Aposta de Amor

Capítulo 98

— E então, você conversou com a Naive? — Perguntei à Sophia enquanto caminhávamos pela pista de corrida. Estávamos claramente matando a aula de educação física.

— Tive que conversar. — Pausou. — Como conseguiu copiar a caligrafia do meu pai? A assinatura ficou perfeita. — Sorriu.

— Tenho os meus dotes. — Me gabei, mesmo não fazendo todo o trabalho pesado de copiar a assinatura do Renato.

— Eu entreguei pra ela o uniforme... — Sophia ficou triste. — É estranho mas... Estamos no nosso último ano, então, não é tão estranho assim. — Mexeu em seus dedos, parecendo estar nervosa.

— Eu te falei que você não precisava disso. — Relembrei. — As meninas disseram alguma coisa?

— Até agora nada e nem vão falar. — Continuamos andando.

Procurei outro assunto que a deixasse feliz.

— Está ansiosa pra festa do Duff?

— Ah, um pouco. — Levantou os ombros e os desceu rapidamente. — Ele é divertido, a festa vai bombar.

— Você acha que vai bombar? — Lancei um olhar à Sophia que riu pelo nariz.

— Você não confia no seu próprio amigo?

— É o Duff. A última vez que ele fez uma festa... — Me lembrei, querendo rir a cada minuto.

Duff bebeu vodca direto do vaso sanitário. As irmãs mais famosas do colégio, na época, dançaram peladas e um amigo próximo do irmão de Duff foi preso. Tudo isso numa mísera festa!

— O que aconteceu? — Sophia me encarava curiosa, querendo saber de tudo.

— Muitas coisas. Melhor deixar pra lá. — Torci o nariz.

— Hum. — Sophia parou perto da arquibancada, sentando.

O professor veio atrás de nós com o seu apito infernal.

— Que bonito! — Debochou. — O casal ternura não pode participar da aula por que? — Arrumou o seu boné vermelho, esperando a nossa resposta.

— Estamos participando. — Sophia soltou, simples.

— Ah, e como estão participando? Posso saber? — Cruzou os braços.

— Paramos pra tomar um ar. É difícil correr uma maratona inteira sem parar! — Sophia questionou, tentando contornar o professor que estava ficando irritado.

— Uma maratona inteira? Eu não vi vocês correndo uma vez se quer. — Ficou irritado, mais ainda.

— A gente vai correr da próxima vez. — Respondi, cerrando os meus olhos. — Desculpa por isso.

— A próxima vez é sala da Naive pros dois. — Advertiu, saindo das nossas vistas. Sophia bufou, sem paciência.

— Esse cara é uma idiota!

— O que deu em você, mocinha? — Estranhei. Sophia não era desse jeito.

— Eu não posso ser sincera?

— Sincera é uma coisa, falar grosseiramente é outra completamente diferente. — Expliquei.

— Deve ser a TPM. — Sophia ficou em transe, encarando o gramado. — Mas eu ainda não menstruei.

— A médica disse que você ainda vai, não?

— É. — Deu de ombros. — Vamos sair daqui, eu quero ir logo pra casa. — Levantou-se, pegando nas minhas mãos e saindo dali.