Capítulo 149: Ambulância

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POV Luna

Deixo-os no quarto e entro na porta a minha frente. Ivete parecia dormir e Gabi estava sentada ao seu lado com a cabeça deitada próxima ao seu braço. Os soluços dela transmitiam medo. Temer perder o amor da sua vida, um sentimento que bem conhecia. Charlie a abraçava e mal conseguia ouvir os seus sussurros de calma para ela.

— Desculpa atrapalhar. — Digo ao aproximar deles que se viram para mim.

— Não atrapalha. — Gabi diz ao secar o seu rosto vermelho pelo choro.

Posiciono-me ao lado dela e sorrio ao perceber que o único machucado visível da Ivete era um galo na testa.

— A doutora disse que ela está fora de perigo, mas precisa de uma cirurgia para remover abala alojada no corpo dela. Pelo menos rosto está intacto ou quase. — Digo e Gabi sorri pelo comentário.

— Que bom que já pediu ela em namoro, se não teria que ser um relacionamento a três. — Charlie diz e solta um riso bobo e um pouco envergonhado.

— Como sabe que a pedi em namoro, garoto? — Gabi pergunta e cessa o choro.

— Ela contou toda boiolinha há alguns dias, disse que você cansou de enrolar ela e pegou na mão ou algo assim. — Ele explica com um sorriso encantador muito parecido com o da Cristal.

— Vocês conversavam bastante, então? — Pergunto pelo carinho que ele tinha com ela.

— Sim, as piadas idiotas dela faziam-me esquecer do medo daqueles caras. — Ele diz com o seu olhar sobre ela.

— Quantos anos têm, Charlie? — Pergunto e Gabi responde antes dele.

— Treze aninhos que esse bebê grande tem. — Ela diz enquanto apertava as bochechas dele.

— O conhece bem também, Gabi? — Digo com um sorriso para a cena dos dois.

— Claro, Ivete só falava dele nas últimas semanas. — Ela explica e ele fica vermelho de vergonha.

— Como se envolveu nessa confusão, garoto? — Pergunto curiosa com a sua história.

— O meu pai e tio não eram os homens mais honestos, eles envolveram-se e tive que os acompanhar nessa bagunça. — Ele diz com o semblante baixo.

— Qual é o nome deles? — Pergunto e vejo Gabi olhar-me um pouco preocupada.

— Não eram minha família de sangue, mas era o que tinha mais próximo a uma. Eles salvaram-me das ruas de São Paulo quando não passava de um molequinho abatedor de carteiras. Ryan adotou-me e o Rodrigo ensinou como esse mundo funciona. — Assim que ele diz os nomes dos irmãos da Cristal não consigo conter a minha expressão de surpresa. — O meu pai não queria machuca-la, ele só queria ter a irmã dele de volta. Foi isso que o Cold o prometeu. Ele desejava a perdão dela por tudo que havia feito. Quando as torturas começaram, ele confrontou aqueles monstros que lhe deram a opção de aceitar aquilo e continuar próximo à irmã ou fugir. Desaparecer no mundo como havia feito antes. Sabíamos que se não tirássemos ela dali, acabaria morta, então traçamos um plano e contamos para o nosso tio nos ajudar. Rodrigo, e-ele... ele delatou o próprio irmão para o Scofield que obrigou ele a provar a sua lealdade e matar o meu pai. Só sobrevivi àquela noite por que não fui denunciado. Não tivemos nem chance de tentar.

Os seus olhos estavam cheios de água, algumas lágrimas escapavam e escorriam por suas bochechas. Gabi o abraça para o consolar e demorou alguns minutos até o acalmar.

Nem a distância nos separaOnde histórias criam vida. Descubra agora