Capítulo 129

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Yanna era comunicativa, engraçada, sincera, gente boa... Um combo de coisas boas que poderia se colocar em uma pessoa só. Estávamos nos divertindo enquanto tomávamos um milkshake com cobertura de caramelo, o papo do café foi apenas para distração.

Por alguns segundos eu me esqueci que Sophia havia me dado um pé.

— Sua mãe tá grávida de novo? — Ela se impressionou, rindo.

— Tá. Ela não tem juízo! — E não tinha. — Mas e você? Tem irmãos? — Chupei o canudo do milkshake, que estava terminando.

— Eu tenho uma irmã só mas ela não mora comigo. — Assenti.

— Você mora sozinha?

— Eu moro. Meus pais são do México, eles só estão morando lá por tempo indeterminado. — Contou. — Você me parece triste.

— Já disse pra você que eu terminei com a Sophia. — Recapitulei a minha fala. — Na verdade foi ela que me deu um pé.

— É, nesse quesito você vacilou. — Yanna rolou os olhos. — Apostou a garota por trezentos dólares?

— Eu não gostava dela até então, e tudo isso foi um misto de coisas pra acontecer outra coisa, entendeu? — Arqueei uma sobrancelha e Yanna não havia entendido.

— Hãaaam. — Pensou. — Vou fingir que eu entendi.

— Mas agora eu não posso voltar no apartamento e pedir pra ela ficar comigo, isso nunca vai acontecer.

— Você gosta dela?

— Eu amo ela!

— E vai deixar ela ir embora assim? Sem mais e nem menos?

— Tô aceitando opção melhor.

— Porque você não volta pro seu apartamento, relaxa, conta tudo e depois termina a sua noite com uma boa dose de sexo quente. Que tal? — Não era uma má opção, mas Sophia nunca iria ir pra cama comigo, ainda mais depois de hoje.

— Se ela ainda estiver lá. — Mexi meus ombros.

— Acho que você tá perdendo tempo aqui. Seu expediente já acabou, Renato está viajando e você tem pouco tempo pra encontrar ela na sua casa. — Yanna se levantou e colocou a bolsa atravessada, mas antes, a abriu, pegando cinco dólares da carteira.

Eu a parei.

— Onde pensa que vai com isso?

— Pagar? — Disse óbvia.

— Nada disso! Eu pago o milkshake. — Me disponibilize, retirando minha carteira do bolso.

Por fim consegui pagar o meu milkshake e o de Yanna, fomos andando até à frente das empresas Abrahão, ambos carros estavam estacionados por lá.

— Valeu pelo dia de hoje. — Yanna deu um sorriso leve.

— Não precisa agradecer. Eu vi que você estava triste, então... Milkshake de morango pra animar o seu dia! — Ela me deu um empurrãozinho.

Dei um suspiro antes de me despedir totalmente dela.

— Até amanhã!

— Até! — Acenou, me vendo entrar dentro do carro.

A segunda parte do meu destino seria um pouco pior agora.

Dirigi até o apartamento e me assustei ao esbarrar com dois homens uniformizados, levando a mobília de Sophia. Franzi meu cenho e entrei no apartamento, procurando pela mesma.

— Sophia? — A chamei.

Outro homem saiu de dentro do quarto, com uma caixa enorme nos braços.

— Sophia? — Chamei de novo. Sophia estava dentro do pequeno closet, dando instruções ao homem careca, também uniformizado. — Te achei!

— Pode colocar as cerâmicas aí dentro também? — Perguntou ao homem que assentiu. — Obrigada! — Sorriu gentilmente. — Você ainda tem a pachorra de voltar? — Me encarou sem paciência.

— Eu moro aqui!

— Não deveria! Não temos mais nada em comum. — Deu atenção aos objetos espalhados, ajuntou todos em outra caixa menor.

— Você precisa conversar comigo.

— Estou conversando com você, não está vendo? — Eu odiava quando ela era irônica desse jeito.

— Não desse jeito! — Segurei os seus braços.

Sophia se soltou.

— Dá pra me largar? — Fez uma careta de brava. — Você ainda quer conversar comigo pra quê? Acha que eu vou te dar um presente por ter me colocado na aposta ridícula de vocês? — Revirou os olhos.

— Eu já disse pra você que tudo aconteceu...

— VOCÊ ME USOU, MICAEL! TODO ESSE TEMPO VOCÊ ME USOU! — Esbraveceu enquanto gritava. — Eu te disse milhares de coisas obscuras da minha vida pra você, te contei todos os meus segredos, abri a minha casa pra você... E veja só! Fui o prêmio de uma aposta ridícula entre marmanjos com coito interrompido. — Sophia estava muito brava!

— Pera aí. — Parei em sua frente. — Eu já disse pra você o que aconteceu naquele dia da aposta, e também disse que eu me apaixonei por você. Eu sou louco por você, Sophia! Eu não sou gay, eu nunca fui gay e eu me apaixonei por você! — Nos encaramos, um pertinho do outro. — Não tem o por quê dá gente ficar separado.

— Com você eu não vou ficar nem morta, Micael. Acabou! — Soltou suas últimas palavras antes de encontrar mais palavras que acabassem comigo. — Faz o seguinte... — Ficou cabisbaixa, pensando. — Fica com esse apartamentinho de quinta pra você, eu sei o quanto você vive de esmola.

— Também não precisa me humilhar. — Me irritei.

— Você é a própria humilhação, Micael! Eu me sinto tão usada que você nem faz ideia. — Semicerrou os olhos. — Espero que você seja feliz aqui dentro desse muquifo, pode trazer quem você quiser pra transar também, eu não ligo. — Fechou uma caixa. — Boa sorte na sua nova vida e que ela seja uma merda. — Eu não estava reconhecendo a Sophia.

Bom, eu já sabia que eu havia perdido a minha namorada por conta de uma situação inacabada, mas, nem tudo estava perdido! Eu sentiria falta dela? Sim, muita! Eu iria chorar como eu chorei quando perdi a minha primeira namorada? Talvez. Mas vamos colocar os fatos na mesa de que eu tinha um apartamento só pra mim, e além do mais, o meu querido chefe e ex-sogro tomou uma dose de menininha chorona e depositou o pagamento na minha conta.

Três mil dólares.
UAU!
PUTA QUE PARIU!

Eu estava ganhando três mil dólares pra imprimir papéis e ligar paras as pessoas que estavam no plano.

Por um milésimo de segundo eu esqueci que tinha me separado e que Sophia havia descoberto tudo sobre a aposta. Eu só não estava tão mal porque ela ainda não havia descoberto sobre os três contratos assinados com o pai dela. Se fosse por isso, eu seria um homem morto!

Mas mesmo assim, um homem com três mil dólares no banco.

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