Capítulo 73

132 8 12
                                    


— Eu falo! — Levantei meu braço com o envelope pardo em mãos.

Renato correu até o meio do tapete vermelho.

— O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI, SEU MOLEQUE? — Apertou as mãos. — SEGURANÇAS! — Gritou.

— ACALME-SE RENATO! — Branca interviu, andando com dificuldade até o marido veado que estava surtando por me ver ali.

Jack deixou Sophia no altar e se pôs a ficar ao lado de Renato, querendo saber.

— Cai fora daqui, Micael! — Soltou, já bravo.

Eu não fazia a mínima pro que ele pensava.

— Eu não vou sair. — Fui firme. — Eu preciso falar com ela! É ela quem eu preciso falar! — Apontei à Sophia que me encarava com os olhos azuis arregalados, sem entender o que eu estava fazendo ali, atrapalhando o seu casamento.

Fui andando até o altar, parando em sua frente.

— O senhor pode me emprestar só um pouquinho? — Pedi ao padre o microfone emprestado, que assentiu de imediato, me entregando.

Engoli seco após observar aquele mundaréu de pessoa esperando eu dizer algo. Estava com vergonha e não podia sair correndo dali, eu tinha que ser firme e não agir como um saco de batata!

Se minha vergonha deixasse, é claro.

— Desculpe estar atrapalhando o pleno casamento dos dois casais apaixonados. — Fui irônico, extremamente irônico.

— Micael, para com isso! — Sophia disse entre os dentes cerrados, querendo me matar.

— Eu preciso te contar uma coisa, eu não vim atoa até aqui. — Disse à ela que rolou os olhos, aflita. Sabia que eu iria aprontar!

Me preparei novamente pra falar ao microfone.

— Eu estou atrapalhando esse casamento de faixada, porque pra mim é totalmente uma faixada o que você está fazendo com a sua filha, senhor Renato Abrahão. — O fuzilei com o olhar. — Você tem noção de que eu estou com fardos e mais fardos da sua desgraça?

— MENINO! — O padre atrás de mim gritou, atordoado.

— Desculpa, padre. — Me virei à ele, me desculpando.

Me esqueci que estava na casa do senhor desmascarando pecados.

— Sophia é uma ingênua! Ela só quer ser uma menina normal mas esse monstro não deixa. E sabe o que é pior? — Comecei a andar pra fora do altar. — Ele mente pra ela! Ele sempre mentiu, Sophia. O seu pai sempre mentiu pra você! — Encarei ela que não estava entendendo. — Eu sinto muito em contar isso pra você hoje mas... É a verdade. Não tem mais o que esconder.

Entreguei o envelope pardo à Sophia que pegou sem hesitar. Tinha o rosto franzido quando pegou as fotos em mãos, incrédula, abrindo sua boca, do mesmo jeito que eu fiquei.

— O seu pai tem um caso com o Jack, Sophia. — A igreja toda soltou sons de espanto. — Eu descobri isso porque peguei os dois transando no escritório da sua casa, naquele dia em que eu fui visitar você!

Sophia passava as fotos sem acreditar.

— Micael... — Sua boca tremeu.

— Eu não sabia como dizer isso pra você, meu amor. Eu fiquei atordoado e esse casamento foi a brecha pra salvar você desse inferno que é a sua vida. — Me senti estraçalhado em ver Sophia sofrer. — Eu sinto muito, borboleta. — Comecei a chorar, assim como ela.

Sophia se ajoelhou no chão, tecnicamente sem chão.

— Eu sinto muito. — Engoli minhas lágrimas e deixei o microfone cair, fazendo um barulho terrível.

Eu não tive coragem de encarar Branca, muito menos Renato e nem Jack. A minha vingança virou um enterro por completo, ver Sophia chorar e sofrer por ser enganada durante anos foi mais triste do que calcular a minha vingança fria. Eu estava sem chão assim como ela e Sophia tinha que ser forte.

— MEU DEUS! — Sophia esperneou na igreja, olhando pra cima enquanto chorava. — MEU DEUS, POR QUE? POR QUE ISSO COMIGO MEU DEUS? — Estava soluçando de tanto chorar.

Renato correu até ela, segurando em seu braço.

— Minha querida.

— SAI DAQUI! — Ela se levantou, com raiva. — VOCÊ É UM MONSTRO! EU NÃO TENHO UM PINGO DE ORGULHO DE SER A SUA FILHA! — Tremeu na base ao dizer, ficando vermelha.

— Sophia, você precisa me escutar! Esse delinquente só quer destruir o vínculo da nossa família, meu bem. — Renato estava trêmulo, nervoso.

Consegui escutar alguém dizer que Branca havia desmaiado.

— Você. — Sophia apontou o peitoral do pai, o intimando. — Eu morri pra você, entendeu? EU MORRI! E VOCÊ MORREU PRA MIM, JUNTO COM ESSE MERDA QUE TÁ TE COMENDO. — Sophia encarou os dois.

— Respeito comigo, Sophia. Além de tudo eu ainda sou o seu pai.

— Não, você não é o meu pai. — Sua maquiagem estava escorrendo pelo choro. — Você só foi o núcleo pra minha mãe conseguir gerar. Fora isso? Você continua sendo um merda! — Estava trêmula.

Fiquei atrás dela pra caso acontecesse alguma coisa.

— Babe, por favor! — Jack ficou por cima, tentando reverter.

Sophia olhou os lados antes de roubar um vaso do altar e tacar na cabeça de Jack, que se esquivou.

— EU VOU MATAR VOCÊ SEU MENTIROSO DO CARALHO! SEU MERDA! VAI SE FODEEEEEEER! EU ODEIO VOCÊ! — Partiu pra cima de Jack, onde eu tive que apartar.

Deixei Sophia bater um pouco em Jack, ela precisava espairecer.

Mas se cansou rápida pelo nervoso recente, chutando suas bolas e o deixando morrer ajoelhado no tapete vermelho. Sophia segurou o longo do vestido junto do véu, correndo até à porta da igreja.

Fui atrás dela.

— Sophia! — Lhe chamei mas ela não deu atenção. Ficou na porta da igreja, rodopiando sem saber aonde estava.

Sua mente simplesmente parou de funcionar.

— Me tira daqui, me tira daqui, me tira daqui. — Puxou os próprios cabelos, em surto. Alan apareceu, tinha a Cannon em mãos.

— Sophia, vamos tirar você daqui. — Disse à ela que assentiu, pegando em sua mão e correndo pra outra calçada, onde o carro estava estacionado.

Entramos rapidamente, ficando um silêncio endurecedor dentro do carro.

O choro de Sophia se transformou em raiva!

— Soph. — Me virei à ela que estava em transe, olhando fixamente o painel do carro. — Vamos conversar depois sobre isso. Tudo bem? Eu só quero que você me diga pra onde vamos. — Era como cutucar um leão faminto.

— Pro bar mais próximo que tiver em Nova Iorque. — Saiu do transe, nos olhando.

Seu pedido era uma ordem.

Aposta de Amor Onde histórias criam vida. Descubra agora