Capítulo 22: Pijama de unicórnio

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POV Cristal

Vejo alguém tentar abrir a porta e sento no chão com as costas encostadas nela.

— Cristal? Abre a porta por favor. — Luna pede do outro lado.

— Luna, me deixa dormir, não quero falar com ninguém. — Tento disfarçar minha voz chorosa.

— Vamos conversar, não aconteceu o que você está pensando, foi... — Ela tenta explicar, mas a interrompo.

— Chega Luna, você não me deve nenhuma explicação, não temos nada. — Falo, levanto, deito na cama e me forço a dormir.

Cochilo por alguns minutos e acordo com alguém a me chamar.

— Bonequinha? Está acordada? — Vanessão chama.

Levanto-me, vou até à porta, destranco, ela entra e me abraça.

— Vou cuidar de você essa noite bonequinha, tudo bem? — Ela sai do abraço e apenas concordo com a cabeça.

— E a Luna? — Pergunto triste.

— Ela foi para casa e pediu para cuidar de você essa noite, então vamos dormir porque estou morta de cansaço. — Ela se joga na cama.

Volto para a cama, deito abraçada ao meu travesseiro e Vanessão deita do meu lado.

Acordo, não vejo-a ao meu lado, vou para o banheiro, tomo um banho e faço minhas higienes. Visto meu vestido branco com saia xadrez rosa-claro, coloco minhas meias longas e calço minha botinha branca de cano curto. Tomo meus remédios, passo a pomada na minha cicatriz e subo para a sala. Na cozinha, Vanessão fazia o café e Chiara estava sentada na sala a ver televisão. Ajudo ela a arrumar a mesa e chamo a Chiara para comer.

— Pode deixar que levo a Chiarinha para o colégio hoje, boneca. — Vanessão avisa, Chiara comemora e apenas concordo com a cabeça.

Terminamos de comer e ela leva Chiara para a escola. Fico em casa e arrumava a cozinha quando ouço alguém abrir a porta. Penso ser Vanessão e ignoro.

— Quer ajuda com a casa? — Luna pergunta.

— Que susto. — Viro para ela. — Pensei que Vanessão tivesse chegado.

— Desculpa... Como posso ajudar? — Ela pergunta e o clima fica pesado.

— Não precisa, só vou limpar essa cozinha que está podre. — Volto a limpar o chão.

— Precisamos conversar, não quero ficar nesse clima estranho com você. — Ela pega a vassoura da minha mão.

— A gente não tem nada para conversar Luna, você é livre, pode fazer o que quiser. — Tento pegar a minha vassoura de volta.

— Ela estava chapada e me agarrou, não fui atrás dela nem nada, contanto que a Renata me viu empurra-la. — Ela diz ao me prender contra o balcão. — Escuta, sei que não devo satisfação, mas quero explicar porque é minha amiga e eu te amo.

— Luna, já conversamos sobre isso e nos deixamos levar nesses últimos dias, acho melhor a gente... — Tento falar, mas ela me beija. Sei que deveria parar, mas não consigo.

Seu beijo é tão bom que me faz perder totalmente a linha do raciocínio.

— Não consigo ficar longe de você e sei que também não quer isso. Já disse, só vou te superar quando não me amar mais. — Ela volta a me dar alguns selinhos.

— Você é irresistível sabia? — Paro os beijos.

— Já me disseram isso antes, uma baixinha nervosa falou. — Ela ri.

Luna me ajuda a terminar de organizar a casa e conversamos enquanto assistíamos televisão até dar o horário de buscar a Chiara no colégio. Saímos de casa e pego meu carro na garagem, entro no banco do motorista e Luna ao meu lado. Em poucos minutos vemos Chiara sentada na porta da escola com Lúcio. Saímos do carro, os dois veem sorridentes na nossa direção e nos cumprimentam.

—  Como foi a aula hoje? — Dou um abraço no Lúcio enquanto Luna fazia o mesmo com a Chiara.

— Foi tranquila, tias, não teve nada de muito importante. — Lúcio diz indo até à Luna e Chiara vem até mim.

— Mamãe o Lúcio pode passar a tarde com a gente? — Ela pergunta assim que me abraça.

— Pode, o que vocês pensão em fazer? — Pergunto, pois, já sabia que queriam aprontar algo.

— Vão inaugurar uma pista de skate e bicicleta no centro hoje, queria ensinar algumas manobras para a Chiara. — Ele responde.

— Que daora! Também quero, vamos passar em casa para trocarmos de roupas, depois podemos almoçar no centro, o que acham? — Luna pergunta mais empolgada que as crianças.

Todas concordamos e entramos no carro indo para a casa de Vanessão primeiro onde Lúcio trocou de roupa e pegou seu skate e sua bicicleta. Depois fomos para a minha casa, Chiara tomou banho, vestiu algo mais apropriado para o passeio e fomos para a tal pista. Demoramos alguns minutos até chegarmos à pista que por sorte era ao lado de uma lanchonete onde pedimos alguns sanduíches, refrigerantes e sucos. Luna se divertia na bicicleta enquanto Lúcio tentava ensinar a Chiara a andar de skate e apenas os observava.

— Vai ficar parada mesmo? — Luna para a bicicleta próxima a mim.

— Sim, tenho que ficar de olho nas três crianças. — Rio.

— Três? Mas só tem a Chiara e o Lúcio... Ata, nossa. — A lerdeza da Luna sempre me fazia rir. — Sobe no guidom então para andar de bicicleta comigo, eles vão ficar bem.

— Nem morta que subo nisso aí Luna, tenho amor a minha vida. — Digo e a mesma desse da bicicleta. — Que é?

— Nada, só vou descansar um pouco do seu lado, posso? — Ela pergunta com uma cara sapeca.

— Pode. — Respondo desconfiada, ela se aproxima, pega meu celular, sobe na bicicleta e começa a pedalar para longe. — Não acredito, LUNAAA. — Grito e corro atrás dela que ria horrores.

Depois de alguns segundos correndo, sinto minha respiração falhar. Paro e fico de joelhos no meio de uma rampa de skate enquanto esperava ela voltar.

— Meu deus, desculpa, esqueci completamente. — Ela abandona a bicicleta e me pega no colo.

Minha respiração melhora aos poucos enquanto Luna me leva para fora da pista, senta em um murinho que cercava o local e me deixa sentada no seu colo. Logo Chiara e Lúcio se aproximam, sorridentes e machucados pelo passeio. Luna nos leva para casa, Lúcio avisa Vanessão que dormiria conosco e logo vai tomar banho no quarto da Chiara enquanto Luna estava no meu. Minha filha e eu ficamos responsáveis de fazer o jantar e como havíamos comido um sanduíche bem recheado no almoço decidimos fazer apenas um lanche para não dormirmos de barriga vazia. Deixei-a fazer o suco enquanto fazia alguns mistos quentes de presunto e muçarela. Em pouco tempo, Luna e Lúcio sobem e lanchamos juntos assistindo a uma animação na televisão.

Assim que terminamos o lanche Chiara foi tomar banho em seu quarto e fui para o meu enquanto Luna e Lúcio lavavam as vasilhas. Enxugo-me, vou para o meu closet e coloco um pijama que. Saio do quarto e Luna ri boba ao me ver, entro na onda da brincadeira e começo a dançar para balançar o rabinho do pijama. Luna estava deitada no sofá a chorar de rir e Lúcio estava na cozinha a nos observar e segurar a risada. Deito-me em cima dela para lhe fazer cocegas quando Chiara entra na sala com o mesmo pijama e abri um sorriso de orelha a orelha já que nunca havia me visto com ele. Assim, distraio-me com ela e Luna consegue nos virar, fica por cima de mim e puxa Chiara para entrar na brincadeira.

— Duas contra uma não é justo. — Digo em meio a gargalhadas.

— E que tal três contra uma? Vem Lúcio ajuda a gente. — Chiara ri e Lúcio a ajuda enquanto Luna me segura.

Ficamos nesse clima bom por longos minutos até todos estarmos exaustos. Colocamos Lúcio e Chiara para dormirem juntos no quarto dela, ela até pediu uma música ou história louca da Luna, mas o cansaço era tanto que achamos melhor deixar para outro dia. Fomos para o meu quarto e nos deitamos abraçadas e quentinhas, ficamos a admirar a outra até o sono vencer e ambas adormecermos.

Nem a distância nos separaOnde histórias criam vida. Descubra agora