Capítulo 135

97 8 2
                                    


Tinha tirado uma folga no dia de hoje. Renato estava de ressaca e meu dia foi off, até porque Yanna havia pegado toda a responsabilidade do meu trabalho. Eu estava devendo à ela a nossa maratona de filmes no final de semana.

Conversei com Lidiane que chegou mais cedo da casa da Tia Eve, cheia de balões prata e azul, com fitas da mesma cor. Decoramos a cozinha e compramos um bolo de chocolate com coco, minha mãe era fã! E também estávamos ansiosos pra chegada do Nicholas em casa. Meu pai estava os trazendo.

— Colocou os refrigerantes na geladeira? — Perguntei pela milésima vez naquele minuto. Eu estava ansioso demais, até parecia o meu filho.

— Coloquei. O chá gelado também! — Lidiane recapitulou. — Acho que eles chegaram. — Escutamos o barulho do carro na garagem.

Não fizemos um estrondo quando minha mãe passou pela porta com o seu pacotinho pequenininho que obviamente estaria dormindo. Meu pai estava atrás, levando as malas da maternidade. Os olhos da minha mãe encheram de lágrimas quando observou a decoração para o Nicholas.

— Aí meu Deus, que lindo. — Deu um sorriso contagiante. — Jorge, olhe só! Nick ganhou uma festa dos irmãos. — Avisou o meu pai que trancava a porta antes de deixar as malas no canto.

— O bolo é de chocolate com coco, mamãe. — Lidiane avisou. Minha mãe umedeceu os lábios, querendo o bolo.

— Como foi a vinda? Tranquila? — Ajudei o meu pai com as malas. Pra que tanta mala? Minha mãe pariu ou foi pro Alabama?

— Foi tranquila sim, o Nick arranhou algumas vezes mas nada que um bom leite resolvesse. — Meu pai sorriu. — Adorei a decoração, queridos. O bolo é de que?

— Chocolate com coco. — Lidiane respondeu toda feliz.

— E não foi ela quem fez. — Disse por cima, lhe irritando.

— Mesmo assim, tá tudo lindo. — Minha mãe andou com Nick até o sofá, sentando devagar.

— Mãe, eu posso pegar ele? — Pedi, indo até ela.

— Claro amor, só toma cuidado pra ele não acordar. Tudo bem? — Assenti, me sentando ao seu lado e tendo Nick em meus braços, que ficou quietinho dormindo. — Relaxa o corpo, ele não vai morder você. — Fiz minha mãe rir após ver a minha tensão. Nicholas ainda era molinho e meu medo de quebrar ele ao meio foi maior que tudo.

— Tô na fila, hein. — Lidiane rendeu as mãos e ficou perto de nós, observando Nick dormir. — Foi normal, mãe?

— Foi sim, se fosse cesária eu ainda estaria no hospital com mil pontos. — Ela se lembrou. — Nunca faça uma cesária, querida. É por isso que eu quero estar no hospital quando você colocar uma criança no mundo.

— E espero que essa criança venha depois dos quarenta. — Meu pai avisou da cozinha, tinha um pedaço de bolo nas mãos e a boca suja pelo chocolate.

— Não pode ser depois dos quarenta, Jorge. No mínimo uns vinte e sete, se você quiser é claro. — Minha mãe deu de ombros. — Eu também quero! — Se levantou, indo de encontro ao meu pai.

Roubou o pedaço de bolo dele. Lidiane riu com a cena.

— Quem quer bolo? Venham antes que seu pai coma tudo. — Minha mãe cortou alguns pedaços, colocando em pratinhos na cor azul. Pensamos em tudo!

A campainha tocou, meu pai não gostou muito.

— Preciso me lembrar de tirar o som da campainha. — Correu até à porta.

Mas eu não vi quem era.

— Sophia, que surpresa boa! — Minha mãe ficou feliz com a visita.

E eu fiquei intrigado.
Nervoso.
Suando frio.

— Eu vim visitar o pequeno Nicholas. — Ela tinha uma embalagem de presente nas mãos. Estava bem mais formal do que estava hoje de manhã no colégio.

— Ele está na sala com o Micael. — As duas sorriram entre si. — Quer um pedaço de bolo?

— Ah não, obrigada. Eu acabei de almoçar! — Avisou.

Sophia foi adentrando na minha casa até chegar na sala. Lidiane lhe cumprimentou e seu olhar até mim chegou mais rápido do que nunca. O sorriso fraco me fez quebrar por inteiro.

— Oi. — Soltei baixo.

— Oi. — Ela respondeu no mesmo tom. Se sentou pertinho de mim, vendo Nicholas pela primeira vez. — Ele é lindo, Beth. — Sorriu. — Parece com... O Micael. — Nos entreolhamos.

— O Jorge disse a mesma coisa mas ele lembra mesmo, igualzinho. — Minha mãe complementou. — Você quer segura-lo?

Sophia ficou pensando e assentiu com vergonha. Entreguei Nick à ela que não tinha um pingo de jeito com crianças, estava tensa e com medo do bebê quebrar, assim como eu. Visualizei Sophia sendo mãe por dois minutos incríveis, eu seria um homem realizado!

— Ele é bem quietinho, não? — Perguntou ao ter Nick em seus braços, ainda dormindo com a respiração tranquila.

— Ele só apronta quando está perto da hora de mamar. Fora isso? Nenhum trabalho. — Minha mãe sorriu. — Você se deu bem segurando ele. Pensa em ter filhos, Sophia?

Eu sabia que as perguntas foram pra me matar de vez, as vezes eu odiava a minha mãe mas eu também gostava das teorias e vergonhas dela. Dava pra imaginar.

— Penso sim, é um dos meus sonhos. — Eu não sabia desse sonho mas podia imaginar. — Só que ninguém pôde realizá-los. — Seu olhar foi redirecionado à mim.

— Acredito que você seja muito nova ainda, não? — Minha mãe rebateu com outra pergunta.

— É, eu sou sim mas pretendo realizar esse sonho mais pra frente. Quem sabe. — Ela levantou os ombros um pouco. Nick se remexeu em seus braços, o desespero dela foi além. — O que tá acontecendo?

— Ele só se virou, fique tranquila. — Minha mãe deu um sorriso.

Sophia ficou a maior parte do tempo com Nick no colo, até ele chorar e pedir pela minha mãe, e já sabíamos que isso ia acontecer. Aquele clima nada descontraído rondou a gente, não tínhamos fala na boca mas queríamos perguntar várias coisas uns aos outros.

— Como tá indo a sua mudança pra Harvard? — Puxei assunto. Estávamos sozinhos na cozinha, meu pai subiu com a minha mãe e Lidiane saiu de casa.

— Ah, naquelas. O meu pai não disse mais nada e o Nicolas não sabe em qual faculdade vai ficar.

— O nome do seu namorado também é Nicolas?

— É sim! Na verdade esse é o nome do meio dele. — Ela fez uma careta, pensando. — E você? Já sabe o que vai fazer quando as aulas acabarem?

— Tô vendo pra viajar, sei lá. Eu já me preocupei muito com grana então como eu guardei, preciso usufruir em algo. — Sophia assentiu. — Mas ainda pretendo trabalhar pro seu pai.

— Gostei que você tenha virado amigo do meu pai. Ele tá bem diferente agora!

— É, ele até me deixou ficar em casa hoje. — Sophia soltou um riso.

Nos entreolhamos juntinhos, com a respiração bem perto.

— Eu preciso ir. — Ela soltou, mesmo não querendo ir.

— Precisa mesmo? — Me aproximei mais e mais.

— Preciso. — Sophia não lutou pra sair do lugar, apenas me beijou suavemente, como se o mundo parasse pra nós.

Beijar ela foi como me ter de volta à realidade. Mas eu havia perdido a Sophia de vez, o que restava eram lembranças incríveis da garota mais linda que eu já conheci. Eu amava Sophia! E nem era novidade pra ninguém.

Aposta de Amor Onde histórias criam vida. Descubra agora