Capítulo 190

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Dois dias depois.

— Você está bem, aparentemente. — O médico sorriu leve, ajuntou os exames de Micael em uma pasta firme. — Sua cirurgia será daqui há três dias.

— Eu estou morrendo, não estou bem. — Vestiu a camiseta. — Preciso tomar todos esses remédios? — Não gostou quando teve a lista em mãos.

— Um preparatório para a cirurgia.

— Vou deixar o tumor me matar. — Estava adorando fazer aquelas piadas de mau gosto. — Te vejo daqui há três dias?

— Exato. Tome todos os remédios e fique tranquilo!

— Obrigado pela recomendação, querido Harry. — Micael debochou antes de se levantar.

Saiu do consultório e foi em direção à saída. Seu iPhone tocou quando atravessou o corredor do hospital, chegando perto da porta automática.

— Alô?

— Micael, como você está? — A voz de Yanna ecoou.

— Estou bem, na verdade, estou indo. Pareço que estou me arrumando para a minha morte. — Soltou um riso sem vida. — Será que ainda vou poder fumar depois que fizer a cirurgia?

— Óbvio que não! Você sabe que não.

— Eu gostaria de continuar fumando mas o medo de descobrir outro tumor é maior. — Saiu do hospital, foi em direção à sua Ferrari, estacionada no mesmo lugar. — Você tem notícias da minha incrível esposa? — Teve deboche em sua voz.

— É... Não? — Yanna fez uma pausa. — O que aconteceu com ela?

— Eu também gostaria de saber. — Micael colocou a chave no contato, deu partida. — Ela saiu daqui dizendo que não poderia ficar comigo e nunca mais voltou. Eu estou doente! Com um tumor na porra do meu coração e a minha mulher simplesmente sumiu! — Apertou as mãos no volante. — Sabe como isso é frustrante, não sabe?

— Você está preocupado, não está?

— De verdade? — Ele estava sim. — Não me preocupo mais, foi uma decisão dela, aliás, Sophia está bem estranha desde que descobriu a gravidez. Você também é assim? Alan deve sofrer com você, aquele merda. — Encarou Nova Iorque pelo pára-brisa da Ferrari.

— São os hormônios! Acho que ela não quis dizer isso de verdade.

— Ela nunca quer dizer nada de verdade. — Bufou.

Yanna ficou em silêncio do outro lado da linha.

— Vou desligar, estou no trânsito! — Repassou para a amiga. — Falo com você depois.

— Se cuida!

— Você também.

— Obrigada. — Ela encerrou a ligação.

Micael ainda continuou no trânsito, por vinte minutos, até chegar no apartamento.

Guardou a Ferrari na garagem, subiu de elevador e estranhou quando verificou o lugar em silêncio. Trancou a porta e procurou por Sophia, que não havia aparecido.

— Sophia? — Ficou preocupado. — Sophia, você está aí? — Entrou em seu quarto.

Observou a cama desarrumada, estranhou. Mas o coração tranquilizou quando escutou outro barulho vindo da suíte.

Entrou devagar, viu a esposa dentro da banheira com espuma. As mãos em seu ventre, os olhos fechados. Estava relaxando!

Os olhos azuis se abriram e Sophia sorriu ao ver o marido ali, de pé. A feição estava bem, não parecia que Micael estava doente.

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