunto e me esqueço de que Chiara estava ali.

— Minha mãe tem irmãos? — Ela pergunta confusa.

— É pequena, desculpa te contar assim, mas sua mãe tem dois meios-irmãos mais velhos, você não os conhece porque antes dela ficar grávida, os três brigaram e eles decidiram sumir no mundo. — Explico brevemente.

— Continuando, o sangue no freezer era exclusivamente do porco e é isso o que temos até o momento. — Vanessão conclui a explicação.

— O que vamos fazer agora? — Priscilão pergunta desmotivada.

— Às duas vão descansar enquanto nós vamos cuidar disso. — Chiara dá uma ordem direta para Vanessão e Priscilão que sorriem em resposta.

— Concordo com ela, estão acabadas e já fizeram mais do que o suficiente, descansem, vamos dar um jeito de continuar com as investigações. — Digo colocando a mão no ombro da Chiara e as meninas apena confirmam e saem da sala.

Lá vamos nós de novo. Por onde começar?

Nem a distância nos separaOnde histórias criam vida. Descubra agora