Depois do Duff ter praticamente surtado por suas conversas aleatórias envolvendo bocetas, eu terminei de preencher o álbum com todas as fotos impressas por Alan de Renato e Jack. Agradeci o meu amigo e voltei pro colégio, já que eu tinha treino noturno.Estacionei o meu carro em uma vaga ampla, um pouco perto do gramado. Abri o porta-malas quando duas mãos taparam a minha visão, delicadamente.
Eu já sabia quem era só pelo cheiro e o toque suave.
— O que você tá fazendo aqui? — Me virei vendo Sophia. Usava um boné dos Rivers em bege, jaqueta jeans e um shorts. Dei um beijo demorado em seus lábios.
— Eu vim te ver. — Sorriu. — Tá atrasado pro treino?
— Que se foda o treino. — Voltamos a nos beijar. — Vem, vamos embora!
— Meu carro! Quer dizer, o carro da Mel. — Se embolou toda pra me dizer que estava com o carro da Mel.
Então as duas voltaram as boas?
— Você voltou a conversar com ela? — Arqueei a minha sobrancelha.
— Digamos que eu fui obrigada. — Sophia tombou a cabeça, junto de uma careta linda. — Depois você me traz?
— Sim senhora, dona borboleta saidinha que fugiu só pra me ver. — Dei beijinhos em Sophia até abrir a porta do passageiro à ela, que entrou rapidamente, trancando a porta.
Fechei o porta-malas e voltei ao meu lugar, ligando o motor e saindo dali.
Sophia teve a grande ideia de passear na ponte do Brooklyn, e eu me lembrei da minha irmã, começando a rir do nada, o que ela não entendeu, achando que os risos seriam pra ela.— O que foi? — Começamos a caminhar pela noite fresca de Nova Iorque. — Eu gosto daqui!
— Eu trouxe a minha irmã aqui ontem. — Expliquei.
— Passeio de irmãos. — Sophia assentiu, colocando as mãos no bolso da jaqueta.
— Eu expliquei pra você, meu amor. — Ri leve.
— Eu sei, eu sei. Só tava querendo descontrair. — Encarou a noite e suspirou. Sophia não estava bem!
Casar obrigado é como enfiar a cabeça em uma tábua de corte e esperar para morrer. Fim!
— Como tá o clima na sua casa? — Paramos de andar, nos encostando.
— Minha mãe está vendo vestidos. — Seus olhos lacrimejaram. — Queria que uma confecção de Massachusetts fizesse um somente pra mim.
— E encontraram o vestido? — Eu sabia de tudo isso, já que havia escutado Renato reclamar com Jack no flat.
Era tipo um déjà vu.
— Encontramos. — Respondeu com um pingo de ânimo.
— Onde vai ser o casamento? Sua mãe já deu alguma opinião? — Engoli seco.
— É sério que você vai ficar perguntando ao invés de me lamentar? — Sophia não gostou.
— Meu amor, tem algo que eu possa fazer? Porque... Me diga! — Abri minhas mãos. — Eu tô tentando não piorar as coisas.
— Mas tá louco pra saber de todos os detalhes desse maldito casamento. — Sophia começou a chorar, se emburrando. — E eu ainda fui trouxa de prometer um filho pra você. — Ela se virou contra o vento, chorando sem a minha visão.
— Você acha que isso foi um ato de trouxa? — Cruzei meus braços.
Sophia ficou em silêncio, só secando suas lágrimas.
— Vai, Sophia. Me responde! — Coloquei ela entre a parede.
— Eu achei sim, Micael. — Ela se virou, me encarando. Tinha os olhos vermelhos. — Você não conhece o meu pai, você não conhece a minha família. — Estava trêmula. — Você não tem um emprego, sua família é... Eu não quero te magoar mas em que mundo você viu que poderia fazer um filho em mim e melhorar a sua situação?
— Pera aí. — Me ofendi. — Você tá achando que eu só tô com você por causa do seu dinheiro?
— Eu sei que você gosta de mim.
— Então por que soltou uma merda dessa? — Esbraveci. — Eu não sou igual ao seu namoradinho que só está do seu lado porque quer ter um status de rei com carros do ano e roupas de grife. — Soltei. — Eu gosto de você, Sophia! E me sinto um lixo por saber que você vai se casar com ele e eu não vou poder fazer nada.
— Você pode fazer alguma coisa. — Me disse como se estivesse procurando alguma luz.
— E que coisa é essa que eu posso fazer? — Mostrar as fotos!
Eu tinha todas as cartas na manga, só estava fazendo cena pra ver o que Sophia responderia.
Mas ela não respondeu.
— Eu não quero mais falar sobre isso. — Ficou entristecida, parecendo se esconder atrás daquele casaco. — Vou colocar na minha cabeça que eu vou me casar daqui à uma semana. — Remexeu os lábios, parecendo triturar a sua dor.
— Vou ser o homem mais triste do mundo.
— Não parece. — Virou o rosto para mim. — Você tá competente demais pra uma pessoa que realmente ama.
É o que?
— Você tá achando ruim porquê eu tô tentando te ajudar? Sophia, pelo amor de Deus! O seu pai é o Abrahão de poder, não é assim que dizem? — Me estressei por completo. — Eu não posso fazer nada, meu amor! Você vai subir no altar e se casar com um merda, e eu vou sofrer. Fim!
— E você não vai fazer nada pra rebater isso?
— Você quer uma prova de amor? Tudo bem. — Ela ficou abismada, sua face não negou. — E se eu disser pra você que vamos fugir? Hein?
— Pro meu pai pegar a gente de novo?
— Obrigado. — Fui irônico, juntando minhas mãos. Sophia revirou os olhos.
— Micael, quer saber? É melhor a gente seguir os caminhos. Não vamos conseguir ficar juntos mesmo! — Ela tava me dando um pé?
Depois de todo o meu sacrifício ela tava me dando um pé?
— Que bom que você pensa assim.
— Ótimo. — Sophia rebateu.
— Perfeito.
Ficamos fazendo birra como duas crianças de cinco anos.
— Você pode me levar embora? — Sophia cruzou os braços antes de secar suas lágrimas.
— Claro. — Debochei, esperando ela sair na frente
Eu não gostava de brigas mas o que Sophia me disse foi um pouco de cuzisse à parte. Sabia que ela estava aflita com o lance do casamento, e eu só queria ajudar, mas tentar me humilhar ao ponto de dizer que eu não a amo já foi demais pra mim.
Eu não iria sofrer por amor acabado, meu espetáculo de fotos só estava por vir.
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Aposta de Amor
RomanceMicael Borges e seu grupo de amigos decidem criar uma aposta maluca, onde o foco é atrair a atenção de Sophia Abrahão, a popular do colégio e a estrela das líderes de torcida. O por quê disso? Simples: Queriam se vingar de seu namorado. Mas a apos...