Capítulo 178: Não Mudou

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POV Luna

Cristal estava quieta a algum tempo. Não a ouvia chorar ou suspirar. As suas mãos sujas de terra repousavam nas laterais do corpo. A cabeça abaixada e a respiração lenta. Aproximo e a percebo lutar contra a exaustão. Ela dava piscadas longas e com o corpo tão mole que não tive dificuldade para a colocar no meu colo.

— Pode descansar, sempre vou cuidar de você. Eu te amo, mesmo que não lembre o que isso significa. — Observo-a fechar os olhos, ajeito alguns fios e limpo as últimas lágrimas do rosto dela.

Rádio ligado.

(Luna): meninas, estão por aqui?

(Renata): a maioria está dormindo na mansão, chefe. Precisa de algo?

(Luna): preciso de um carro para levar Cristal de volta para o hospital. Estou de moto, mas ela está muito cansada e não consigo levá-la assim.

(Renata): onde vocês estão? Posso pedir para algum dos meninos buscá-las?

(Luna): estamos nos túmulos. Pode ser, ela já dormiu e duvido que acorde tão cedo.

(Renata): okay, acredito que o Din está de boa para ir. Ah! Antes que me esqueça. A doutora Amanda e a Júlia estavam à vossa procura. Disse que não sabia onde estavam, mas não precisavam preocupar.

(Luna): ótimo, como as meninas estão?

(Renata): certeza que já tiveram ressacas piores.

(Luna): então deixa elas descansarem por hoje e já separa os remédios de enxaqueca. Vou avisar a Tríade sobre o adiamento da viagem para a madrugada de amanhã.

(Renata): já vou avisar os meninos. O Din acabou de sair para buscar vocês. Como foi o passeio?

(Luna): olha, por mais incrível que pareça, foi bem calmo. Pilotei por todo centro com ela na minha garupa, paramos em uma praia antes do sol nascer e ela pediu para se despedir deles.

(Renata): sabia que iria conseguir. Ela está mais de boa agora, né?

(Luna): ah! Nesse sentido, acreditou que não mudou. Vai levar tempo e com certeza muitas sessões de terapia.

(Renata): estou com saudade da patroinha conosco nos roubos, reuniões, até dos sermões.

(Priscilão): todas estamos, mas temos que nos adaptar a essa nova realidade.

(Renata): desde quando está aqui?

(Priscilão): pouco tempo, acordei com os roncos da Ivete e uma enxaqueca do diabo.

(Renata): aqui na cozinha tem remédio.

(Luna): cuidem de todos aí, assim que deixar a Cristal no hospital, vou para a mansão fazer a minha mala.

(Renata): beleza, chefe.

Rádio desligado.

Pego Cristal no colo e desço a trilha até a minha moto. Passam alguns minutos e recebo uma ligação. Atendo rápido para não a acordar e não vejo quem ligava.

Ligação com Filhota ligada.

(Luna): alô! Quem é? — Sussurro.

(Chiara): nossa mãe, apagou o meu número?

Nem a distância nos separaOnde histórias criam vida. Descubra agora