— Caralho! Então você mora de aluguel? — Duff estava incrédulo quando soube da notícia, assim como eu. Mas sua atenção na revista PlayBoy estava mais interessante.Liguei para os quatro avisando que teríamos uma reunião de emergência, sempre nos reuníamos na garagem do pai de Chay, que não ligava para os nossos encontros de última hora, ainda mais pra jogar conversa fora.
— Que barra, Micael. — Arthur estava triste por mim. — Se você quiser morar aqui, a casa está em ordem.
— O quarto do meu irmão está vago também. — Chay reforçou. — Ele se casou no mês passado.
— Sua cunhada já pariu? — Duff perguntou.
— Já. O bebê é a cara dele! — Chay se derreteu todo.
— Graças a Deus, né? — Duff continuou, me fazendo rir.
— Mas sério. Agora é sério! — Pedi a atenção dos quatro. — Eu preciso arrumar um emprego. Eu sei que a minha mãe não vai mudar e a Lidiane é muito nova pra trabalhar, assim, de imediato.
— E por que a tua mãe não ajuda o seu pai? — Alan deu a voz, incrédulo. — Ela trabalha, ganha bem. Não é possível que o seu pai ache normal ela gastar mais de dez mil dólares em bolsas?
— Parece que eles fizeram um acordo. A minha trabalha mas não ajuda em casa, essas coisas. — Expliquei.
— Então eu infelizmente não posso te ajudar. — Eu adorava a sinceridade do Alan.
— Por que você não trabalha ajuntando cocô dos cachorros da Sophia Abrahão? — Chay gargalhou, seguido de todos que estavam comigo.
— Ha-ha-ha que engraçado. — Debochei.
— Vocês sabem que a gente tem que arregaçar com o Jack no último jogo, né? — Duff largou a revista de lado, pegando outra.
— Ele vai querer revanche quando souber que perdeu. — Alan deitou no sofá pequeno que havia na garagem.
— Tô nem aí. Ninguém manda ele ser abusado. — Duff virou a página. — Que bocetão gostoso. Meu Deus! Eu preciso muito transar com alguém.
— Sabe... Vocês vivem dizendo que a gente precisa dar uma lição no Jack. — Arthur soltou e nós assentimos. — A hora é agora!
— E o que a gente vai fazer? — Levantei meus ombros.
— A gente não. — Fez uma pausa dramática, como a minha mãe. — Você vai fazer! — Apontou para mim.
Recebi os olhares dos quatro em minha frente, ansiosos pela palavra de Arthur.
— O que eu vou fazer, meu Deus? — Estava curioso.
— Eu estive pensando em você se aproximar da Sophia pra atingir o Jack.
— Bem clichê. Não? — Arqueei uma sobrancelha.
— A Sophia é louca por ele, cara. Nem vai rolar! — Alan soltou.
— Verdade. — Chay completou. — E outra que o Micael nunca falou com a menina, vamos pensar bem baixo, Arthur.
— E se apostássemos? — Duff deu a largada e tivemos toda a nossa atenção à ele.
Ficamos em silêncio por segundos, diluindo a pergunta.
— Apostar em que, Duff? — Queria entender a sua lógica.
— Você queria dinheiro, não queria? — Assenti, era uma afirmativa real. Eu queria dinheiro pra ajudar em casa, mas não queria abusar dos meus amigos. — Eu aposto trezentos dólares pra você virar o melhor amigo da Sophia Abrahão, e detalhe. — Pausou. — Tem que se fingir-se de gay!
— UOOOOOU. — Chay soltou, sorrindo à beça. — Eu aposto mais trezentos dólares.
— Eu aposto duzentos! — Arthur se interessou.
— Eu aposto mais duzentos! — Mil dólares só ali. Puta que pariu, puta que pariu!
— Eu odeio aquela menina, de verdade. — Me justifiquei.
— Não importa se você odeia. Essa é a aposta! — Duff largou a PlayBoy em cima de uma mesinha. — É pegar ou pegar.
Fiquei pensativo por segundos. A aposta era boa mas seria um porre virar melhor amigo da Sophia, e ainda por cima fingir-se de gay. Eu nunca estive com um gay! Não tinha nada contra mas... Imagine o falatório no colégio.
Imagine o meu pai sabendo disso. Eu o mataria!
— Tá. — Cocei minha nuca. — Mas como vamos manter esse segredo?
— Vamos fazer um pacto de sangue. — Duff retirou um canivete pequeno no bolso, fazia parte de seu chaveiro descolado. — Essa aposta não poderá sair daqui. Entendido? E Micael, você vai ter que se afastar da gente, em todas as hipóteses possíveis. Só vamos nos encontrar aqui na garagem agora. Tudo bem? — Assentimos.
— O bom é que você vai saber de tudo sobre o Rick. Todos os podres que a Sophia guarda com ela. — Arthur concretou.
— Com certeza! — Chay gargalhou. — Eu nasci pra ver Micael Borges virar gay.
— Eu preciso andar todo... Vocês sabem. — Todos riram.
— Tudo em você vai mudar! Vamos colocar uns brincos, anéis, umas roupas mais... Glow up. — Os quatro ainda riam antes de Duff voltar a falar. — E você vai reaparecer pra ela na semana que vem, ou seja, você tem até o final de semana pra treinar a sua nova voz de veadinho. Seja o mais feminino possível, Micael!
— Aí você já quer demais, Duff. — Estava repensando sobre a aposta. — E se a minha família souber? Imagina o escândalo.
— Eles não vão saber. Só se você levar a aposta pra sua casa!
Fiquei em transe, pensando.
— E então? — Duff abriu o canivete. — Você aceita?
— Aceito. — Abri minha mão esquerda, dando à Duff, que fez um corte mínimo que doeria mais tarde, quando meu sangue estivesse frio. O corte foi feito nos quatro, um por um, realmente como um pacto levado a sério demais. Ele sorriu após cortar todos, limpando o canivete e guardando novamente no bolso.
Vi o sangue escorrer da minha mão.
— Você promete que quando ficar íntimo da Sophia, vai até usar sutiã com ela? — Arthur começou a rir. As zoações iriam render!
— Ele vai menstruar também. — Alan gargalhou.
— Eu entendo que vocês estão adorando ver a minha desgraça, mas agora, eu preciso ir! — Soltei. — Preciso bolar um plano pra me aproximar dela, sem que ela perceba.
— Ela é loira burra, Micael. Fica tranquilo! — Chay cruzou os braços.
— Mesmo assim. Eu não posso chegar do nada e pedir pra ela ser a minha amiga. Nem cola. — Pensei.
— Isso é fato, você vai ter que chegar e pedir pra ser amigo dela. Você sabe que ela não corre atrás de ninguém. — Alan levantou-se, se despedindo dos outros.
— A gente vai se falando então? — Todos assentiram. Busquei a chave do carro, saindo junto com Alan.
— Falou aí pra vocês. — Duff saiu logo em seguida.
Entrei no carro e dei partida, saindo da casa de Chay. Eu tinha que pensar em algo que me fizesse mais... Afeminado. Eu tinha que mostrar que ganharia aquela aposta, mesmo sabendo que Sophia era uma chata, eu tinha que ganhar a grana e a aposta. Esfregar na cara dos meus amigos seria muito divertido!
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Aposta de Amor
RomanceMicael Borges e seu grupo de amigos decidem criar uma aposta maluca, onde o foco é atrair a atenção de Sophia Abrahão, a popular do colégio e a estrela das líderes de torcida. O por quê disso? Simples: Queriam se vingar de seu namorado. Mas a apos...