Capítulo 118

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Senti meu pau duro pela conchinha de mal jeito. Sophia ainda dormia e minha cabeça de cima iria explodir de tanta dor. Ressaca era a pior merda do mundo! Eu gostaria de pular essa parte da minha vida.

Mas eu também não queria sair dali, dos braços de Sophia, mesmo ela dormindo. Sorri com o momento, ainda de olhos fechados mas minha cabeça não me deixou raciocinar demais. Minha mente doeu, era hora de levantar e procurar algum...

— Eu não joguei essa porra fora? — Falei comigo mesmo, após pisar na camisinha que estava no chão.

Porém, sem nenhuma gota de esperma pra contar o que havia acontecido.

— PUTA QUE PARIU! — Soltei, alto. Sophia se remexeu na cama, acordando assustada.

— Micael? — Se espreguiçou. — O que aconteceu? — Colocou as mãos na cabeça, tentando sentar na cama mas também deveria estar com dor de cabeça.

— Não sai daí! Eu vou correndo na farmácia buscar um remédio pra você! — Falei apressado, buscando uma cueca no closet.

— Mas eu não tô doente.

— Mas vai ficar em nove meses se eu não for rápido o bastante pra deter essa catástrofe. — Soltei antes de sair correndo pela sala, feito um louco.

Procurei pela chave do carro, a primeira que viesse, saindo do apartamento às pressas. Eu estava com bafo de álcool terrível pela noite anterior, olheiras, dor de cabeça e uma ressaca terrível! O máximo que Deus poderia me ajudar era Sophia não engravidando de um filho meu.

Não podíamos ter nenhum tipo de bebê no momento. O único que seria bem vindo era o meu irmão. Fora isso? Mais ninguém!

Desci apressado na primeira farmácia que entrei no bairro, passando pela porta automática e sentindo o frio do ar condicionado. Uma moça me parou, simpática, aquela hora da manhã.

Na verdade eu nem sabia as horas.

— Olá, tudo bem? Em que posso ajudar?

Me ajudando a não ter um filho?

— Bom dia. — Cocei a nuca, nervoso. — Eu queria uma pílula do dia seguinte. — Sorri amarelo à ela que esboçou um sorriso trincado, pensando que obviamente minha noite foi maravilhosa e eu tinha me esquecido da porra da camisinha.

Acontece que a porra da camisinha estourou e a porra que saiu da porra do meu pau entrou em Sophia. Meus filhos estariam apostando corrida pra entrar no óvulo uma hora dessas.

— Você tem preferência? — E eu lá tinha preferência? Eu só queria não ter um filho e estava correndo contra o tempo!

— E existe alguma preferência? — Arqueei minha sobrancelha.

— É... Nós temos a dose única que é um comprimido. Ela não precisa tomar... — Arranquei a caixinha da mão da moça, lhe assustando.

Era aquele que eu iria levar!

— Obrigado. — Me dirigi até o caixa, passando o glorioso remédio que Sophia tomaria em minutos, se nenhum meteoro caísse no meio do caminho.

A caixa passou o remédio com atenção, me cobrando.

— Quatro e setenta e seis. — Seu humor era péssimo!

— Aqui. — Entrei à ela o dólar amassado.

Ela verificou a nota. Quanta chatice...

— Dá pra passar isso também? — Peguei uma cartela de remédio pra dor de cabeça, deixando em cima da esteira metálica. Ela franziu o cenho, não querendo passar mas já passando.

Acertei tudo com a caixa que não queria trabalhar, saindo da farmácia e voltando pro apartamento. Sophia estava de pé, com um roupão no corpo, comendo alguma coisa no balcão da cozinha americana. Me encarou quando passei pela porta, quase arrancando a madeira em minha frente.

— Onde você foi? — Lambeu os dedos.

— Toma! — Retirei a pílula do dia seguinte da caixinha, entregando à ela.

— Pílula do dia seguinte? — Me encarou com desaprovação. — Você não usou camisinha?

— Eu usei mas estourou. — Peguei um copo d'água.

— E como estourou, Micael? Você tem pau de ferro pra isso acontecer? — Entreguei o copo à ela que esquivou.

— Sei lá, a gente tava bêbado e... Tudo pode acontecer! Agora dá pra você beber essa porra antes que passe o tempo e a gente escute choro de bebê o dia inteiro. — Baguncei os meus cabelos, ficando louco.

Assisti Sophia beber o remédio. Meu alívio bateu por segundos!

— Graças a Deus. — Bufei, me aliviando por inteiro.

— Você é tão dramático! — Sophia bufou enquanto revirava os olhos. — Por sua culpa a minha menstruação vai mudar horrores. Meu ciclo já era ruim, imagina agora. — Lamentou-se.

— Você prefere uma mudança de ciclo ou um bebê?

Sophia ficou quieta.

— Você sabe o que eu preferia. — Resmungou.

— Eu não vou te dar o que você quer, não agora. — Soltei. — A gente é muito novo, Sophia!

— Engraçado que Patty e Davidson foram pais aos dezessete anos. A mãe dela ajudou com tudo, e o Davidson não tinha aonde cair morto. Nunca havia trabalhado! — Lembrou-se.

Comecei a rir de nervoso.

— É sério que você tá comparando o nosso namoro com a vida de casado da Patty e do Davidson? — Perguntei, incrédulo. Sophia me mostrou o dedo do meio, não tinha muitos argumentos.

Patty e Davidson eram dois retardados apaixonados, assim como eu e Sophia, mas, o inesperado aconteceu e Patty simplesmente quis colocar um filho na relação dos dois.
Moral da história: hoje eles moram com a mãe de Patty.
Davidson não arranjou um emprego e o bebê é bonitinho.

— Você sabe que agora temos uma vida de casado, não sabe? — Me encarou, em deboche. Caminhou em direção à pia, ficando com nojo de lavar a sua própria louça.

— Tecnicamente moramos juntos por opção do seu pai. E eu fico muito agradecido por isso, porque eu te amo! — Disse calmo, recebendo o olhar fatal de Sophia, que ainda estava com raiva de mim. — Olha... — Cerrei meus olhos, cansado. Massageei minha têmpora, ainda com dor de cabeça. — Eu não posso dar um filho pra você, não agora! Eu juro por Deus que não posso e me mataria se viesse um nesse exato momento, por exemplo. — Sophia ficou em silêncio.

— Tudo bem, Micael! Eu entendo o seu ponto de vista que é quase igual ao meu. — Começou a lavar a louça com muita dificuldade. Seria um caos se ela começasse a quebrar tudo.

— Quase igual ao seu? — Arqueei uma sobrancelha.

— Vamos morrer com esse assunto, já que não vamos chegar à lugar nenhum. — Ficou muda, em silêncio, apenas lavando as louças.

— Vem cá... Quem foi o merda que colocou na sua cabeça que precisamos ter um bebê? — Minha pergunta foi altamente sem paciência, Sophia percebeu pelo tom de voz.

— Ninguém? — Uma pergunta ou uma resposta?

— Ninguém? — Desconfiei. — Hum. — Deixei pra lá, buscando o analgésico na mesma sacolinha que trouxe a pílula do dia seguinte de Sophia.
Busquei um copo d'água, tomando o comprimido. — Vamos almoçar na minha mãe? Hoje é Domingo! — Mudei de assunto, pensando que Sophia aceitaria o meu convite, mesmo a minha mãe não convidando ninguém pra almoçar lá.

— Vou almoçar com os meus pais. — Foi ríspida.

— Tudo bem.

— Ótimo.

— Perfeito.

Deixei ela sozinha em meio aos seus pensamentos nada saudáveis.

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