Capítulo 113: Nos machucando

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POV Luna

"DIA 54

O programa funcionou, não consegui gravar as ligações, mas consegui as localizações exatas de cada uma delas. Cold também ajudou, ele está fazendo essas chamadas com uma frequência muito maior ultimamente. Está Ligando para os três grupos pelo menos uma vez por dia. Eles também se movimentam rápido e pelos meus cálculos, provavelmente se locomovem de moto e se posso apostar que estão de Acuma, devido a uma velocidade da rotação deles. Também percebi que o único que se aproxima do condomínio é BJ e me parece ser o braço direito do Cold seguido por RO e RY, como vozes deles não me são estranhas, mas não sou capaz de reconhecer-as.

Cold me parece mais apreensivo a cada dia, preciso agir logo. Assim que conseguir anotar todas as localidades em meu calendário vou entrar em contato com o Teddy para avisa-lo da situação e para que ele se prepare junto dos meninos. Algo grande está por vir ... que Deus as proteja. "

Minha cabeça doía de cansaço e mal estava conseguindo pensar no que havia lido. Apenas queria comer alguma coisa e capotar na minha cama. Saio do quarto e vejo que as meninas já haviam voltado e também me pareciam exaustas e frustradas. Entro na cozinha e pego uma das maçãs em cima do balcão quando Júlia me chama.

- Vou começar a fazer o jantar agora, não sou a melhor na cozinha, mas vai ser o suficiente. - Ela diz sorrindo para mim.

- Acho que só vou ficar com essa maçã mesmo e já vou capotar. - Digo me apoiando no balcão enquanto tirava pedaços da fruta com uma faca.

- Ok, descansa bem, já está parecendo um zumbi andando pela casa. - Júlia diz num tom brincalhão enquanto tirava algumas coisas da geladeira.

- Não estou conseguindo dormir direito ... - Digo com a voz baixa não querendo me lembrar daquele último sonho.

- Pesadelos? - Ela pergunta se aproximando.

- Acho que sim ..., mas parecem tão reais. - Digo comendo mais pedaço da maçã.

- Se quiser conversar, eu to aqui pra você. - Ela diz tocando meu ombro com um sorriso fofo nos lábios.

- Se souber como faço para não ter mais pesadelo vai ser maravilhoso. - Digo forçando um sorriso.

- Deixa eu ver o que posso fazer por você. - Ela diz e começa a mexer na dispensa e nos armários da cozinha. - Já sei.

A vejo colocar um pouco de leite em uma panela e colocar no fogo, depois ela pega um copo e começa a despejar fios de mel nas laterais. Enquanto termino minha maçã, ela coloca o morno no copo e um pouco de canela em pó sobre a bebida. A observo mexer a bebida com bastante cuidado com uma colherzinha e me entrega. Ela desenhou uma flor com colher.

- É uma receita de família. - Júlia diz toda orgulhosa enquanto provo um pouco do que havia feito.

- Nossa, mandou bem, não gosto muito de canela, mas tá muito bom. - Digo bebendo o leite aos poucos para não me queimar.

- Agora vou começar a fazer o almoço antes que as crianças resolvam vir fazer por mim. - Ela diz rindo.

Fico ali com ela até terminar de beber e me despeço da mesma. Dou boa noite para todos que estavam na sala e um beijo na testa de Mel e da Chiara. Volto para o meu quarto, tomo um banho rápido, visto uma blusa confortável e um short curto, apago as luzes e adormeço.

Acordo incomodada com a luz do dia e sinto um peso estranho sobre meu corpo. Sinto algo abraçando minha cintura e um perfume inconfundível. Abro meus olhos lentamente e vejo seus cabelos lisos, escuros e bagunçados. Sorrio e os acaricio quando ela me olha e abre um sorriso que me paralisava.

- Acordou cedo. - Cristal diz com uma voz doce.

- Acordei é? - Pergunto sem ter a menor noção do que estava acontecendo. - Onde a gente tá?

- Como assim onde a gente tá, doida? A gente tá em casa. - Ela diz rindo da minha cara e me abraça um pouco mais forte.

Eu não sabia o que fazer, estava hipnotizada com ela. Então tudo não passou de um pesadelo que finalmente acabou.

- Sei que sou linda, mas não precisa ficar me secando assim amor. - Ela diz se levantando e ficando sentada na cama de costas para mim.

Ela estava se cobrindo com o lençol que antes nos embrulhava, podia ver todo seu corpo pelo tecido quase translúcido, não me seguro e a abraço com toda minha força. Era como se não a visse a anos e a saudade já não cabia em meu peito 

- Eii - Ela diz rindo. - Vai acabar nos machucando.

- Nos machucando? - Pergunto toda boba sem entender de quem ela estava falando.

Ela se vira para mim e me empurra na cama se sentando em meu colo. Coloco minhas mãos em sua cintura e percebo sua barriga uma pouco maior que o normal.

- É meu amor. - Ela diz passando minhas mãos para sua barriga e sinto algo se mover lá dentro quando a toco. - Nos machucando.

Sinto as lágrimas escorrerem pelo meu rosto e a abraço colocando nossos corpos. Me sentia uma criança chorona em seus braços, estava no paraíso com toda certeza. Ela coloca suas mãos em meu cabelo e lentamente sinto sua pele quentinha se esfriar. O lugar todo estava esfriando e desaparecendo a nossa volta até que restasse apenas nós duas em meio à escuridão e ainda estava feliz por estar com ela.

- Eu te amo, Luna, pela eternidade, nunca se esqueça disso. - Ela sussurra passando seus dedos pelos meus fios de cabelo.

Cristal afasta nossos corpos um pouco me fazendo olha-la. Ela apenas sorri até que percebo uma lágrima solitária deslizar pelo seu rosto e aos poucos começa a desaparecer. Um vazio me consome até que ela some completamente diante dos meus olhos.


- Mamãe Luna ... Mamãe ...

Nem a distância nos separaOnde histórias criam vida. Descubra agora