Capítulo 28

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— Micael? Isso é loucura. — Alan verificava o microchip entre seus dedos, analisando como se soubesse de alguma porra por dentro.

— Isso é a minha salvação! — Peguei o microchip de volta.

Retirei o plástico protetor do novo celular que havia comprado, de terceiros, semi-novo. Arrumei o microchip dentro do aparelho antes de ligá-lo.

— Tá. E qual é o seu plano mirabolante? — Alan cruzou os braços em deboche, fazendo uma careta em seguida.

— Eu vou colocar o chip nesse celular e então a mágica irá acontecer! — Sorri. — Vou enviar mensagens ao celular de Jack mas sem que ele veja.

— E como você vai fazer isso, Micael? É tecnicamente impossível!

— Claro que não. — Estalei os dedos. — Lembra daquele programa que o Duff instalou no celular da ex-namorada dele? — Abriu meu notebook rapidamente, procurando o aplicativo nos arquivos.

— Como não esquecer. — Alan revirou os olhos.

— Eu vou instalar esse programa no celular do Jack e depois a mágica está pronta! — Copiei o aplicativo para um pendrive.

O plano era simples: roubaria o celular de Jack por poucos segundos, instalando o aplicativo e fazendo a conexão com o celular que eu havia comprado. E depois... Eu me passaria pela garota em que ele estava conversando. Não é perfeito? Quase uma coisa de 007. Se Sophia um dia vier a descobrir, eu me safarei dessa tranquilamente.

E Jack? Adeus pra ele!

— Você tá caidinho por ela mesmo, hein. — Alan me rondou.

— Eu tô apaixonado por ela. — Suspirei, abaixando a tampa do notebook. — Ela é diferente, Alan! Eu sempre tive uma visão chata da Sophia mas conhecendo ela pessoalmente, tudo muda.

— Não muda não, é que você tá apaixonado. — Riu. — A loirinha do poder te enfeitiçou.

— É. — Suspirei.

— Mas a pergunta que não quer calar. — O mesmo esfregou as mãos. — Já transaram?

— Não. Ela sempre trava quando vai acontecer alguma coisa. — Soltei e em seguida arregalei meus olhos. Alan estava incrédulo, com a boca aberta e pronto pra morrer de rir.

— Não me diga que vocês já fizeram algo...

— É, a gente fez sim. Eu fiz! — Me lembrei, com um pouco de vergonha por dividir isso com Alan. — Mas ela sempre trava depois, fala que ainda não tá na hora, esse tipo de coisa.

— Ela é virgem?

— Pior que não.

— E ela tá com medo do que então?

— Vai ver é medo do Jack, já que ele ameaça ela.

— Caraca! Essa menina é meia problemática, né? — Alan buscou sua bolinha de golfe, guardada na prateleira.

— Total. O pai dela é meio misterioso. — Trinquei meu maxilar, pensando. — Ele prende demais ela, como se a Sophia fosse se soltar igual à essas menininhas assanhadas.

— Mas vai que isso acontece? Ele é pai, tem todo o direito!

— Não sei. — Ainda estava pensando. — Eu ainda acho estranho essa conexão com ele e Jack. — Alan me observava. — Empresa é o caralho! — Neguei.

— Você acha que tem um segredo por trás?

— Eu não duvido mais nada daquela família.

Realmente, não duvidava de mais nada.

— Você sabe onde eu posso arrumar alguma fantasia de homem gato? — Alan gargalhou até perder o fôlego. Odiava quando ele fazia isso!

— Hom... Homem... Homem gato? — Ele ainda ria. — Micael, o que você tá fazendo? — Terminou de rir.

— É pra festa da Mel. — Expliquei. — É a fantasia!

— E você vai? Ela te convidou?

— Tecnicamente... — Não, ela não me convidou. — Mas ninguém precisa saber.

— Você tá terrível, cara. — Alan negou com a cabeça. — Você sabe que o Duff vai estar lá. Não sabe?

— Como não saber. Agora ele é tecnicamente namorado da Mel.

— É.

Alan e eu ficamos o restante da tarde conversando, tinha tudo em mãos quando estava voltando pra casa, ainda cedo. Meus pais não haviam chegado, o que me daria tempo de tomar um banho demorado e quente, com segundas ótimas intenções.

Mas minha mente mudou tudo quando encontrei Lidiane e o namorado aos beijos, no sofá, quase transando com roupas. Era difícil pra um irmão presenciar aquilo!

— EI! EI, EI! EI! — Gritei.

Os dois se soltaram.

— Mica. — Lidiane tinha os lábios inchados e rosados.

— O que vocês estão fazendo aqui sozinhos? Posso saber?

— A gente veio pra casa, né? — Encarou o namorado que assentiu, ainda em choque. — A mamãe ainda não tinha chegado, quer dizer, ela não chegou.

— E vocês estavam quase se comendo aqui dentro!

— A gente só tava namorando. — Se defendeu.

— Se comendo. — Voltei a repetir.

— Ai, Mica! Para de ser dramático. — Lidiane se levantou, dando uma volta. — Você vai contar pra mamãe?

— É claro que eu vou! E não adianta você fazer cara de choro. — Avisei.

A campainha tocou.

— Borboleta? — Abriu a porta e franzi meu cenho. Como ela achou a minha casa?

Ah... Ela sabia tudo sobre mim. Quase tudo!

— Surpreso em me ver? — Ela entrou com tudo, dando de cara com minha irmã e meu, tecnicamente, cunhado. — Ah... Oi. — Acenou rápido com a mão.

— Sua namorada, Micael? — Lidiane alfinetou.

— Ele é meu melhor amigo. — Sophia respondeu, confiante. Me encarou novamente. — Eu trouxe o desenho da minha roupa. Tive que vir aqui te mostrar! — Deu pulinhos de alegria.

— Como você achou a minha casa, borboleta? — Dei um risinho mas na verdade gostaria de saber como.

— Digamos que eu roubei a sua ficha técnica do colégio. — Mostrou a língua. — Você nunca me disse onde morava, eu queria saber logo de cara pra falar com você. — Colocou os braços para trás.

Uau, que danadinha.

— Eu estava dando uma coça na minha irmã. — Disse à ela. — Acredita que os dois estavam se pegando? Sozinhos!

— E o que tem? — Ah não.

— Ela é muito nova pra isso, Sophia. — Estava me irritando. — E não adianta fazer cara de choro, eu vou contar tudo pra mamãe! — Avisei Lidiane novamente, apontando para a mesma.

A porta da sala se abriu de novo, revelando agora a minha mãe.

— Olá? — Observou todos em sua sala. — Quem morreu?

— Olá, senhora... — Sophia sorriu à minha mãe que não tinha feito o mesmo. Odiava que chamassem ela de senhora, mas entendia a educação de Sophia.

— Senhora não! Me chame de qualquer coisa, menos senhora. — Descontraiu o clima. — Meu nome é Beth. Mas pode me chamar de linda, cheirosa, encantadora e com seios fabulosos. — Minha mãe sorriu, fazendo Sophia rir.

— Ok. Beth. — As duas entraram em um consenso ótimo de sorriso.

— Mãe, essa é a Sophia. — Apresentei. — Sophia, essa é a louca da minha mãe. — Engoli seco.

— Tô grávida de novo. Sabia? — Aquela noite iria render.

Coitadinha da Sophia.

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