Capítulo 179: Vou ficar

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POV Luna

Saco a minha pistola, afasto da porta e chuto próximo à maçaneta para arrombar a tranca. Em uma explosão, ela abre e entro mirada nos cantos do quarto. Amanda estava paralisada próxima à cama com algumas roupas nos braços, mas logo corre para o banheiro. Enquanto isso, Júlia terminava de abotoar uma blusa jeans escura a qual a cobria até o começo das coxas.

— Opa! Desculpa. — Saio do quarto assim que percebo a situação e volto sem jeito para Cristal.

Às duas chegam, poucos minutos após mim, Amanda estava com o rosto vermelho e Júlia segurava uma risada. Um silêncio constrangedor domina o lugar. A doutora aproxima de Cristal e checa alguns pontos vitais.

— Como ela reagiu ao passeio? — Ela questiona enquanto olhava as mãos da Cristal.

— Bem, até a levar para se despedir de algumas pessoas. — Conto a verdade.

— Alguma alteração específica a qual deveria saber? — A doutora limpava as mãos dela com uma gaze.

— Ela estava bem sensível, chorou e enterrou algumas páginas nos túmulos. Também torceu o pé na subida da trilha. — Explico de forma sucinta e volta o silêncio.

— Aparenta ter sido só uma torção, está avermelhado, mas depois desse descanso e uma bolsa de gelo, vai melhorar. — Amanda diz e Júlia sai do quarto, provável que foi buscar o gelo.

— Confio em você, doutora. Sei que ela vai melhorar. — Dou um beijo rápido na mão da Cristal. — Vou organizar as minhas malas para a viagem, depois volto e fico com ela para fazerem o mesmo. — Aviso a caminho da porta.

— Fazer o mesmo? Preparar uma mala para mim? — Ela questiona confusa.

— Exatamente, para sairmos da cidade essa noite. — Respondo como se fosse óbvio.

— Não, vamos não. Vocês vão mudar, vou ficar aqui. — Olho-a e rio enquanto ela mantinha uma expressão séria.

— Essa foi boa, mas tenho que ir, não temos mais tanto tempo para piadas. — Dou as costas para ela.

— Não é uma piada, Senhorita Carter. Entendo que precisariam de mim durante o transporte para os cuidados da Cristal, mas ela já não está tão instável como pensamos. Não precisam de mim para continuar o tratamento. Vou ficar na cidade! — Ela afirma decidida.

— Essa possibilidade não existe. Ela está instável e você disse que juntas faríamos o acompanhamento psicológico dela. — Digo brava com a ideia da Amanda não estar conosco.

— Podem encontrar uma psicóloga especializada e preparada para esse tratamento. Sou apenas uma cirurgiã com foco no sistema cardiorrespiratório. Também tenho uma vida, um trabalho na cidade. Não posso abandonar tudo duma hora para outra. — Ela argumenta e Júlia chega com uma bolsa térmica.

— Realmente acredita que outra pessoa vai conseguir lidar com tudo isso? Você já conhece toda a ficha médica dela, acompanhou a evolução da doença e sabe no que estamos envolvidas. Não é cogitada a chance de outro profissional ocupar a sua função. — Estava um pouco exaltada, como assim ela quer nos abandonar agora?

— Meninas, acalmem os nervos. — Júlia pede e o meu olhar volta-se para Cristal, a qual, agora, mexia-se na cama ainda com os olhos fechados.

— Vou fazer as minhas malas e quando voltar, conversamos sobre isso. — Amanda concorda com a cabeça, abro a porta e viro para ela mais uma vez. — Não queria ficar tão nervosa, mas entenda, é muito importante para ela. Para todas nós. — Saio do quarto sem nenhuma resposta.

Entro no carro e dirijo até a mansão. O lugar estava praticamente vazio, já passara do horário do almoço e haviam algumas panelas no fogão. Chiara, Charlie e Lúcio provavelmente estavam no rodízio. Din mandou uma mensagem para avisar que todo MC estava reunido no bar, uma espécie de despedida mais íntima deles. Maju, Alicia e Renata deixaram um recado na geladeira sobre um passeio com as crianças. Gabi, Ivete e Priscilão dormiam pelo lugar.

Algumas malas estavam reunidas na sala e não demorei muito para fazer a minha. Almocei um pouco do que já estava preparado, conferi se Chiara já havia arrumado a dela e organizei a da Melissa. Não encontro o urso Sunshine em nenhum quarto, ela deve estar com ele. Deixei a mochila junto das outras quando entram na casa.

— Mãe! Estava com saudade, não deu beijo de boa noite da Mel ontem. — Melissa corre para o meu colo e cruza os braços.

— Oi, pequena! Tive que trabalhar com as suas tias durante a noite. — Encho-a de beijos até desfazer o bico nos lábios dela.

— É verdade que vamos viajar? — Ela desce e percebo a pelúcia nas suas mãos.

— Sim, essa noite, junto dos titios e das titias. — Respondo com um sorriso.

— O papai vai conseguir vir com a Mel? — Ela abraça o urso e abaixo-me na frente dela.

— Ele sempre vai estar com você, Mel. Não importa onde esteja ou para aonde vá. Foi o que ele prometeu antes de virar o seu protetor. — Dou-lhe um beijo na testa, ela sorri e acompanha Pedro e Rosa para a frente da televisão.

— Vou acordar as meninas para ajudarem com as malas. — Maju avisa ao sair para os quartos.

— Levaremos as crianças nos carros conosco? — Alicia questiona preocupada.

— Não é a melhor opção, mas a única que temos agora. Dividiremos elas nos veículos, estamos em 8 com a Júlia. Amanda, Cristal, Chiara e eu iremos dentro da ambulância. — Anoto a divisão numa mensagem para o grupo das Hell's. — Ivete, Gabi e Charlie no meu Urus e Priscilão e Lúcio no aventador dela. — Ivete, Gabi e Maju começam a pegar as malas. — Alicia, Rosinha, Pedrinho e Renata na Baller. Restam dois carros pintados, certo, Renata?

— Sim, o Sultan da Maju e o seu Kuruma. — Ela afirma com mais uma mala nos braços.

— Colocamos algumas mochilas num dos bancos de trás deles. — Maju avisa.

— Então Maju e Maya ficarão no Sultan e Júlia cuidará da Mel com o meu Kuruma. — Finalizo a mensagem. — Teremos alguns lugares vagos caso os meninos ou a Tríade precise. Mais alguma dúvida?

— Já que as crianças estarão conosco, iremos armadas? — Renata questiona.

— Sim, deixem uma Ak carregada embaixo dos bancos da frente e garantam que as crianças ficarão atrás. Coloquem um colete sob algum casaco ou blusa mais larga, sempre fiquem com as suas pistolas próximas ao corpo e alguns Vitas guardados no porta-luvas. — Informo enquanto as meninas organizavam as últimas malas.

— Então já está tudo preparado para partirmos, só esperar o horário combinado. — Maju diz animada.

— Descansem, quero todas preparadas às onze para esperarmos os outros no ponto de encontro à meia-noite. Vou para o hospital organizar a ambulância. — Despeço-me delas, saio da casa, pego uma das minhas motos e piloto.

Nem a distância nos separaOnde histórias criam vida. Descubra agora