Capítulo 119

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Sophia foi pra casa de seus pais e eu fui pra casa dos meus pais naquele Domingo de pura ressaca. A barriga da minha mãe estava imensa, porém, não havia chegado nem no sexto mês, o que chegava a ser engraçado. Lidiane finalmente arrumou um namorado e meu pai estava literalmente perdendo a cabeça por um cliente que queria todos os seus direitos, mesmo não podendo ter todos os seus direitos.
É... Vocês entenderam!

— Como tá sendo morar com a Sophia, querido? — Minha mãe se sentou no mesmo sofá que eu, ficando pertinho de mim. Toquei a sua barriga saliente, achando bizarro ter uma pessoa ali dentro. Eu já estive ali dentro, assim como Lidiane, que ficou as duas horas inteiras pendurada no telefone pra falar com o novo namorado.

— Agonizante. — Bufei.

— Por que? — Minha mãe se chocou.

— Porque simplesmente ela não sabe fazer nada e quer muita coisa que eu não posso dar. — Havia falado demais.

— Coisas que você não pode dar? — Minha mãe pegou no ar, só queria jogar o verde pra colher o maduro.

Eu deveria contar? Não.
Eu contei? Sim!

— Sophia quer um filho.

Minha mãe colocou as duas mãos na boca, em choque. Tinha os olhos arregalados.

— VOCÊ NEM PENSE... — Começou o sermão.

— Eu não vou ser louco de engravidar ela, né? — Rolei meus olhos. — Não agora, trabalhando com o pai dela e tendo que o usar o meu salário pra cuidar do apartamento.

— Não era você que queria morar sozinho? — Minha mãe soltou um riso. — Nem tudo são maravilhas, querido.

— Eu pensava em morar sozinho, sozinho. Sozinho! — Dei ênfase três vezes, vendo minha mãe rir. — Não com a Sophia num apartamento que nem é meu.

— Mas acontece que o pai dela foi solidário.

— O pai dela quis me foder, isso sim. — Fechei minha cara.

— Micael! — Minha mãe revidou, me observando.

— E não foi? Ele não gosta de mim e socou a gente em um apartamento numa área nobre, sem dinheiro e ainda por cima tendo que pagar todos os nossos custos. Ele praticamente emancipou a Sophia. Ela não tem nada! — Contei. Minha mãe não sabia dessa parte.

— Pera ai, deixa eu ver se eu entendi direito. — Se ajeitou no sofá, por conta do peso da barriga. — Você quer morar sozinho com alguém te bancando? — Segurou o riso.

— Renato é milionário, mãe! Uma mesada pra gente se virar nem ia fazer cócegas no bolso dele.

Minha mãe soltou uma bela gargalhada.

— Por que você tá rindo? — Me irritei.

— Porque você é uma pérola, Micael! Desde pequeno. — Tocou a minha bochecha, apertando. — Aliás, eu sinto falta dos meus filhos pequenos.

— Calma que tá vindo outro. — Me referi ao bebê.

— Não vai ser a mesma coisa, né? — Fez uma careta triste. — Não vai ser o meu Micael indiozinho que fazia xixi na fralda toda vez que a vovó fazia bolinho de canela.

Começamos a rir.

— Eu odiava o cheiro do bolinho de canela. Será que era por isso que eu fazia xixi? — Continuamos a rir.

— Não sei. — Minha mãe levantou os ombros.

— ... Tá bom. Te amo! — Lidiane sentou no sofá da frente, tinha o celular na orelha, falando com o namorado. — Desliga você primeiro. Vai... Desliga! — Soltou uma risada de menina apaixonada.

Encarei minha mãe que fez o mesmo, ao mesmo tempo, observando. Lidiane desligou a ligação segundos depois, nos observando.

— Que foi?

— A sua paixonite me deixa extremamente assustada. — Minha mãe soltou, segurando a minha mão.

— Verdade. — Concordei.

— Você nem aqui mora mais. Não pode concordar em nada do que a mamãe diz! — Rebateu de frente comigo, se irritando.

Irmãos...

— Eu posso sim, sou o seu irmão mais velho.

— Você é chato, Micael!

— Ei! Ei! Ei! — Minha mãe interviu. — Eu só quis dizer que você tá indo rápido demais, querida. Não é assim que funcionam as coisas, entende?

— Mãe, você deu um pinto de borracha pra ela. Como que as coisas não estão indo rápidas demais? — Abordei a minha mãe que ficou sem palavras, piscando diversas vezes antes de elaborar uma frase.

Lidiane ficou vermelha como um pimentão.

— Como você sabe que a mamãe me deu... Que ódio de vocês! — Grunhiu.

— A mamãe deu um pinto pra Sophia também. — Me lembrei, infelizmente.

— Eu só queria explicar como as coisas funcionam. — Se defendeu. — Todo mundo teve a sua fase. Você por exemplo. — Apontou pra mim. — Te ensinei a vestir uma camisinha em uma banana. Te ensinei a tirar a fimose. Te ensinei a bater punheta e comprei a sua primeira PlayBoy que você fez questão de gozar nas cinco primeiras páginas. — Ela lembrou de tudo isso.

— Em minha total defesa, eu estava aprendendo a brincar com o meu pau, por isso gozei nas cinco páginas seguidas. — Encarei Lidiane que tinha uma cara de nojo.

— Viu só? Você não precisa ter vergonha de um assunto tão natural. — Minha mãe encorajou Lidiane, que se escondeu em uma almofada. — Você já se masturba ou ainda não assistiu nenhum pornô, ou algo do tipo?

Foi minha vez de se esconder em uma almofada. Os Borges não tinham filtro nenhum!

— Mãe... — Lidiane tentou parar.

— Você sabe aonde fica o seu clítoris, né? — Começou.

— Mãe... — Lidiane deu a segunda chamada.

— É aquele botãozinho que fica na xoxota. Se lembra? Eu sei que você se lembra, Lidiane.

— MÃE! — Ela berrou, se levantando. — Será que dá pra você ter pelo menos um pouco de filtro?

— Não? — Remedou.

— Aí que saco! — Bateu os pés, subindo as escadas.

Retirei o meu rosto da almofada.

— Peguei muito pesado? — Minha mãe mordeu a ponta dos dedos.

— Você sempre pega muito pesado, mãe! — Assenti. — Mas, eu vou te perdoar se você fizer aquele arroz gratinado com o seu macarrão com queijo. — Umedeci meus lábios só de imaginar. Tentação!

— Você é muito folgado! Sai da sua casa pra vir almoçar na minha? — Ajudei minha mãe a levantar, seguindo ela até à cozinha. O seu andar de pata me fazia rir.

— Infelizmente a minha querida namorada decidiu almoçar na casa dos pais. E eu não sou bem vindo lá, pelo menos na parte do meu querido sogro. — Ajudei ela na cozinha. — Onde está o papai? — Dei falta.

— No banheiro! Agora ele fica metade do tempo no Domingo cagando e jogando Blocks Chock Now no Ipad. — Contou. — Ou pode estar me traindo. Minha barriga tá imensa! Já faz duas semanas que não fazemos sexo.

— Mãe, mãe, mãe! — Fiz uma careta de nojo. — Não precisa me contar o que acontece entre você e papai. Tá bem?

— Sim.

— TÁ BEM? — Dei ênfase, gritando. Minha mãe assentiu, procurando os ingredientes do macarrão com queijo.

E seguíamos sem filtro por aqui.

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