Capítulo 189

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— Alô? Meu nome é Sophia Abrahão, eu sou esposa do Micael Borges. É. Sim. — Entrou em seu closet apressada.

Pegou uma cadeira da cozinha, subiu e tirou sua mala de viagem, sem estar empoeirada.

— Preciso de uma passagem de ida para o Canadá. Urgente! — Abriu o objeto, jogando no chão.

Passou a mão em todos os seus cabides com peças de roupa, socando tudo dentro da mala.

— Não quero saber de preços, multas e qualquer coisa à mais. É uma ordem! Urgente! — Jogou outros objetos dentro da mala, coisas que necessariamente lhe fariam falta.

Sentou em cima, fechando com dificuldade. Sophia fez o zíper dar toda a volta, conseguindo fechar. Sua mala ficou pronta em quinze minutos, desarrumada, mas sim, pronta.

— Já depositei o dinheiro. — Caminhou pelo apartamento, indo até o seu escritório e entrando no banco digital. — Quero o último voo, o que tiver. Ok? — Respirou fundo. — Obrigada! — Desligou a ligação.

Sua passagem estava comprada, anunciada e preparada para o último horário. Ela iria o deixá-lo. Sem mais.

Sem contar a verdade.

Sem ele saber o que de fato, aconteceu.

Iria deixá-lo sem mais e nem menos.

E o bebê? Ficaria com ela, Micael não iria saber do filho tão cedo. Ela iria sumir.

Estava decidida quando verificou mais objetos do apartamento, entrou novamente no closet e buscou sua mala, que estava pesada. Levou até a sala, tomou um banho, não atendeu nenhuma ligação e se arrumou, esperando o horário de ir até o aeroporto.

Mas quando abriu a porta, viu a imagem de Alan com Mia, juntos. Ambos de preto.

E armados.

Aquilo até parecia um filme de suspense mas Sophia não queria saber o desfecho tão cedo.

— Aonde você pensa que vai? — Empurrou ela, leve, fechando a porta atrás de si.

O revólver em preto reluziu nos dedos cobertos por uma luva de couro, o objeto foi colado na bochecha de Sophia, lhe amedrontando. Ela rendeu as mãos, com medo.

— O seu dinheiro irá cair na sua conta amanhã, eu já depositei! — Mentiu.

E Alan sabia muito bem.

— Não depositou merda nenhuma, Sophia. — Mia rebateu. — Você tá enrolando a gente!

— Ela pensa que vai embora, Mia. Pra onde você iria mesmo? Pra casa da mamãe? — Alan debochou, rindo maléfico. — Vai deixar o maridinho doente porque está com medo de contar toda à verdade? E sabe o que é pior? Ela mesmo se enfiou nessa roubada!

— Alan, o que você quer de mim? — Sophia fechou os olhos, com medo. Queria proteger o seu bebê e mais nada.

— EU QUERO A PORRA DO DINHEIRO QUE VOCÊ ME PROMETEU! — Gritou com a mesma, avançando, porém, fazendo nada.

— Tudo bem, tudo bem! Eu não ligo pra quantia, Alan. — Conversou com ele. — Mia. — Chamou a irmã. — No meu escritório, na segunda gaveta, tem um talão de cheque. Traga pra mim, por favor! — Pediu.

Mia correu até lá, já sabia desse talão de cor. Voltou em segundos com as folhas em mãos, entregando à Sophia.

— Preciso de uma caneta. — Soltou, pegando a folha trêmula.

— Vai buscar uma caneta, Mia. Agora! — Alan ordenou.

Mia procurou uma caneta em qualquer lugar do apartamento. Achou uma, em cima do móvel da sala, entregou para a irmã que foi até a mesa da cozinha, apoiando a folha e escrevendo no talão de cheque, toda a quantia que Alan havia combinado com a mesma.

Dois milhões e oitocentos dólares.

— Vem pro papai. — Alan sorriu após ter a folha do talão de cheque em mãos.

— Só que tem um problema, Alan. — Sophia soltou. — O Micael precisa autorizar essa quantia!

— Como é? — Franziu o cenho.

Sophia respirou fundo, estava nervosa demais.

— O gerente dele não vai deixar você sacar dois milhões de dólares no mesmo dia, ele precisa saber o por quê e precisa da autorização do Micael. — Explicou. — Eu só tenho o poder de assinar, a palavra final é com ele.

— Então você vai amanhã no banco comigo e vamos retirar essa quantia de lá.

— É o Micael, Alan. E não eu! — Chorou. — Eu não posso fazer mais nada pra te ajudar.

— VOCÊ É UMA VADIA! UMA VADIA DE MERDA! — Gritou, surtando. — Desde o colegial você sempre foi uma vadia de merda, metida a besta que só queria subir em cima de todo mundo naquela porra de lugar! — Bateu com o revólver em sua própria cabeça, colocando medo em Sophia, como um maníaco. — Ainda bem que o Micael fez aquela porra de contrato com o seu pai, você mereceu. Aliás, você mereceu tudo que ele fez pra você, durante todos esses anos. Sabe por que você é assim? É porque você nunca vai superar o fato que o seu pai chupa o pau do seu ex-namoradinho de merda. É por isso que você é assim! — Umedeceu os lábios.

Sophia estava acabada. Chorava em silêncio.

— Deve ser uma merda levar a vida que você tem, não é mesmo? — Encarou Sophia. — O Micael tem mais prioridade em uma empresa do que em casa. O seu filho é de proveta? Porquê, você não transa com ele, aliás, ele sempre me contou que você não transava com ele! — Andou de um lado para o outro. — A vida dele deve ser uma merda, é por isso que esse tumor chegou, pra mostrar que realmente a vida dele é uma merda.

— CHEGA, ALAN! — Sophia engoliu o choro, esbravecida. — JÁ CHEGA! EU NÃO QUERO MAIS SABER DE NADA. EU QUERO QUE VOCÊ SAIA DA MINHA CASA, AGORA! — Ordenou.

Alan assentiu, passou a mão nos lábios enquanto ria maléfico. Aproximou-se de Sophia novamente, segurando o seu queixo.

— Escuta aqui, vadiazinha do caralho. Clã das meninas líderes de torcida. — Se lembrou, cerrou os dentes. — Eu vou dar uma proposta pra você e não tem como você não aceitar!

Sophia assentiu, aceitando tudo o que viria.

— Você tem quinze dias pra contar toda a verdade ao Micael. Entendeu? — Ela assentiu. — Se você não contar, eu conto, e olha que eu tenho mil provas atrás de mim, uma seguida da outra. — E tinha mesmo. — Se você fugir, eu vou te achar, e quando eu te achar não vai ser uma boa coisa! Eu vou fazer a sua vida um inferno. E esse seu bebê? Nem vai estar aqui pra contar história.

Sophia sentiu um aperto enorme, a cabeça doeu demais. Só de imaginar, já estava desesperada.

— Você tem quinze dias, entendeu? — Apontou em sua face. — E eu vou contar todos os dias! Todos! Foda-se se ele estiver em tratamento, eu não quero saber. Eu quero que você conte toda a verdade.

Sophia assentiu.

— Eu quero ver a sua desgraça, Sophia Abrahão. Mal posso esperar, você merece mais do que todo mundo nessa porra de historia! — Cuspiu as palavras, um Alan diferente ressurgiu.

Mia segurou em seu braço, o buscando.

— Vamos, amor. — O chamou.

— Quinze dias! — Lembrou novamente, antes de sair.

Sophia gritou horrores quando Alan deixou o apartamento, junto de Mia. Chutou sua mala, bagunçou os cabelos e se acabou de chorar. Estava perdida! Não tinha muito o que fazer, a não ser, contar toda a verdade.

Ela havia entrado em seu próprio problema.

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