POV Luna
Mari volta com uma jarra de água com gelo e dois copos de vidro.
— Aqui, isso deve melhorar um pouco a situação. — Ela estende um para mim e outro para Clara. — Pelo menos agora temos a confirmação de que a lancha foi o veículo que Quaresma e Scofield utilizaram para escapar e sair do país.
— Eles não iriam para a Venezuela sem motivo, devem ter parceiros no lugar. — Folgadinho se pronuncia ainda incomodado com a presença delas.
— Com certeza, já recrutamos alguns meliantes para reunirem informações sobre os dois. — Clara informa e termina de virar o conteúdo do seu copo.
— Meliantes? E isso é confiável ou suficiente para essa missão? — Questiono e tomo um gole da água.
— Se forem bem pagos, posso garantir que serão mais que confiáveis. — Ela coloca o copo sobre a mesa e olha para o Senhor Giorno.
— Então só precisavam da Cristal para terem uma fonte de renda extra. — Digo e Clara ri debochada.
— Ainda não entendeu a complexidade que será acusar o Quaresma e o Scofield depois da bagunça que causaram, né? — Ela se ajeita numa das cadeiras de costas para o cômodo anterior. — Senta, temos alguns documentos para mostrar.
Puxo uma cadeira que ainda permitisse a visão para Cristal e Folgadinho sentasse ao mau lado. Mari abre uma pasta de couro escuro e distribui alguns papéis a nossa frente.
— Vamos começar pelo Quaresma, depois passo as informações que possuímos sobre esta cidade. — Clara separa algumas folhas. — Aqui, essa é uma cópia da escritura da casa do litoral de São Paulo. Como podem ver, ela estava no nome do doutor Henrique Costa, um pneumologista novo, mas muito conhecido pelas pesquisas em equipe sobre doenças degenerativas. O garoto de pouco mais de 28 anos está desaparecido a alguns anos.
Ele não está desaparecido, está morto. Encontramos o corpo no dia que incendiamos o condomínio, ele foi enterrado no quintal de uma das bases da máfia. — Digo simplista e elas encaram-me.
— Já imaginávamos que não o encontraríamos vivo, mas não pensamos que foi a tanto tempo. Sabem o motivo do assassinato? — Clara questiona e Cristal se aproxima de nós enquanto o mais velho continuava na sala e conversava com um dos seguranças.
— Algum problema? — Aproximo dela preocupada.
— Não, ele quer conhecer a Chiara e a Mel. Assassinato de quem? — Ela segura a minha mão e fico mais aliviada por tê-la comigo.
— Um médico, Henrique, a máfia provavelmente o matou a vários anos. — Mari resume o caso que discutíamos.
— Ele morreu por minha causa... — Ela aperta a minha mão. — Tentou me ajudar a fugir, mas um homem, não lembro o nome dele, agarrou a minha cintura enquanto pulava a cerca atrás da casa. — Percebo a mão dela tremer, o olhar dela abaixar enquanto falava, puxo-a para mais perto de mim e o silêncio domina a sala.
— Vem, vou levar ela para as meninas, deve se sentir melhor com a Chiara e a Mel. — Tento sorrir e Cristal me abraça. — Deem-me licença, vou pedir para a Alicia levar ela até as crianças.
— Fica à vontade e obrigada pela informação Senhorita Giorno. — Clara diminui o tom de voz e Folgadinho nos acompanha até o carro da Alicia.
— Está tudo bem? — Alicia questiona preocupada.
— Sim, pode levar a Cristal até as crianças e depois chama as meninas para entrarem, na casa. Clara irá nos atualizar da situação. — Digo enquanto ajustava o cinto na Cristal no banco do passageiro que segura a minha mão mais forte.
— Não quero ficar longe de você. — Ela sussurra enquanto desvia o olhar do meu, abaixo para ficar mais próxima dela.
— Nada vai acontecer com você, só não quero que reviva esses momentos assim. — Vejo os olhos dela lacrimejarem.
— Scusami, non voglio disturbarti, ma vorrei conoscere i miei nipoti. Posso andare anch'io? (Com licença, não quero as incomodar, mas gostaria de conhecer meus netos. Posso ir também?) — O senhor Giorno se aproxima pelas minhas costas com os seguranças atrás.
— O que ele disse? — Assusto com a presença dele ali e peço uma tradução para Cristal.
— Ele quer ir comigo, ver as crianças. — Ela diz desanimada.
— Confia nele? — Questiono e ela confirma com a cabeça, só então percebo o olhar curioso da Alicia sobre o homem. — Alicia, esse é o pai da Cristal, fica de olho neles, na praça.
— Entra, papà. — Cristal responde para ele e percebo os seguranças se aproximarem também.
— Só o seu pai Cristal. — Encaro o homem e a mulher atrás dele que aparentam compreender o que disse, mas se recusam a se afastar do senhor.
— Senza le guardie di sicurezza, papà. Nessuno ti farà del male. (Sem os seguranças, pai. Ninguém vai machucar você.) — Cristal passa o recado para ele que dispensa os dois e entra no banco de trás do carro.
Vou até à janela da Alicia e sussurro.
— Não tira os olhos dele e cuida da Cristal, qualquer problema grita no rádio, liga, só me avisa. — Peço preocupada e ela confirma com um sorriso.
Observo o carro sair da vinícola e em pouco tempo as meninas e os meninos entram.
— Como está a situação lá dentro? — Priscilão pergunta precavida.
— Controlada, Clara quer compartilhar algumas informações lá dentro. — Respondo.
— Meninas vamos deixá-las sozinhas para resolver isso, ainda temos que organizar uns detalhes nos trailers. Mas por favor não hesitem em nos chamar se precisarem. — Din avisa e Folgadinho se junta a eles.
— Podem ir tranquilos, não acredito que a situação possa sair do controle. — Despeço deles que caminham para a saída.
— A Alicia disse algo do pai da Cristal, é sério isso? — Maju pergunta curiosa.
— Sim, logo vão entender toda essa confusão. — Digo sem muita emoção e caminho de volta para a casa.
As meninas acompanham-me até o cômodo onde Clara e Mariana estavam e se espalham pelos lugares envolta da mesa.
— Bom dia a todas! — Mari as cumprimenta que se mantiveram em silêncio.
— Onde estávamos? — Questiono e Clara chama a atenção de todas.
— Falávamos sobre a escritura da mansão do litoral de São Paulo. — Ela separa ao documento e Priscilão pega.
— Henrique Costa, agora sabemos como Cold conseguiu um lugar daquele tamanho. — Priscilão diz com um sorriso melancólico.
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Nem a distância nos separa
FanfictionDentro de uma família, se criam laços, uns mais fortes que outros e o que elas criaram se tornou tão indestrutível que mesmo distantes, uma consegue sentir as emoções da outra. Mesmo que o mundo pareça estar contra, esse laço as uni, as prende. Essa...