Capítulo 51

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Cinco horas depois.

Eu estava preocupado, bastante preocupado! Sophia ainda não tinha acordado, o que me deu motivos para surtar um pouco a mais. Minha mãe havia me ligado umas doze vezes enquanto eu estava aqui, mas dobrei a velha dizendo que não voltaria pra casa, e se voltasse, voltaria bem tarde. Não ousei em sair do quarto, já que, escutei barulhos vindo lá de baixo e a voz de Branca perguntando onde estava alguma coisa. Óbvio que ela havia visto o meu carro lá fora, só que não ligou, ela parecia o oposto de Renato.

Eu vasculhei várias coisas possíveis no quarto de Hannah Montana que Sophia tinha. Fucei em seu closet, abri gavetas, mexi em caixas velhas e procurei papéis importantes que me ajudariam em alguma coisa. A resposta? Só consegui encontrar cartas melosas que Jack à escrevia e alguns diplomas de cursos que Sophia nem precisava.

Que coisa inútil!

— Micael? — Sophia me chamou, sonolenta. Graças a Deus!

— Oi, borboleta. — Fui até sua cama, me agachando perto da mesma que forçava os olhos para ficarem abertos. — Como você tá se sentindo? — Toquei em seus cabelos.

— Um pouco melhor. — Me tranquilizou. — Deu tudo certo?

— Deu sim. Deu tudo certo! — Beijei sua mão, que estava um pouco gelada. — Vamos passar uma borracha nisso, o que você acha? — Ela assentiu.

— Estou com fome. — Queixou-se.

— Vou preparar alguma coisa pra você. — Avisei Sophia que me parou rapidamente.

— Minha mãe já chegou?

— Já sim. Você dormiu por cinco horas, borboleta. — Contei. — Tem certeza que o seu pai não chega hoje?

— Tenho. Pode ficar tranquilo! — Sorri. — Você vai dormir aqui comigo hoje, né?

— Vou, eu vou sim. — Sophia sorriu. — Vou preparar alguma coisa pra você. — Ela assentiu. — Já volto! — Dei uma piscadinha fazendo Sophia dar um sorriso gostoso.

Minha missão impossível daquela noite: mexer em uma cozinha de rico sem ser visto.

E foi o que eu fiz.

Desci as escadas em passos de fantasma, como minha própria irmã dizia. Me dirigi até à imensa cozinha de rico que os pais de Sophia tinha, tentando verificar a geladeira e procurar as outras coisas, que deveriam estar na dispensa. Consegui achar alguns pães de forma e os porta-frios que estavam dentro da geladeira. Iria fazer um sanduíche leve à Sophia, com um suco de laranja natural.

— Pensei que já estivesse ido. — Me assustei com Branca em minha frente.

Meu coração parou por dois segundos e depois voltou.

— Eu, eu, eu... — Travei como um disco velho. — A Sophia estava com fome. — Me justifiquei.

— Não precisa dizer nada, Micael. — Ela se escorou no balcão. — Pra mim, você é muito bem vindo!

— Obrigado. — Sorri sem graça.

— As vezes eu me sinto uma palerma por Renato tratar você tão mal assim. — Ela continuou. — Mas sei que é um menino de bom coração, eu consigo ver isso.

— Poxa, eu nunca pensei que receberia tanto elogio assim de uma vez. — Fechei o pão de Sophia, tentando não manter o contato visual com Branca.

Mas ela foi ágil, tocando minha mão e me fazendo prender o olhar sob ela. Só espero que a velha não esteja dando em cima de mim!

— Você gosta da Sophia, não gosta? — Foi direta.

— Eu amo a Sophia. — Não tinha como esconder.

— Você faria qualquer coisa por ela?

— Qualquer coisa. — Engoli seco.

Onde eu estava indo amarrar o meu burro pela décima vez na vida? Os Abrahão era uma família difícil de lidar.

— Eu tenho um plano pra você. — Branca cruzou os braços, me fitando. — Como eu não gosto desse namoro dela com o Jack, e também, não quero que as empresas Abrahão seja transferidas à esse merda. — Já falei que eu amo a minha sogra? — Eu quero colocar você no caminho do Renato.

Acredite, eu já estava no caminho do Renato faz tempo!

— Como? — Me impressionei.

— Lute por Sophia! — Silabou. — Mostre que você é o dono disso tudo. Mostre que você é meramente apaixonado por ela, e que, fará de tudo pra ter Sophia ao seu lado.

— Eu ainda não entendi o questionamento da senhora. — Eu estava confuso.

Branca remexeu os lábios antes de soltar a frase.

— Engravide a Sophia. — O QUE? — Engravide a minha filha e lute com Renato para as suas conquistas.

— Dona Branca, eu... — Que mulher louca da porra!

Ela sabe que a filha dela acabou de matar um filho que desceu pelo ralo da banheira?

— Eu não posso fazer isso, o Renato me mataria. — Caminhei pela cozinha. — E Sophia nunca iria ter um filho meu.

— E como você tem razão disso?

Por que ela abortou um do Jack?

— Mas você pode mudar essa situação! — Rebateu no assunto. — Escute só. — Me puxou pelo braço, me fazendo sentar na mesa próxima à ela. — O Renato não vai durar por muito tempo na empresa, Micael! É isso que ele está fazendo com o Jack, o treinando pra colocar aquele moleque burro lá dentro.

Compreendi o seu desespero.

— Jack está sendo treinado pra comandar as empresas Abrahão?

— Todo o santo dia! As conferências que ele e Renato estão participando é justamente pra isso. — Branca contou. — O Renato quer com que Jack se case com Sophia, e se isso acontecer, vamos cair definitivamente.

— E o Renato não vê que ele é um nada pra Sophia?

— Ele não consegue ver isso, parece estar cego! Ele trata o Jack como se fosse filho e isso não pode acontecer, Micael!

Fiquei realmente pensativo, mas eu já estava com a corda no pescoço. E o contrato? Como eu entraria em outra dívida com a dona Abrahão sendo que já tinha um contrato assinado com o dono Abrahão?

Era difícil demais...

— O que eu deveria fazer se aceitasse isso?

— Namore com Sophia, mostre que você tem peito de frente e batalhe por tudo! Até você conseguir o mais importante. — Ela sorriu, bastante confiante.

— E o que é mais importante?

— As empresas Abrahão. — Puta que pariu! — Se você passar por cima de Renato e mostrar que tem mais inteligência do que Jack, você já está feito na vida, Micael!

PUTA QUE PARIU!

PUTA QUE PARIU!

Imagine eu, dono das empresas Abrahão? Cacete! Eu daria um puta orgulho pro meu pai, fora a grana que eu receberia, nunca mais tendo que me preocupar com falta de grana em casa.

— E então? Você aceita?

É, eu estava fodido real!

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