Duas semanas depois
POV Luna
Essas semanas últimas foram bem tranquilas, passei a maior parte do tempo com minha cunhada e com a Júlia. Sim, a Júlia, não estamos tendo nada sério, mas nos tornamos grandes amigas de balada, não vou mentir e dizer que não ficamos algumas vezes, mas não está rolando nada de mais, está mais para uma amizade colorida.
Descobri que a história dela até que é bem parecida com a minha. A família dela comandava o morro mais perigoso da cidade natal dela, até que um grupo de elite militar invadiram o lugar e mataram todos que estavam lá, incluindo moradores humildes e inocentes. Tudo ficou manchado de sangue e os corpos jogados por todo o lugar. Foi uma chacina e a única que sabia o que havia realmente acontecido ali era ela, já que as autoridades esconderam a verdade e colocaram a culpa em uma facção que nem se quer existia.
Toda a sua família foi morta nessa operação e ela só sobreviveu por que estava na casa de uma garota que ela estava ficando. Quando ela voltou só encontrou corpos, cápsulas de bala e muito sangue. Praticamente todas as paredes estavam pintadas de vermelho. Ela ainda conseguiu entrar em casa sem ser percebida e pegou um pouco de dinheiro, uma pistola, algumas munições e a chave de uma de suas motos. Desde então ela está sempre fugindo de qualquer encrenca, mas, às vezes, a tentação a convence de fazer algumas coisinhas erradas.
Durante esse tempo, entrar em contato com as meninas estava quase impossível, faze-las atender minhas ligações estava extremamente complicado e quando atendiam eram sempre as mesmas respostas: "não está acontecendo nada", "está tudo tranquilo", "curti esse tempo para você "," não se preocupa estamos cuidando das coisas ". Essa situação me agoniava cada vez mais e o pior eram os pesadelos que tinha com a Cristal.
Praticamente toda madrugada eu acordava e a via em algum lugar do meu quarto, muitas vezes ela chorava e chamava pelo meu nome, outras ela só ficava ali com um olhar vazio. Sempre que eu tentava me aproximar, sua imagem desaparece, como se fosse uma miragem, mas era tão real que sentia seu perfume no quarto. Já pensei em ligar para ela, mandar mensagem, qualquer coisa, só queria ter certeza que ela estava bem.
Sempre que eu tocava nesse assunto com as meninas, sentia o clima na ligação mudar e logo elas trocavam de assunto ou davam uma desculpa e desligavam. Tentei saber dela pela Chiara, mas ela ainda está bem chateada e também não está mantendo contato com a mãe. Quando tocava no nome da Cristal, sentia a tristeza e a raiva em sua voz e isso partia meu coração. Posso não saber o porquê dela estar tão estranha, mas tenho certeza que a Chiara ainda é a pessoa que a Cristal mais ama e não consigo nem imaginar como ela está aguentando ficar tanto tempo assim.
Fora essas coisas, a Lia começou a sentir algumas contrações de treinamento para o parto e por causa disso Thom começou a trabalhar de casa com medo de não estar ao lado dela quando chegar a hora. Isso era hilário, qualquer coisa que ela sentiria os dois se desesperarem, correndo de um lado para o outro. Tentei avisar ser normal e que ainda não estava na hora, mas a preocupação era visível e me lembrava muito quando Cristal estava perto de ter a Chiara. Ficávamos horas preocupadas de algo acontecer e não estarmos prontas, mas uma acalmava a outra com carinhos, piadas idiotas e conversas aleatórias que acabavam em risadas exageras.
Era umas 5 da madrugada de um domingo, quando acordo por conta do barulho que os dois estavam fazendo no corredor. Levanto-me toda desengonçada com minha calça de pijama vermelha com várias caveirinhas pretas, uma pantufa de cachorrinho e um top preto. Saio do meu quarto para ver o que estava acontecendo. Vejo o Thom sair do quarto deles com as bolsas do bebê todo desarrumado, de chinelo com uma calça de moletom cinza e sem camisa, completamente despenteado.
— O que está acontecendo parceiro, pulou da cama? — Pergunto para rindo sem entender.
— A Lia... A bolsa da Lia estourou, e-ele está vindo, meu filho está vindo. — Ela diz descendo as escadas com um sorriso de orelha a orelha e finalmente minha ficha cai e vou direto para o quarto deles.
Entro e encontro Lia sentada na beirada da cama respirando fundo e devagar. Ajoelho-me na sua frente com um sorriso e seguro suas mãos para ajudá-la com a respiração como fiz com Cristal. Ela até estava bem calma fazendo tudo certinho quando Thom volta para o quarto e avisa que o carro já estava pronto e já ligara para o hospital mais próximo para avisar que estávamos a caminho.
Ajudo Lia a descer as escadas com Thom e a coloco de P2 no carro enquanto ele assumiu o P1 e eu vou para o banco de trás. O caminho foi um pouco longo por conta da distância e da ansiedade que preenchia todo o carro. Em algumas horas estávamos dentro de um quarto de hospital em tons de branco e azul-claro. Lia estava deitada na cama do quarto em meio a uma de suas contrações e Thom ao seu lado segurando sua mão. Não queria invadir a intimidade deles então achei melhor esperar no corredor até meu sobrinho nascer.
Minhas mãos suavam de ansiedade e todo meu corpo estava inquieto. Sem perceber, estava a horas andando em círculos enquanto Lia gritava de dor até que finalmente ouço um choro de bebê ecoar por todo hospital e com ele me lembrei da minha pequena em meus braços pela primeira vez. Sinto meus olhos lacrimejarem e decido ligar para ela, ouvir a voz da minha filhota, o telefone toca por alguns minutos e ela finalmente atende.
Ligação para Filhota on:
(Luna): oi filhota.
(Chiara): oi mamãe, está tudo bem? Você está chorando?
(Luna): estou bem, meu amor, é que seu priminho acabou de nascer e fiquei com tanta saudade de você.
(Chiara): meu priminho nasceu? Eeeeeee, então vai voltar para casa, né, mamãe? Também estou morrendo de saudade.
(Luna): sim, filhota, logo vou estar aí do seu ladinho te enchendo de beijos.
(Chiara): eeeeee... mãe, qual o nome do meu priminho? Você nunca me disse.
(Luna): nem eu sei meu amor, seus tios ainda não escolheram, tem algum em mente?
(Chiara): uhm sim, Harry, aí fica Luna, Thom e Harry.
(Luna): Gostei, vou falar para eles... Pode voltar a descansar filhota, beijos.
(Chiara): beijos, mamãe.
Ligação com Filhota off.
Vejo Thom sair do quarto com o rosto molhado pelas lágrimas e um sorriso que mal cabia em seu rosto.
— Vem conhecer seu sobrinho irmã. — Ele diz entrando novamente e o acompanho.
Assim que entro vejo Lia suada, com os olhos brilhando e um pacotinho azul nos braços. Thom fica ao seu lado observando o pequeno e me aproximo para ver também. O pequeno era a cópia do Thom, tadinho, mas tinha os olhos castanhos escuros vibrantes como o da Lia.
— Como vão chama-lo? — Pergunto vendo os dois se entre olharem e rirem.
— Ainda não decidimos, vimos tantos nomes lindos que não conseguimos definir. — Lia diz voltando a atenção para seu pequeno.
— A Chiara deu uma ideia que eu acredito que combina com ele... Harry. — Digo e vejo os olhos de Thom brilharem.
— O que acha amor? Pequeno Harry Carter Martins. — Ele pergunta e vejo Lia ficar séria.
— Eu acho... perfeito. — Ela diz e Thom lhe dá um selinho.
Fico observando meu sobrinho e percebo ele abrir e fechar as mãozinhas então entrego meu mindinho para ele que segura com uma certa força transformando meu coração em manteiga derretida. Oi pequeno, é sou eu... Sua tia babona que vai te mimar muito, então se prepara porque vamos aprontar aos montes.
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Nem a distância nos separa
FanfictionDentro de uma família, se criam laços, uns mais fortes que outros e o que elas criaram se tornou tão indestrutível que mesmo distantes, uma consegue sentir as emoções da outra. Mesmo que o mundo pareça estar contra, esse laço as uni, as prende. Essa...