Capítulo 87

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— Isso tá horrível, Micael.

Depois que Arthur fez o trabalho de falsificar as assinaturas, eu voltei pra casa e foi a pior coisa que eu fiz. Já que não tinha dinheiro pra comprar Donuts, achei melhor eu mesmo fazê-los. O que me rendeu dinheiro e não tempo.

— Não parece tão ruim assim. — Encarei o Donut na forma, com granulados espalhados.

— Posso comer?

— Não. — Dei um tapa na mão de Lidiane, interrompendo ela de pegar um. — São da Sophia!

— Você acha mesmo que ela vai gostar dessa gororoba? Parece comida de hospital. — Minha irmã torceu o nariz.

— Que cheiro de queimado é esse? — Minha mãe entrou na cozinha, chegando perto de nós. — Jesus! Que gororoba é essa? — Encarou a forma com cinco Donuts cheios de granulados para disfarçar.

— Eu fiz Donuts pra Sophia. — Expliquei.

— Parece que você assou o seu cocô, filho. — Minha mãe me olhou com desprezo, tocando o meu cabelo como forma de agrado. — Hoje é dia dos namorados? — Perguntou, procurando algum calendário pra verificar.

— Não, hoje não é dia dos namorados. Eu fiz Donuts pra Sophia porque ela queria e eu não tenho um dólar no bolso. Nada! Necas! E a Lidiane não quis me emprestar os dez dólares dela. — Ela rosnou enquanto eu a fuzilava com o olhar.

— Oh, meu amor. — Minha mãe fez uma cara de dó. — Não seja por isso, eu te empresto dez dólares. Você acha que dá pra comprar? — Foi até a sua bolsa de grife, vasculhando, até achar a sua carteira.

Eu amo a minha mãe mesmo ela sendo uma maluca que fica grávida sem ser o momento de estar grávida.

— Dá sim! — Assenti enquanto sorria, deixando a forma de lado e indo até a minha mãe, que tirou dez dólares da carteira, me entregando. — Você vai voltar ainda hoje, não vai?

— Vou. Amanhã eu tenho aula cedo! — Congelei o meu sorriso me lembrando da situação de Sophia. — Puta que pariu. — Sussurrei.

— O que houve? — Minha mãe havia escutado.

— É que... — Cocei minha nuca. — A Sophia se meteu em uma cilada e não tem pra onde ir.

— Os pais ogros dela expulsaram a menina?

— Não, nada disso. — Neguei. — Ela pegou suspensão de três dias mas o pai dela não pode saber. Então... Tem como ela ficar aqui até os três dias acabarem? — Fiz uma carinha de cachorro que caiu da mudança.

— Tá vendo, mãe? Você vai deixar o Micael fazer isso? Eu vou contar tudo pro papai! — Lidiane bateu o pé, achando ruim.

— Se você abrir a boca pro seu pai estará de castigo dois anos seguidos. E eu ainda pego os dez dólares que você está guardando pra ocasiões futuras! — Eu já disse que amo a minha mãe? — Enquanto à você. — Apontou pra mim. — Ela vai ficar aqui enquanto você estiver na aula?

— Sim.

— E ela vai dormir aqui? Passar o dia? Sei lá eu. — Levantou os ombros.

— Ela só vai ficar aqui enquanto eu estiver na aula. Sophia não tem mais amigas... Uma longa história. — Deixei de lado, ia demorar uma década pra minha mãe entender. — E então? Posso deixar ela vir?

— Pode. — Beijei sua testa. — Mas fique sabendo que se o pai dela souber e fizer algo contra mim, a culpa é toda sua! — Deixou bem claro enquanto eu vibrava contente, minha mãe era foda!

Lidiane resmungava atrás antes de sair pisando duro. Subiu as escadas, perdendo a luta comigo.

— Agora vá levar os Donuts à Sophia. Vá! — Me empurrou de leve.

Cheguei na porta quando ela me parou.

— Tá levando camisinha?

Revirei os meus olhos, sem paciência, de novo.

— Tchau, mãe. — Sai antes que ela pudesse fazer outra pergunta merda de novo.

Fui até um drive thru de Donuts, o único aberto aquele horário na cidade, já que, Sophia queria um específico. Consegui comprar quatro Donuts recheados na promoção da meia-noite, ficando agradecido e feliz com aquilo, depois de todo o sacrifício pra conseguir a porra de um Donut recheado.

Estacionei em frente à sua casa mandando mensagens a ela que não demorou pra responder. Estava tarde e Renato chiaria se me visse subir aquela hora da noite.

Sophia apareceu alguns minutos depois, usava um pijama de seda minúsculo que fez meu pau pulsar por alguns segundos antes dela entrar no carro.

— Amor. — Fechou a porta e me beijou, gemendo baixinho entre os beijos. — Por que demorou tanto?

— Por isso. — Entreguei à ela a caixa com os Donuts. Sophia abriu parecendo estar vendo o paraíso em suas mãos.

— Aí meu Deus! Pensei que não tivesse lembrado. — Pegou um Donut, mordendo com vontade. O recheio caiu da sua boca, lhe sujando um pouco. — Hmmmmm. — Mastigou. — Você quer? — Me ofereceu depois de se saborear.

— Não. — Sorri cansado, ver ela comer foi satisfatório demais.

— Que carinha é essa? — Sophia terminou de comer o primeiro Donut, lambendo os dedos na intenção de se limpar.

— Só tô cansado. — Questionei. — Eu consegui falsificar a assinatura e já falei com a minha mãe, você vai pra minha casa amanhã. — Ela ficou surpresa por eu ter conseguido tudo de uma vez.

— Ok. E pelo visto você se esqueceu, não esqueceu? — Franzi meu cenho.

— Esqueci o que, amor?

— O meu carro. — PUTA QUE PARIU!

Coloquei as mãos na cabeça automaticamente.

— Amor, meu Deus! — Me senti um fodido. — Eu esqueci completamente, me desculpe.

— Tudo bem, amor. — Ela terminava de comer o segundo Donut. Pra onde ia tudo aquilo?

Sophia era magra de ruim porque... Senhor!

— Então você vem me buscar amanhã?

— Venho. Eu venho te buscar cedo. — Ela assentiu. — E você? Melhorou do dedo? Seu pai comentou de alguma coisa?

— Eu disse que escorreguei no ensaio e ele acreditou. — Lambeu novamente os dedos. — E disse que o meu carro ficou no estacionamento por conta dos dedos, essa parte eu não menti.

— Você disse pra ele que eu te trouxe?

— Disse, e aí ele não disse mais nada. — Sophia acabou o segundo Donut. — Tem certeza que você não quer um? — Pegou o terceiro, me observando, tentando me fazer aceitar o Donut que acabaria em segundos por ela.

Apenas neguei com a cabeça, vendo Sophia comer e acabar com a caixinha de Donuts.

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