Capítulo 93

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— Fala aí, meu amor! Me dá um beijo na boca? — Duff sentou ao meu lado, colocou a sua bandeja em cima da mesa.

Arthur sentou na frente e Chay ao seu lado.

— Você é ridículo, Duff. — Remexi a minha comida.

— Qual foi a sua e a do Alan? — Arthur prosseguiu em perguntar. Já deveria saber de alguma coisa.

— Ele tá cheio de segredinho quando o assunto é eu, o contrato e o pai da Sophia. — Encarei o meu almoço que parecia uma marmita de presidiário. — Vocês sabem de alguma coisa? — Encarei todos.

— Eu acho que o Alan tá preocupado com você porque tem uma paixão platônica. — Chay abriu a tampa do suco. — Vocês não concordam?

— Eu acho que ele tá preocupado com o rumo da sua vida, Mica! Só isso. — Arthur soltou. — E até porquê... O Alan não teria segredos com o pai da Sophia. — Deu de ombros.

— Ou teria? — Chay rolou os olhos, bebendo o suco.

— Cara, eu não queria ter a sua vida. — Duff bateu em minhas costas. — A não ser quando você tiver com um Porsche na garagem, centenas de champanhes de todas as marcas possíveis, uma piscina cheia de dólares e gatinhas peladas dançando em cima de você. — Duff fez uma careta ridícula.

Revirei meus olhos enquanto deixava um riso escapar.

— Seu curso tá de boa? — Arthur começou a almoçar, diferente de mim que estava ficando enjoado com o meu prato. Estava sem fome!

— Só cansativo. Mas agora que eu arrumei um emprego... — Fui interrompido.

— O QUE? Você arrumou um emprego? Ah não, cara! — Duff riu. — Aonde você arrumou? Eu quero um também.

— Eu ia chegar lá, Duff. — Tentei não me irritar. — Enfim. — Dei continuidade. — O meu professor arranjou um emprego pra mim, eu tô cuidando da sobrinha dele. Os pais são bens de vida e a mãe da menina é... Espetacular! — Imaginei minha vida sem a Sophia só pra ter o prazer de conhecer a minha patroa em outras vidas.

— Você virou babá iguais nos filmes? — Chay arqueou uma sobrancelha.

— Tecnicamente sim. — Abri o meu suco.

— Que merda, Mica. — Duff ficou em silêncio, pensando. — Criança é foda! Você tem que ter uma responsabilidade do caralho, entende?

— E você lá entende de criança, Duff? — Rebati.

— Eu fico sabendo por cima mas... Você sabe que não vai ter total liberdade, né? Quando ela quiser ir ao banheiro você vai ter que ir junto, vai precisar limpar ela e se ela vomitar você também vai limpar a sujeira, porquê é o seu trabalho, não? — Alguém cancela o Duff? — E aí ela vai ficar te irritando, e irritando até você chegar na mãe gostosa dela e falar "aí, eu quero ser demitido!" — Ele ainda tava falando? — E a mãe dela vai virar pra você e dizer "ok mas o meu marido está em reunião. Podemos dar uma rapidinha pra mim lembrar dos velhos tempos de colegial?" E então você leva um processo por fazer sexo com a própria patroa.

Sério! O Duff era uma máquina de merda quando quer.

— Você tirou isso de qual pornô, Duff? — Arthur perguntou, extasiado por ter escutado aquela merda.

— Sex in Trouble, segunda temporada, episódio 10.

— É... Tá bom. — Suspirei, tentando não dar moral ao Duff.

— Qual foi? Vocês me crucificam como se nunca tivesse ouvido falar em pornô. — Ele voltou ao assunto, nos encarando. — A real é que vocês precisam transar de verdade!

— Eu transei ontem, se é isso que você quer saber. — Respondi ele que sorriu, vasculhando sua mochila.

Duff tinha um tubo transparente e azul, lacrado. Me entregou, sorrindo com malícia. Arthur e Chay negavam com a cabeça enquanto terminavam de almoçar.

— O que é isso? — Verifiquei o tubo em minhas mãos.

— Lubrificante pro cu. — Respondeu, leve. Subi meu olhar à ele. — Isso é tiro e queda. Ela não vai sentir nada, nadinha de nada!

Respirei fundo, adaptando a ideia maluca de Duff.

— Nadinha de nada? — Tentei ler as letras miúdas do produto.

— Nada! E eu sei que toda essa sua raiva precisa ser descontada em algo que seja... Forte. — Duff fechou os punhos. — Te conheço como ninguém, meu pequeno amigo Borges. — Me irritou.

— Eu juro que se ela sentir alguma coisa eu arranco as suas bolas. — Cerrei meus dentes.

— Só depois que transar comigo e me pagar uma pizza. — Duff deu três batidinhas nas minhas costas, se levantando. — Chay, leva a minha bandeja, falou? Amo vocês! — Saiu andando.

Arthur segurou o riso vendo Chay incrédulo.

— Esse Duff é um folgado que só! — Reclamou.

— Ninguém mandou você dar asa ao Duff. — Guardei o tubinho em minha mochila, voltando à dar atenção na bandeja pra tirar ela dali.

Saímos juntos até o latão de lixo, perto da saída do refeitório.

— Podíamos jogar FIFA hoje, que tal? — Chay deu a ideia.

— Eu preciso levar a Sophia ao médico. — Expliquei.

— Ela tá doente? — Arthur bateu a sua bandeja no lixo.

— Ginecologista. — Deixei a minha bandeja de lado. — E depois eu preciso ir pro curso pra depois ir trabalhar. — Tinha me cansado só de pensar.

— Uau. — Chay se cansou por mim. — Sua vida vai ficar bastante corrida agora.

— Nem me fale. — Saímos do refeitório.

— Achei legal você ter conseguido um emprego. Agora vai poder pagar todos os nossos lanches quando tivermos as nossas reuniões. — Chay soltou enquanto ria, mas logo o seu riso morreu, lembrando que eu e Alan não estávamos mais se falando. — Foi mal.

— Acontece. — Deixei passar. — Que aula é agora, alguém sabe?

— Química. — Arthur reclamou antes de começar. — Nossa última aula, graças a Deus!

— A Sophia volta amanhã?

— Pelo que parece sim. — Me lembrei. — O colégio não será o mesmo sem o clã. — Me lamentei. Apesar de tudo, os ensaios e apresentações do clã animavam toda a torcida. Sophia sabia muito bem fazer isso!

Entramos na sala de aula pra última aula do dia. O que me fez aquele dia foi Duff, com suas palhaçadas sem deixar ninguém quieto. Mas... Alan parecia esconder alguma coisa. Por que ele se preocupava tanto comigo? Mas eu nunca imaginei o Alan gay. Ele não levava jeito com isso!

E também não me ajudaria tanto com Sophia... Alguma coisa tinha aí só que eu não estava animado pra descobrir.

Não agora.

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