POV Luna
Cristal estava quieta a algum tempo. Não a ouvia chorar ou suspirar. As suas mãos sujas de terra repousavam nas laterais do corpo. A cabeça abaixada e a respiração lenta. Aproximo e a percebo lutar contra a exaustão. Ela dava piscadas longas e com o corpo tão mole que não tive dificuldade para a colocar no meu colo.
— Pode descansar, sempre vou cuidar de você. Eu te amo, mesmo que não lembre o que isso significa. — Observo-a fechar os olhos, ajeito alguns fios e limpo as últimas lágrimas do rosto dela.
Rádio ligado.
(Luna): meninas, estão por aqui?
(Renata): a maioria está dormindo na mansão, chefe. Precisa de algo?
(Luna): preciso de um carro para levar Cristal de volta para o hospital. Estou de moto, mas ela está muito cansada e não consigo levá-la assim.
(Renata): onde vocês estão? Posso pedir para algum dos meninos buscá-las?
(Luna): estamos nos túmulos. Pode ser, ela já dormiu e duvido que acorde tão cedo.
(Renata): okay, acredito que o Din está de boa para ir. Ah! Antes que me esqueça. A doutora Amanda e a Júlia estavam à vossa procura. Disse que não sabia onde estavam, mas não precisavam preocupar.
(Luna): ótimo, como as meninas estão?
(Renata): certeza que já tiveram ressacas piores.
(Luna): então deixa elas descansarem por hoje e já separa os remédios de enxaqueca. Vou avisar a Tríade sobre o adiamento da viagem para a madrugada de amanhã.
(Renata): já vou avisar os meninos. O Din acabou de sair para buscar vocês. Como foi o passeio?
(Luna): olha, por mais incrível que pareça, foi bem calmo. Pilotei por todo centro com ela na minha garupa, paramos em uma praia antes do sol nascer e ela pediu para se despedir deles.
(Renata): sabia que iria conseguir. Ela está mais de boa agora, né?
(Luna): ah! Nesse sentido, acreditou que não mudou. Vai levar tempo e com certeza muitas sessões de terapia.
(Renata): estou com saudade da patroinha conosco nos roubos, reuniões, até dos sermões.
(Priscilão): todas estamos, mas temos que nos adaptar a essa nova realidade.
(Renata): desde quando está aqui?
(Priscilão): pouco tempo, acordei com os roncos da Ivete e uma enxaqueca do diabo.
(Renata): aqui na cozinha tem remédio.
(Luna): cuidem de todos aí, assim que deixar a Cristal no hospital, vou para a mansão fazer a minha mala.
(Renata): beleza, chefe.
Rádio desligado.
Pego Cristal no colo e desço a trilha até a minha moto. Passam alguns minutos e recebo uma ligação. Atendo rápido para não a acordar e não vejo quem ligava.
Ligação com Filhota ligada.
(Luna): alô! Quem é? — Sussurro.
(Chiara): nossa mãe, apagou o meu número?
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Nem a distância nos separa
FanfictionDentro de uma família, se criam laços, uns mais fortes que outros e o que elas criaram se tornou tão indestrutível que mesmo distantes, uma consegue sentir as emoções da outra. Mesmo que o mundo pareça estar contra, esse laço as uni, as prende. Essa...