— Bom dia. — Sorri à Sophia quando entrou no carro. Me deu um beijo rápido, sorrindo em seguida.— Bom dia. — Passou o cinto de segurança.
Vi algo perfeitamente dobrado entre as suas pernas. O logotipo do colégio brilhou em minhas vistas.
— O que é isso? — Franzi meu cenho, dando atenção no trânsito e em Sophia, tudo ao mesmo tempo.
— É o uniforme do clã. — Suspirou. Um suspiro de tristeza, angústia e... Saudade?
— Sabe que não precisa fazer isso, né? — Toquei sua perna.
— É eu sei mas... Eu preciso. — Ficou em transe. — Eu não quero mais viver nesse meio.
— Mas meu amor, você praticamente é o próprio clã. — Eu não conseguia aceitar que ela sairia do clã por nada. — Royalty não vai ser o mesmo se você sair do time. — Virei o volante suavemente.
— Podem achar outra menina no segundo ano! Eu não preciso mostrar que sou completamente doente pelo clã. Mesmo eu sendo. — Se entristeceu. — Mas vai ser bom dividir outros ares. — Respirou fundo, soltando um sorriso mais sincero do que nunca. — E então, como foi com a garotinha ontem?
— Ah, foi tranquilo! Eu me dei bem com ela, ganhei um desenho e...
— Quanto eles te pagaram?
— Trezentos dólares. — Sorri. — E hoje tem de novo.
— Trezentos dólares? Só isso? — Sophia não gostou muito.
— Sophia, trezentos dólares é muito dinheiro, tá?
— Não é não. — Ela torceu o nariz. — Eu já comprei uma maquiagem de trezentos dólares. Pra mim, isso é exploração ao trabalho. — Encarou as unhas e voltou a me encarar. Um olhar abatido. — Falei demais, né? — Mordeu a ponta dos dedos.
— Eu gostaria de ganhar um salário digno pra poder comprar um carro, mas infelizmente ainda não trabalho com algo específico. Não vou ficar cuidando de criança a vida toda! — Esbraveci.
— Desculpa, eu não queria ter falado isso. — Queria sim mas se arrependeu.
Deixei passar. Não chegaríamos em nenhum lugar com isso!
Eu e Sophia saímos do carro, vendo o murmurinho de pessoas na entrada. Franzi meu cenho tentando entender o que estava acontecendo.
— O que é aquilo ali? — Sophia perguntou, enlaçando suas mãos nas minhas.
Caminhamos até lá.
— Não sei. — Tinha a testa franzida, chegando mais perto do murmurinho de pessoas.
Avistei Duff entregando panfletos. Que porra era essa?
— Pode chegar, chegar chegando! — Escutei sua voz. — Borges e Sophia bela Sophia! — Abriu os braços e logo após buscou dois panfletos, me entregando um e dando outro à Sophia.
— O que é isso, Duff? — Fiz uma careta após encara-lo de novo.
— A minha festa. — Disse simples e animado. — Eu vou dar uma festa! — Meu Deus, quem foi o responsável? — Meus pais viajaram e você sabe, né? — Me encarou com um olhar péssimo, que era pra ser considerado um olhar sedutor.
É por isso que o Duff não transava.
— Não, eu não sei. — Pisquei pra ele.
— Uma festa, cara! Putaria, sexo, suruba e tudo o que você pode imaginar. — Esfregou as mãos, animado. — Desculpa por escutar isso, Sophia.
— Eu não ligo muito. — Sophia respondeu, soltando um riso sem graça. Encarou o panfleto novamente. — Você quem fez? — Balançou o papel.
— É! Eu imprimi tudo na noite passada e eu mesmo fiz a arte. Gostou? — Apontou para o desenho da garrafa, com o logotipo da cerveja Duff e sua cara estampada na boca da garrafa.
Péssimo!
— Parece bom mas você escreveu presença com dois "s". — Sophia o corrigiu, sorrindo amarelo à ele. O brilho do Duff sumiu e eu tive uma crise de riso, verificando o erro.
— Vou tentar melhorar na próxima. — Sorriu falso à ela, que ficou com vergonha. — Mas e aí, Borges. Você vai? — Me encarou.
Observei Sophia que ficou quieta.
— Vamos ver. — Guardei o panfleto. — E vê se vai logo com isso, daqui à pouco a cobra chega. — Me referi a diretora, que chegaria por volta de vinte minutos.
Entramos no colégio, Sophia ficou em minha frente enquanto andava de costas, me tentando convencer de algo.
— Vai cair desse jeito! — Alertei.
— Não vamos ver. Nós vamos ir! — Suplicou. — Não vamos?
— O que? — Soltei um riso. — Você quer ir na festa do Duff?
— Eu quero!
— Sophia, é o Duff. Hello! — Imitei a minha mão, estalando os dedos.
— Mas ele parece ser gente boa e... Eu nunca fui em uma festa. — Colocou as mãos para trás. — Não uma que tivesse suruba, sexo e putaria. — Lembrou das palavras do meu querido amigo.
— Acontece que não vamos participar de nenhuma suruba, nem fazer sexo e muito menos estar dentro de uma putaria. — Ela entristeceu. — Não vou dividir você com ninguém e... Você já foi em uma festa, não se lembra?
— Mas você era gay, quer dizer. — Fez uma careta. — Não teve tanta graça assim, você mentiu pra mim e depois foi vestido de Batman. — É, foi meio merda.
Levantei uma sobrancelha minha.
— Você quer mesmo ir à festa do Duff?
— Quero.
— Certeza?
— Micael, o que pode acontecer de ruim?
— TUDO. — Assustei Sophia. — Faz anos que o Duff não dá uma festa, e vai por mim. — Ela parou de andar para trás, um pouco zonza. — Não é uma boa. — Segurei suas mãos.
— Nunca mais eu vou andar o corredor inteiro de costas. — Protestou. — Preciso ir na diretoria. — Beijou os meus lábios, rápida. Apertei a polpa da sua bunda pela saia pequena, Sophia sorriu cúmplice.
— Vê se não demora.
— Se eu demorar, possa ser que... Eu esteja na festa do Duff. — Brincou comigo, saindo pelos corredores.
— Você não seria louca, eu te bateria por isso. — Disse um pouco mais alto, vendo Sophia dar risada antes de sumir das minhas vistas.
Alguns alunos me encararam estranhamente.
— O que foi? Tá olhando o que? — Encarei de volta.
— Você bate em mulher. Sabia que você pode ir preso? — A menina rebateu comigo, olhando estranhamente como se eu fosse um mafioso.
— Eu bato na cama, não é um crime. — Soltei, recebendo outros olhares. — Vão se foder! — Entrei na sala de aula.
Deixei minha mochila em cima da carteira, me arrumando no lugar. Chay entrou junto com Arthur, ambos rindo do panfleto de Duff.
— Fala aí, cara! — Nos cumprimentamos. — Você viu essa atrocidade? — Balanço o papel pra mim.
— Sophia quer ir. — Segurei meu riso. — Alguém avisa ela?
— Vamos dar uma força pro cara! Não deve ser tão ruim quanto estamos pensando. — Chay soltou, me olhando e logo após olhando Arthur, que teve uma crise de riso, assim como eu.
— Quer saber? — Terminei de rir. — Eu vou na festa!
— Você e a Sophia? — Arthur se impressionou.
— Sim. O que pode acontecer de ruim?
Tudo.
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Aposta de Amor
RomanceMicael Borges e seu grupo de amigos decidem criar uma aposta maluca, onde o foco é atrair a atenção de Sophia Abrahão, a popular do colégio e a estrela das líderes de torcida. O por quê disso? Simples: Queriam se vingar de seu namorado. Mas a apos...