Capítulo 138

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Sophia acordou disposta naquela manhã, mas ainda sim, chateada. Ela não ia ligar porque o marido também não estava ligando. Brigas como aquela na casa dos Borges eram altamente comum. Ela nem se ligava do pior! Se ele pedisse o divórcio? Ótimo! Ela viveria com uma quantia esplêndida no banco, viajaria ao mundo e seguiria em frente, mesmo que doesse.

Sempre fora bastante elegante, desde a adolescência. Tinha o seu ritual de skin-care pela manhã, passando todos os sete cremes que o dermatologista havia lhe recomendado. Tomava um banho em seguida, passava creme no corpo e escovava os dentes, certificando que estava pronta para o mundo.

Optou por usar um jeans surrado naquela manhã, acompanhada de uma blusa de botões leve e de cor escura. Calçou suas sapatilhas em bege e saiu do quarto, indo à cozinha e vendo a mesa do café da manhã exposta. Micael acordava cedo demais pra fazer o café, os Borges tinham uma lei de não contratar ajudantes para limpar a casa e fazer outros deveres domésticos.

— Bom dia. — Micael soltou. Abriu o jornal que estava em cima da mesa.

— Bom dia. — A esposa respondeu no mesmo tom. Foi até o balcão de mármore e vasculhou a primeira gaveta do móvel planejado, tirando os seus cinco comprimidos que tomava pela manhã.

— Seu pai te ligou. — Micael ainda lia o jornal.

— O que ele queria? — Primeiro comprimido: antiestresse.

— Saber se você havia chegado bem. — Virou a página. — Jack se machucou na viagem. Um corte na perna, três pontos.

— Ele caiu de algum lugar? — Segundo remédio: hormônio.

— Parece que caiu do barco. Ele disse por alto, a ligação estava ruim. — Micael lia com atenção as notícias. — Sua mãe se adaptou em Chicago?

— Eu ainda não falei com ela, mas acredito que sim. — Terceiro remédio: aspirina.

— Eu espero que ela tenha se adaptado, sua mãe merece ser feliz.

— É, eu sei. — Quarto remédio: lactante.

— Vamos visitar a minha mãe no final de semana? É aniversário do Nicholas. — Fechou o jornal, certificando que tinha o acabado.

— Eu não sei... Você quer ir? — Quinto e último remédio: indutor de ovulação.

Sophia já estava liberada para tomar o seu café.

E Micael sabia de cor a sequência de todos os remédios.

— Podemos passar um pouco, se não for incômodo pra você. — Micael terminou de beber o seu café.

Sophia se sentou em seu lugar, ao lado do marido.

— Você tomou o shake? — Perguntou, pegando uma xícara limpa.

— Tomei. Inclusive, já está quase acabando. — Lhe avisou. — Quando você tem consulta com a doutora Kyle? — Micael lhe encarou, franzindo o cenho.

— Daqui à pouco. — Forrou as torradas em grãos com um pouco de requeijão.

— Me desculpa, tudo bem? — Micael suspirou. — Eu não deveria ter dito aquilo pra você, eu sinto muito.

— Pensasse bem antes de soltar todas as merdas que me disse ontem. — Mordeu uma torrada. — Você não acha? — Ela encarou o marido, estava com toda a razão do mundo pra isso.

E ele estava odiando a sua audácia.

— Eu acho que eu devo trabalhar. — Micael saiu da mesa, se levantando. Ajeitou a sua gravata mas Sophia lhe parou.

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