Capítulo 90

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Estacionei meu carro em frente à casa de Sophia, descendo e andando até sua porta. Toquei a campainha e Branca me atendeu.

— Ah, oi Micael. — Deu um sorriso não muito bom. Sophia já deveria ter contado.

— Oi Branca. Eu posso entrar? — Coloquei minhas mãos no bolso da calça, como um cachorrinho sem dono.

— Ah, pode... Claro que pode. — Me deu passagem, mesmo não querendo. — Você está bem? — Ela estava estranha.

— Tô sim. A Sophia está? — Tinha que perguntar logo ou eu morreria.

— Quem está aí, Branca? — Renato apareceu. Usava um chinelo de dedo, camisa polo e uma bermuda. — Ah, é você. — Ficou desgostoso em me ver.

— Sophia está aí? — Voltei à perguntar para a minha ilustre sogra, que estava acobertando a minha ilustre namorada ou ex-namorada.

— Lá em cima. — Apontou para a escada. — Mas ela não quer falar com você.

— É, a gente brigou feio. — Suspirei. — Mas eu queria conversar com ela... Por favor. — Quase implorei.

— Tudo bem. — Branca aceitou de bom agrado. — Pode subir. — Deu uma pausa trágica. — E juízo vocês dois. — O aviso era de lei, não podia faltar.

Clara me deixou com traumas. Eu não teria um filho tão cedo!

Subi as escadas e parei em frente ao quarto de Sophia, batendo duas vezes na porta.

— Que foi, mãe? — Escutei ela perguntar antes de abrir a porta.

Sophia tinha os olhos marejados e vermelhos. Uma toalha na cabeça e uma toalha enrolada no corpo. Sexy e dramática, essa era a minha namorada.

— O que você tá fazendo aqui? — Segurou na porta, brava.

— Eu vim conversar com você. — Esbarrei por ela, entrando no quarto. Sabia que ela me expulsaria em cinco segundos de falas, por isso entrei.

Em um empurrão, Sophia fechou a porta, que bateu forte, fechando.

— A gente não tem mais nada pra conversar. — Cruzou os braços.

— A gente tem sim! — Minha respiração ficou pesada. — Eu queria me desculpar pelo o que aconteceu hoje.

— Ah, se desculpar? — Começou a rir, em deboche. — Tudo bem, vamos recapitular. — Começou a gesticular, sendo totalmente debochada. — Você se atrasou, me buscou atrasado, brigou comigo e ainda por cima me deixou mofando na sua casa porque eu não tinha lugar melhor pra ficar. — Me encarou, puta da vida. — E ainda me fez passar o maior mico no ginecologista, que na verdade, eu nem acabei indo. — Riu sarcástica, batendo as mãos na coxa coberta pela toalha. — Você ainda quer se desculpar?

— Quero. É por isso que eu tô aqui! — Me sentei na beirada da cama.

— Você é cara de pau de ainda estar aqui, isso sim. — Apontou o indicador no meu peito. — Eu não tenho culpa se a sua vida é uma merda e você não consegue se encaixar direito nela.

— Pera aí. — Me levantei. — Brigar comigo é uma coisa, me humilhar aí já é demais.

— Quem aqui tá te humilhando? — Bateu os pés no carpete, irritada. — Você não sabe nem o significado de humilhação, ainda. — Silabou a última palavra, em deboche.

— Sophia, escuta só! Eu gosto de você, eu amo você mas você precisa entender que eu não sou um cara que vai te levar pra passear em um restaurante caro dentro de um Porsche. — Nos encaramos, magoados. — Seu pai me deu uma oportunidade e eu tô tentando ser alguém na vida, sem precisar da grana dos meus pais. Eu não sou rico como você, eu preciso me virar.

— Eu não sabia que eu namorava com o seu dinheiro. — Que vontade de estrangular essa garota! — Mas entendo que você quer ser uma pessoa na vida. Mas primeiro de tudo, se controle quando algo der errado e não culpe os outros. — Chegou mais perto de mim, soltando perto dos meus lábios.

Estávamos tão próximos e eu queria tanto beija-la.

— Eu arrumei um emprego. — Parabéns, babaca! Você comprou um ingresso pra mais briga.

— Um emprego? — Ainda tinha os braços cruzados.

— É. Um emprego. — Assenti. — Vou ser babá de uma menininha, ela tem mais ou menos cinco anos. — Resolvi contar, já que não chegaríamos em lugar nenhum.

Sophia ficou em silêncio, encarando o carpete e rindo sozinha, como se estivesse se concentrando pra não perder a paciência.

— E quando você vai cuidar dessa menininha? — Seus olhos marejaram.

— Depois do curso.

— No final do dia? — Umedeceu os lábios ao me receber assentindo. — Pra mim já chega! — Rendeu as mãos.

— Eu preciso de dinheiro, Sophia. Eu não posso...

— Eu sei, eu sei. Eu sei que você precisa de dinheiro, sei também que você não precisa do meu dinheiro. Também sei que os seus pais não tem a vida financeira igual à dos meus pais. Sei de tudo isso! — Começou a chorar. — Mas eu só queria a sua atenção, o seu carinho e ficar junto com você. Mas tô vendo que não vai ser possível, né?

— Sophia, eu amo você. — Cheguei mais perto, secando suas lágrimas. — Não faz isso com a gente.

— Eu preciso de um tempo pra mim, Micael. — Tinha a cabeça abaixada.

— Não. — Me desesperei. — Você não pode fazer isso com a gente, logo agora...

— Mas eu preciso. — Aquilo foi o fim.

Namorar é gostoso, ótimo, mas a parte de terminar era a mais difícil! E Sophia estava terminando comigo sem eu ter a chance de dizer alguma coisa.

— Eu te amo. E eu sempre vou te amar, borboleta. — Fiz Sophia me encarar, que já chorava bastante sem ter o controle do que estava fazendo. Rocei meu maxilar em sua bochecha, logo após, alisando minhas mãos em seu rosto angelical, sentindo as lágrimas caírem do seu rosto.

— Eu também amo você, Borboleto. — Soluçou entre o choro, enlaçando as mãos em meu pescoço e me puxando pra um beijo.

O beijo mais gostoso de toda a minha vida, saudoso, triste e repleto de sentimentos que eu não queria sentir aquilo, de novo. Eu me apaixonei pela loirinha de jeito, e tudo começou na porra de uma aposta com todos os meus amigos.

Sophia retirou a toalha da cabeça deixando cair no chão enquanto eu desfazia o pequeno nó da sua toalha, expondo o seu corpo totalmente à mim. Beijei o seu pescoço e ela se pôs a ter um único trabalho: retirar a minha roupa, sem interrupções.

Deitei ela no chão, que não foi muito confortável, mas na hora não ligamos. Ajudei ela a descer minha calça junto da boxer, ficando entre suas pernas e me ajeitando em seu meio. Sophia me beijava.

— A camisinha. — Falei entre meus beijos com ela, tateando minha mão no bolso da minha calça, achando uma.

— Aham. — Sophia assentiu, ainda me beijando. Me vesti, ajeitando no meio dela outra vez, invadindo-a.

Eu queria que aquilo durasse eternamente. Não conseguia viver mais longe de Sophia.

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