Capítulo 92

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Acordei junto do meu despertador, com medo de me atrasar de novo. Levantei, fiz minhas higienes matinais e ainda tive tempo em ajudar a minha mãe com o café, ninguém tinha acordado ainda. Disse pra ela que iria buscar Sophia, não podia me atrasar de novo, jamais.

Busquei Sophia e voltei pra casa. Meu pai já havia acordado e Lidiane também.

— Bom dia, senhor Borges. — Sophia acenou ao meu pai que abriu um sorriso enorme. — Bom dia, Beth. — Sorriu à minha mãe.

— Bom dia, querida Sophia. — Meu pai ficava feliz com a presença de Sophia. — Você está... Bem? — Ele não sabia que Sophia estava de suspensão, menti pra ele dizendo que ela estava com problemas em casa.

— Estou sim, me sinto bem melhor. — Assentiu.

— Sente-se Sophia! — Minha mãe guiou a cabeça até a cadeira vazia. — Eu assei bolinhos. — Hum... Bolinhos! — Já tem em mente do que vamos fazer hoje? — Sophia se sentou ao lado da minha mãe.

Me sentei na outra ponta, buscando uma xícara de café.

— Ss você não mostrar todos os seus pintos pra Sophia... — Comecei.

— MICAEL! Isso são modos? — Meu pai esbraveceu. — Gente, o que acontece com vocês? — Nos encarou. — Filtros, por favor! Estamos com uma moça na mesa, aliás, duas moças na mesa.

— A Sophia já é de casa, Jorge. — Minha mãe passou a forma de bolinhos à Sophia. — E eu acho que a Lidiane já está mais que na hora de saber tudo sobre sexo.

— Eu não quero falar sobre isso, mãe. — Lidiane tampou os ouvidos.

— Para de graça, garota! — Deu um tapa nos braços da minha irmã. — Eu ensinei tudo ao Micael, por que não posso ensinar pra você também?

— Meu Deus eu juro que o meu sonho é sair dessa casa. — Encarei o teto. — Vocês podem ser normais, por favor?

— Somos mais que normais, Micael. — Minha mãe rebateu.

— E aonde vocês são normais? Posso saber? — Cruzei meus braços.

— Eu vou trabalhar. — Meu pai se levantou. — Sophia, não dê muitos ouvidos à minha excelentíssima esposa. — Sophia deu um riso. — Fique à vontade! — Assentiu pra ela antes de sair da mesa.

Lidiane o acompanhou.

— Também tô indo nessa. — Se despediu de nós. — Vou demorar pra chegar hoje, tá mãe?

— Por que? Aonde você vai? — Minha mãe franziu o cenho.

— Eu vou estudar na casa da Paulinha. — Disse um pouco apressada, pegando a mochila de cima do sofá e saindo atrás do meu pai, por conta da carona.

Rolei meus olhos até a minha mãe, que me encarava sem entender.

— Eu acho que a Paulinha é Paulinho. — Bebi o meu café.

— Será? — Minha mãe mordeu a ponta dos dedos.

— Você ainda tem dúvidas... — Remexi meus lábios.

— Eu morro de medo da sua irmã não se preparar bem, entende? — Minha mãe se lamentou. — Ela é ingênua demais.

— Lidiane? — Comecei a rir. — Nunca nesse mundo, mãe. A Lidiane é espertinha até demais!

— Vem cá. — Sophia entrou no assunto. — Você contou pra sua mãe que agora tem um emprego? — Rodou a ponta dos dedos na beirada da caneca.

Minha mãe piscou lentamente pra mim.

— Onde conseguiu arrumar um emprego? — Me perguntou, um pouco desnorteada pela novidade.

— No meu curso. — Suspirei. — O professor me ajudou, tô cuidando da sobrinha dele.

— Você virou babá?

— É.

— E desde quando você sabe cuidar de criança, Micael?

— Desde quando você tinha que trabalhar e eu cuidava da Lidiane pra você?

— Acontece que a Lidiane é a sua irmã, e não uma qualquer da rua pra você ganhar dinheiro. — Se estressou.

— Tá incomodada por que eu vou cuidar de uma criança da rua e não da sua criança? — Trinquei o meu maxilar, vendo minha mãe me matar lentamente com o olhar castanho. Ela havia ficado magoada!

Sophia engoliu seco.

— Acho que você precisa ir. — Alisou o meu braço. — Sua aula começa em vinte minutos. — Tentou desviar minha atenção da minha mãe, que ficou em silêncio ao invés de surtar comigo.

Eu assenti, calado, saindo da mesa e buscando minhas coisas. Não dei ouvidos quando Sophia começou a se lamentar com ela.

Fui até à garagem, ligando o motor e me arrumando dentro dele. Sophia apareceu, correndo.

— Ela está mal!

— Está mal por que não consegue escutar a verdade? — Arrumei o retrovisor.

— Micael, pega leve. Ela tá grávida! — Me repassou. — Você sabe qual é a pior chateação pra uma mulher grávida?

— E você sabe? — Encarei Sophia que suspirou, tentando não me dar um soco na cara.

Vi meu erro automaticamente, cerrando os olhos e me desculpando.

— Eu não queria ter dito isso. Desculpa! — Alisei o volante.

— Mas disse. — Deu de ombros. — Enfim. Quando você voltar pra me buscar, converse com a sua mãe. Você precisa parar de ficar achando que os outros tem culpa dos seus problemas!

— Tem razão. — E tinha mesmo. Eu estava descontando em tudo, deveria medir mais as palavras. — Te vejo mais tarde? — Beijei a mão de Sophia que sorriu leve, me dando um beijo calmo entre os lábios.

— Boa aula! Eu te amo.

— Eu também te amo. — Sorrimos leve antes de arrancar com o meu carro pra fora da garagem, dirigindo até o colégio.

Fiz o mesmo ritual de sempre mas acabei encontrando Alan no meio do caminho.

— Ei! Alan! — Apertei meu passo atrás do dele. — Espera aí. — Vi o mesmo parar. — Precisamos conversar.

Alan fez uma careta.

— Acontece que não temos mais nada pra conversar.

— Temos sim! — O parei de novo. — Eu deveria ter te contado sobre o novo contrato. Eu errei, eu sei que errei.

— Você sempre erra, Micael. Sempre! E acha que a gente é obrigado a te ter de volta.

— Beleza, Alan. — Respirei fundo. — Por que você sempre se importa com o meu posicionamento diante ao pai da Sophia?

— PORQUE O CARA É UM MANIPULADOR E DOENTE MENTAL! — Alan gritou, me fazendo assustar um pouco. — Só você que não consegue ver isso porque tá apaixonado pela bocetinha branca da filha dele.

— Não fala assim da Sophia. — Cheguei mais perto de Alan, o ameaçando.

— Tá vendo? Você vira o bicho quando a gente ousa falar dela. — Ele negou. — Espero que você saiba o que fazer, Borges. Não quero estar aqui pra enterrar o seu corpo!

— E por que eu morreria, Alan? Me diz! — Segurei no colarinho da sua blusa. — Você sabe de alguma coisa? — Cerrei meus dentes. — Você sabe?

— Pergunta pro Jack. Ele vai ser a única pessoa que vai conseguir te responder isso! — Alan deu as costas, me deixando sozinho e mais fodido de pensamento ainda.

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