— Mãe, tô saindo! — Desci as escadas com pressa.— Aonde você vai? Eu te chamei pra jantar umas três vezes. — Bateu com as mãos na mesa, não entendendo a minha pressa.
— Eu preciso sair. — Não queria explicar muito.
— Na verdade você tá saindo demais, não acha? — Meu pai me olhou por cima, dando um suspiro de paciência.
— É sério pai, eu preciso muito sair. — Quase implorei. — Vejo vocês... Amanhã?
— Você vai dormir na casa da Sophia? — Minha mãe soltou um risinho debochado.
— E você tá namorando a Sophia agora? — Meu pai ficou impressionado em saber. — Isso é novidade aqui em casa!
Por que a minha família era assim?
— Eu só preciso sair e não, eu não estou namorando a Sophia. — Peguei a chave do meu carro.
— Não é pra voltar tarde, hein! — Minha mãe soltou o aviso mas eu caguei pra ela, como sempre cagava.
Destranquei o carro e entrei, acendendo a luz pra poder enxergar melhor e me assustando com Lidiane dentro do carro, com os fones de ouvido.
— PUTA QUE PARIU, LIDIANE! — Bati as mãos no volante. — VOCÊ QUER ME MATAR?
— Ei! Não precisa gritar desse jeito. — Retirou os fones de ouvido. — Eu só queria fugir da mamãe.
— Tá aí uma coisa impossível de se fazer. — Fui irônico. — Agora vaza do meu carro!
— Eu não quero voltar pra casa. — Fez uma cara super triste que quase me comoveu.
Me comoveria mais se eu não fosse irmão dela.
— Não me interessa se você não quer voltar pra casa. — Fui rígido. — Vaza do meu carro que eu preciso sair, por favor. — Soltei, sem paciência.
— Você vai ver a Sophia?
— Te interessa?
— Me leva pra dar uma volta, sei lá. Eu preciso viver, Micael! — Do nada?
— Você tá sofrendo pelo o seu primeiro namorado, não adianta pagar de heroína e dizer que vai sair pra pegar geral. Você ainda é uma aborrecente que não sabe nada da vida. — Liguei o motor. — Agora dá pra sair?
— Você não vai mesmo me levar pra um lugar legal?
Bufei antes de pegar o celular de Alan no bolso da minha bermuda jeans. A mensagem de Sophia apareceu no visor.
"Jantar rolando, deve demorar! Te mando mensagem assim que acabar"
— Temos tempo. — Sorri amarelo à Lidiane que quase pulou em cima de mim, se alegrando.
Não tinha muito o que fazer com uma menor de idade, assim como eu. O que restava era um sorvete de cinco dólares com duas bolas e cobertura extra, e...
Andar pela famosa ponte do Brooklyn, enquanto conversávamos.
— Eu dei o meu primeiro beijo aqui. — Me lembrei. Lidiane fez uma careta.
— Que nojo!
— E você não beija?
— Eu beijava. — Ficou triste rapidamente.
— Eu sei que a gente não tem intimidade o bastante pra isso mas... O que rolou entre você e o Lucas?
Lidiane soltou um suspiro.
— Ele tinha outra, Mica. — Soltou. — Me prometeu o mundo e tinha outra.
— Garotos... — Comi a casquinha do meu sorvete.
— Aposto que você também é assim.
— Eu? Jamais! Posso ser tudo menos infiel. — Deixava bem claro pra todas as meninas que eu me comprometia. — Agora, você não deveria ficar triste por um garoto que ainda tem fimose.
— MICAEL! — Lidiane berrou.
— E eu tô falando mentira? — Queria muito rir mas comecei a ter dó da minha irmã. — Ele te prometeu o mundo mas não tem nada.
— Igual à você! Tenho certeza que você promete o mundo pra Sophia mas não tem um dólar no bolso.
Paramos de caminhar, nos escorando no concreto da ponte. A vista dali era incrível!
— O meu caso com a Sophia é totalmente diferente. — Pensei. — Eu sei que eu não tenho nada pra oferecer pra ela, mas, somos um pouquinho mais evoluídos do que vocês.
— Tá chamando a gente de criança?
— Sim? — Lidiane não gostou muito. — Você ainda não tem maturidade pra levar um relacionamento à sério, Lidiane. Tem muito o que aprender ainda!
— E você aprendeu alguma coisa tendo a Sophia do seu lado?
— Sim, muita coisa. — Aprendi até em como pensar na minha vida na cadeia, caso eu matasse o pai dela. — Nossas vidas são diferentes mas eu aprendi muita coisa com ela.
— Você não fica mal por isso?
— Status financeiro?
— É.
— E por que eu ficaria mal? — Remexi meus ombros.
— Porque você precisa usar o dinheiro dela pra ser feliz.
— E quem disse uma merda dessa pra você? Eu não uso a Sophia por conta de dinheiro, Lidiane. Eu amo ela e dinheiro não é tudo. — Diz isso pro contrato que eu assinei então!
— Tá. Não vou discutir com você, não vamos chegar à lugar nenhum. — Ela terminou o seu sorvete. — Eu só queria ser feliz.
— Aí garota, vai viver! Ninguém morre de amor. — Já dizia a minha mãe.
Minha irmã revirou os olhos antes de sairmos de lá. Já tinha feito a minha operação babá e levaria ela pra casa de novo, consegui enrolar por mais ou menos duas horas na rua, o resto era com Sophia.
Estávamos quase chegando em casa quando Lidiane soltou uma pérola.
— Mica. — Se virou no banco do carro, me observando dirigir. — Eu acho que o papai tá traindo a mamãe.
— E como você tem certeza disso?
— Eu não tenho certeza mas ele anda muito estranho. Você não acha?
— O papai sempre foi desse jeito, Lidiane. Não surta! — Comecei a pensar nas palavras de Renato, nas ilhas Fiji.
"Eu sei o que o seu pai faz escondido quando ninguém está olhando".
— Você ficou estranho.
— É que você enche a cabeça dos outros com nada. — Me estressei. — Eu só não quero você enchendo a cabeça da mamãe com isso. Ela tá grávida! Devo te lembrar isso de novo?
— Como não esquecer. — Lidiane cruzou os braços.
Havíamos chegado em casa. Puxei o freio de mão enquanto Lidiane se soltava do cinto.
— Valeu pelo sorvete.
— Você ocupou o tempo que eu precisava. Agora calada e não diga que eu te levei pra... Passear.
— Não vou falar nada. — Destrancou a porta. — Mas todos nós sabemos que você vai ver a Sophia.
— Se você sabe por que fica rodeando a pergunta mil vezes? — Eu não entendia a lógica da minha irmã.
— Porque eu gosto de te irritar. — Ela saiu do carro, batendo a porta em seguida.
Observei Lidiane entrar. Peguei novamente o celular de Alan, mandando uma mensagem à Sophia.
"Tô saindo de casa! Vou ficar esperando do lado de fora"
E lá vamos nós!
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Aposta de Amor
RomanceMicael Borges e seu grupo de amigos decidem criar uma aposta maluca, onde o foco é atrair a atenção de Sophia Abrahão, a popular do colégio e a estrela das líderes de torcida. O por quê disso? Simples: Queriam se vingar de seu namorado. Mas a apos...