O despertador da minha cômoda tocou. Seis e cinquenta. Sophia ainda dormia ao meu lado, tranquila, sua respiração era calma.
Fui abrindo os meus olhos devagar, passando a mão no meu rosto e me espreguiçando até conseguir sair da cama.Dei cinco passos até o berço em frente à nossa cama, onde a nossa pequena princesa já estava de olhos abertos, com sua chupeta rosa e branca na boca. Esticou os braços pra mim quando parei ao lado, lhe pegando no colo.
— Bom dia minha florzinha! — Beijei sua bochecha e passei minha mão nos cabelinhos dourados e ondulados nas pontas. Ela sorriu, manhosa, deixou sua cabeça cair no meu ombro.
— Bom dia papai. — Sua fala saiu um pouco dificultada por conta da chupeta.
— O que você acha de acordarmos a dorminhoca da mamãe? — Beijei sua bochecha de novo, fazendo ela dar um sorriso constante e largar a chupeta.
Sophia se remexeu na cama com um sorriso largo, antes de abrir os olhos.
— Huuuuum, eu escutei isso! — Se sentou na cama.
— Está vendo filha? Ela escutou. — Todos nós sorrimos.
— Vem aqui com a mamãe, meu bebê mais lindo do mundo. — Sophia esticou os braços, pegando a pequena que cedeu na hora. As duas ficaram juntinhas enquanto eu fazia as minhas higienes matinais e me trocava pra trabalhar. Fiz o café naquela manhã.
Essa era a vida que eu jamais pensaria que teria.
— Droga! — Arregalei os meus olhos antes de acordar por completo. Sophia ainda dormia, como sempre.
E do nada acordou, franzindo o cenho e estranhando o que estava acontecendo.
— O que houve? — Me perguntou enquanto se espreguiçava.
— Eu tive um pesadelo. — E que pesadelo! — Precisamos levantar, acho que estamos atrasados.
— Eu acho que não. — Ela torceu o nariz. Tateou o seu criado mudo. — Seis e quinze. — Me avisou.
Levantei devagar, bagunçando os meus cabelos e indo até o banheiro que havia no quarto. Sophia veio atrás de mim mas mudou o caminho quando entrou no closet.
— Por que será que você teve um pesadelo?
— Eu não sei. — Peguei a minha escova de dente. — E existe um por quê pra ter pesadelos? — Levantei os meus ombros.
— Minha mãe dizia que temos pesadelos quando comemos demais. Mas eu digo comer comida, não eu ser a sua comida. — Sua voz estava afagada por ela estar em outro cômodo. — Qual dos dois? — Apareceu em frente ao banheiro enquanto eu estava escovando os dentes. Tinha dois cabides em mãos, um com uma saia de couro e uma blusinha amarela e o outro com algum tipo de macacão.
— Os dois são bons. — Eu era péssimo com isso.
— Não são! Eu preciso ser o exemplo daquelas meninas. — Ela se importava tanto com isso! — Acho que vou escolher o macacão, hoje tem aula de física. — Deu de ombros e voltou ao closet.
Continuei a escovar os meus dentes. Sophia voltou pro quarto depois de vinte minutos, já vestida. Me esperou sair do banheiro pra poder fazer as suas higienes matinais.
Fomos ao colégio no horário naquela manhã, sem correr contra o tempo.
— Pegou o seu livro de química? — Sophia me perguntou dando um empurrãozinho na porta do Porsche. Acionei o alarme.
— Peguei. Você pegou o livro de física que estava em cima da mesa? — Ela assentiu. Andamos até à porta de entrada.
— Você depois precisa me passar o trabalho de matemática. Não podemos esquecer! — Me lembrou e eu assenti.
Senti duas mãos tocarem o meu ombro, me dando um pequeno susto.
— E aí. — Duff usava um óculos escuro e nem estava tão sol assim.
— E aí é você com esse óculos do nada. — Questionei.
— Oi Duff. — Sophia sorriu. — Você está bem? Sua festa foi ótima! — Elogiou.
Duff retirou o óculos de sol nos mostrando o seu olho esquerdo com um roxo terrível. Me estremeci e fiquei curioso.
— O que aconteceu com a porra do seu olho? — Cerrei meus dentes.
— Foi o Alan, cara. — Ele parecia estar triste com isso. — Ele me bateu porque eu fiquei com a irmã dele.
— Otário. — Neguei com a cabeça. — Me conta essa história direito. — Fomos andando até a entrada.
— Ele ficou sabendo da festa porque eu convidei a irmã dele, e como você não está falando com ele, eu não o convidei. — Explicou. — Mas simplesmente ele começou a tocar naquele assunto que a gente já sabe e... — Parei o boca aberta do Duff, ele falaria demais e Sophia estava prestando a atenção em tudo.
— O assunto? — Perguntei com medo. Duff assentiu.
— É, aquele assunto cabuloso. — O parei de novo. — Você deveria falar com ele.
— Eu não quero mais falar com o Alan. Simples assim!
— Nada a ver isso ter acontecido, Borges. Eu acho melhor você resolver a situação com ele porque eu não quero acabar o meu ano com os dois olhos roxos, valeu? — Duff me pegou de surpresa com a sua fala, parecendo meio irritado. Saiu de perto de nós, sumindo pelo corredor extenso.
Sophia ficou na minha frente. Hora da verdade!
— Que história cabulosa é essa que você tem com o Alan? — Quis saber.
E eu tinha que mentir. Ela nunca poderia saber do contrato.
— O Alan tem ciúmes de você comigo. — Menti. — Por isso a gente parou de se falar.
— Ciúmes de você comigo? — Soltou um riso abafado e irônico. — Por acaso ele é gay?
— Isso aí eu já não sei.
— Esses seus amigos são imprevisíveis. Por que todo mundo me odeia nesse colégio? — Porque talvez você tenha uma quantia exagerada de dinheiro, seu pai era um homem de poder e você era a garota mais respeitada do Royalty.
— Não é o fato de odiar...
— É sim! Ninguém nunca me parou pra conversar. Todo mundo fica falando da minha família, de mim, de como eu sou chata... Isso me cansa! — Se irritou. — Começando pelos seus amigos que não aceitam o nosso namoro. Tô começando a achar que alguém aí gosta de você. — Semicerrou os olhos.
— O que? — Me apressei. — Tá achando que eu fico com os meus amigos?
— Tudo pode acontecer. Você não era gay? — Ela sempre implicava com esse assunto, mesmo eu não sendo gay.
— É Sophia, eu era gay, ou seja, eu não sou mais. — Sorri falso. — Agora vamos entrar? A aula começa em cinco minutos. — Avisei irritado, andando na frente e deixando Sophia pra trás, confusa.
A história do contrato me assombraria o resto da vida, e eu não podia dizer nada. Não até ter o que queria: minha vida financeiramente estabilizada sem o homem de poder em cima.
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Aposta de Amor
RomanceMicael Borges e seu grupo de amigos decidem criar uma aposta maluca, onde o foco é atrair a atenção de Sophia Abrahão, a popular do colégio e a estrela das líderes de torcida. O por quê disso? Simples: Queriam se vingar de seu namorado. Mas a apos...