Capítulo 39

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Fiquei em frente ao espelho, cismado por usar um minúsculo shorts jeans, um cropped mostrando toda a minha barriga e no pé uma sandália extremamente alta, que com certeza eu cairia se desse dois passos. Sophia pedia para que eu virasse, andasse e desse voltinhas até o corredor do closet. Ela estava morrendo de rir! Mas confesso que ficou bastante engraçado, até eu estava rindo.

— Borboleta. — Coloquei minhas mãos na cintura, observando o shape gostoso que eu tinha. Ainda mais com uma roupa daquela.

Tava pior do que uma prostituta de rua.

— Ai Borboleto. — Sophia terminou de rir. — Só você pra me arrancar boas risadas.

— Você precisava rir mesmo. — Retirei a sandália. — Quer dormir lá em casa hoje?

— Ficou maluco? Eu estou de castigo, esqueceu? — Pareceu óbvia enquanto falava comigo, buscando a sandália e guardando na prateleira à cima, com outros sapatos de grife.

— Você nunca ouviu a palavra... Fugir? — Arqueei minhas sobrancelhas.

— Eu acho melhor não, Mica. — Ela estava com medo. — Meu pai é imprevisível, ele pode fazer qualquer coisa comigo. — Segui Sophia que saiu do closet.

— Mas e se... — Fui interrompido pela maçaneta da porta, abrindo desesperadamente após dois toques fortes na madeira firme. Arregalei meus olhos e Sophia correu para me esconder.

— Debaixo da cama, debaixo da cama. — Ela me empurrou pra debaixo da cama, onde meu corpo sofreu um pouquinho pra caber ali. Meu tríceps prendeu no estrado, impossibilitando a entrada. Mas no final, meu corpo ficou estreito e coube direitinho, apertado mas coube.

— Sophia, abre essa porta! — Vi Sophia correr até à porta, destrancando e abrindo devagar. — O que tava fazendo, amor? — Era Jack. Menos mal!

Menos mal o caralho! Eu queria que ele sumisse.

— Nada... Por que?

— Pedi pro seu pai pra vir aqui. — Senti ele se sentar na cama. — Você não sabe o que me aconteceu hoje. Aquele gayzinho do seu amigo me deu um soco no rosto, dá pra acreditar?

— O que você aprontou com ele, Jack?

— Eu? Eu não fiz nada! — Tentou se defender. — Ele veio pra cima de mim e começou a me dar bofetadas. — Que mentiroso do cacete! — Meu rosto ainda dói, meu amor. Você não vai fazer nada?

— Eu não sou médica. — Toma distraído!

— Não tô gostando do jeito que você tá agindo. — Jack reclamou.

Escutei alguns gemidos irritados e no final o barulho de um beijo sugado, prensado e totalmente forçado. Sophia tentou sair mas não conseguiu, ele a prendeu.

— Que foi, Sophia? Eu sou o seu namorado, esqueceu?

— Eu não quero fazer nada. — Foi altamente clara.

— Então agora é assim? — Ele se levantou, começando a andar pelo quarto. — Faz três semanas que você não dá pra mim. Três! — Se você soubesse usar a coisa que tem no meio das pernas... — Eu tô ficando bravo com esse seu novo jeito.

— Meu novo jeito? Eu tô normal, Jack! Eu só não quero fazer nada hoje.

— Nem hoje, nem amanhã, nem depois de amanhã... — Jack voltou até à cama, fiquei prestando atenção no barulho. — Se você não vai fazer isso por bem, eu vou ter que fazer isso por mal. — Os barulhos de beijos começaram de novo.

— Para Jack, eu não... Quero. — Sophia relutou mas ainda sim ele continuava.

— Quietinha, meu amor. Eu prometo que vai ser rápido! — Tomei um susto quando a bermuda de Jack caiu ao meu lado.

E meu sangue ferveu! Ele não seria capaz de fazer uma merda daquelas... Não mesmo! Nem por cima do meu cadáver maquiado e com as roupas de Sophia.

Tomei impulso saindo lindamente debaixo da cama, segurando ele pelas costas e o deixando cair no chão. Fiz uma chave de braço em seu pescoço, grudando minhas pernas em seu corpo e tentando torcer a sua cabeça ou qualquer parte do rosto pra machucar. O moinho de briga se fez no chão.

— Eu vou matar você. — Grunhi meus dentes e parti pra centenas de chutes em sua perna.

— Não se eu matar antes, seu veadinho de merda! — Jack tentou retirar a chave de braço mas não conseguiu.

Mordi a orelha de Jack que deu um grito alto.

— PAREM VOCÊS DOIS! PAREM! — Sophia começou a gritar, tentando deter. Foi ao meio de nós mas não conseguiu nem relar um dedo.

— Você se acha o garanhão, né? O gostosão... Não passa de um pobre qualquer. UM POBRE! — Jack me deu um chute certeiro, me fazendo rolar de dor.

Sophia entrou no meio de uma vez, ficando entre nós de novo para separar, mas, ganhou um soco na bochecha, vindo de mim. Parei tudo que estava fazendo, vendo ela se queixar de dor com a mão no local. Eu queria muito me matar por vê-la daquele jeito, ainda mais vindo de mim.

— SOPHIA! — Corri até ela que tinha a mão na bochecha. — Princesa, tá tudo bem? Deixa eu ver você, deixa eu ver. — Tentei lhe tocar mas ela não deixou. Estava brava comigo e com dor no local.

— Você me bateu. — Silabou baixinho e deixou as lágrimas caírem.

— Meu amor, foi totalmente sem querer. — Eu estava péssimo. — Foi...

— VOCÊ ME BATEU! — Ela gritou com toda a raiva, se levantando e partindo pra cima de mim.

Sophia rasgou o pequeno cropped que eu estava usando, logo depois, deu socos fortinhos em minhas costas, tendo Jack como apoio, que também estava me chutando. Aquilo era um complô? Eu estava apanhando do casal mais idiota do colégio?

Peguei Sophia pelas pernas e a deixei suspensa, ela continuava a me bater, só que agora um pouco mais leve. Pisei na mão de Jack quando ele perdeu o equilíbrio e caiu no chão, do nada.

Coloquei Sophia no chão novamente, só que agora, dentro do closet.

— PARA COM ISSO. — Chacoalhei a mesma que parou, em segundos. Sua raiva tinha passado?

— VOCÊ ME BATEU! NINGUÉM BATE EM MIM! — Foi pomposa ao tentar me desafiar, falando mais alto. Essa era a minha garota!

— VOCÊ ENTROU NO MEIO, ERA ÓBVIO QUE IA APANHAR DE ALGUM DOS DOIS. — Fiquei irritado e ela também. Fechei meus olhos e lhe abracei, vendo ela me empurrar.

Sophia começou a andar de um lado para o outro, chorando.

— Então é isso que ele faz com você? — Meu semblante foi derrotado ao perguntar, era nítido que Sophia não queria tocar no assunto. — Você tolera isso numa boa?

— Cala a boca, Micael. — Tentou prender o choro.

— Você tolera isso vindo do seu próprio namorado? E não faz nada? — Esperei por sua resposta mas só obtive o choro de Sophia. — É isso que você chama de amor?

— PARA COM ISSO! — Gritou de volta, chorando mais ainda. — Vai embora daqui, agora! — Abriu a porta do closet pra mim, que assenti, extremamente puto. — Você também, vai embora! Eu não quero nenhum dos dois aqui. — Nos empurrou pra fora do quarto, sem ter a chance de falar nada.

Fomos surpreendidos por Branca do lado de fora, tentando entender o que estava acontecendo no quarto de Sophia.

Já posso dizer que... Fodeu?

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