Capítulo 187

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A doutora Kyle havia chegado no hospital em que Sophia estava. Adentrou o quarto, checou os exames e esperou que Sophia acordasse do seu desmaio. A mulher estava tranquila e calma, apenas trabalhando e fazendo o necessário.

Estava na sala checando alguns e-mails no celular quando Sophia acordou, estranhando de onde estava.

— Que susto você nos deu, hein Sophia! — A doutora brincou, observou a mesma que forçava os olhos para saber o que havia acontecido.

— O que aconteceu? — Queria se sentar.

— Você desmaiou e teve um sangramento. Mas fique tranquila! — Sorriu. — Você tecnicamente menstruou na gravidez, isso acontece com centenas de mulheres.

Sophia balbuciou mas não conseguiu falar.

— Eu estava vendo o exame e está tudo perfeito. Ultrassom, sanguíneo, enfim, nada com que você se preocupe. Sua consulta comigo é no final do mês, sabia? — A doutora franziu o cenho, cruzou os dedos.

— Onde está o Micael? — Procurou ele pela sala.

A doutora Kyle sabia onde estava Micael, porém, não disse à Sophia para que a mesma não se preocupasse.

— Ele foi em casa buscar um documento que precisa para a sua ficha aqui no hospital. — Mentiu.

E Sophia nem se tocou que já tinha uma ficha naquele hospital. Deu de ombros.

— Não me lembro de nada. — Colocou a mão no rosto.

— Eu sei.

— Então está tudo bem mesmo?

— Está sim! Sua saúde e a do bebê estão... Impecáveis! — A doutora sorriu.

Enquanto isso no quarto ao lado, o mesmo médico que cuidou de Micael na vez em que passou mal, havia pegado novamente o seu laudo. Verificou a prancheta antes do residente chegar, que se juntou com o homem, ambos estudando o exame em mãos.

Não tinham uma cara muito boa.

— E agora, doutor? — O residente parecia preocupado. — Vamos dar alta?

— Ele não pode ter alta! O caso dele é delicado demais. — Trincou o maxilar. — Parece que a esposa também passou mal.

— Então o que vamos fazer?

— Primeiro vamos esperar a sedação dar efeito e então, quem sabe, conversar com ele? — O médico optou.

Micael ainda estava sedado por alguns remédios, tinha o acesso em seu braço. Repousava tranquilo.

— Vamos deixar ele descansar. — O residente puxou o médico, saindo do quarto.

E ali ele ficou, repousando.

Cinco horas depois.

— Estou me sentindo bem. — Sophia protestou quando recebeu alta. O desconforto no meio das suas pernas por estar usando absorvente, deixou a mesma confusa. — Já posso ver o Micael? — Encarou  Kyle.

— Claro, acho que ele vai estar lhe esperando. — A doutora ficou tensa.

Ainda não havia notícias de Micael. Porém, o médico que estava cuidando do marido de Sophia, apareceu. Entrou no quarto onde ela estava, verificou a mesma.

— Olá Sophia! Como você está?

— Bem. — Ficou com medo. — Quem é você?

— Sou o médico do seu marido. Harry! — Cumprimentou a mesma. — E esse bebê aí? — Brincou com ela que ainda estava tensa.

— Estamos bem. — Tocou o ventre. — Médico do meu marido? — Se tocou, estranhando. — O que aconteceu com o Micael? Ele passou mal de novo?

Sophia não se lembrava muito da feição de Harry, estava apavorada demais.

— Precisamos conversar, Sophia. — Fechou a face, trincando o maxilar.

Kyle ficou ao lado de Harry, dando um apoio. Sophia correu os olhos entre os dois, seu coração apertou.

— O que aconteceu? — Encarou o médico.

— Venha até a minha sala, por favor! — Pediu.

Sophia levantou com cuidado da maca, seguiu o médico que foi até o próximo andar, indo em direção à sua sala. Estava nervosa, as mãos suando e querendo saber aonde estava o marido e por quê ainda não havia aparecido.

— O seu bebê está bem mesmo? Já sabem o que é? — O médico abriu a porta.

— Já. Eu quero saber aonde está o meu marido! — Protestou.

Sophia cruzou os braços, esperando.

— Sente-se. — Mostrou a cadeira branca à ela.

— Vamos doutor, me diga. O que aconteceu? Aonde Micael está? — Se escorou na mesa do médico, preocupada.

— O Micael te trouxe mas passou mal quando chegou aqui. O coração apertou de novo, visão turva, enfim. — Não deu muitos detalhes. — Fizemos um novo exame e descobrimos que ele está com um tumor cardíaco. — Contou.

Sophia paralisou por segundos.

— Mas temos uma boa notícia! O tumor é benigno mas pode mudar a qualquer momento. As recomendações são...

— Ele... Ele está doente? — Balbuciou, suas lágrimas caíram.

— Como eu disse, é um tumor benigno. Ele precisa seguir com o tratamento certo e todas as recomendações necessárias!

— Eu deixei o Micael doente. — Sussurrou consigo mesma, sua cabeça começou a doer.

— Vamos contar à ele quando a sedação acabar.

— O tumor está grande? — Encarou o médico com os olhos vermelhos de tanto chorar.

— Crescendo, mas como eu disse Sophia, ele é...

— Benigno. Já sei! — Engoliu seco. — Eu preciso... Ver ele. Onde o Micael está?

— Repousando.

— Aonde?

— Sophia, eu preciso que você seja coerente e também nos ajude a te ajudar. — Foi compreensível. — O Micael precisa de todo o suporte e apoio do mundo, esse é um momento delicado, ainda mais para ele.

— Eu sei. — Chorou em silêncio. — Eu gostaria de ver ele, por favor!

— Eu vou te levar até a sala e então podemos conversar melhor. Mas não fique preocupada, ele não irá morrer! — Certificou Sophia que assentiu, secou suas lágrimas.

Foi um desgaste emocional terrível, Sophia queria correr, sair, chorar, se descabelar. Micael estava doente! Por sua própria culpa! Queria se enfiar em um balde de água quente e se escaldar, morrer, quem sabe.

Quando chegou ao quarto em que Micael estava, desabou-se. Pensou em seu bebê, em sua família interrompida, pensou que essa doença poderia levá-lo. Ela não acreditava no médico, ela simplesmente não acreditou em suas palavras.

Sentou-se ao lado de Micael, em uma poltrona. Passou as mãos em seu rosto, em seus cabelos, chorou, deitou em seu peito e sentiu a dor lhe consumir, demais.

Estava arrependida de tudo que foi feito. E como iria contar à ele sobre tudo? Sophia não sabia nem como começar.

— Eu sinto muito, meu amor. Eu sinto muito! — Beijou os lábios de Micael, demorando. Deixou sua lágrima cair no rosto do marido, querendo estar no lugar do mesmo. — Eu não posso ficar aqui. Eu preciso ir, você não irá me perdoar. — Sussurrou baixinho.

Ela já tinha uma decisão: ir. Contar e ir, antes que fosse tarde demais.

MARATONA DE RETA FINAL NOS PRÓXIMOS CAPÍTULOS.

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