Capítulo 81

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— Bom. — A professora fez uma pausa. — Sendo assim, hoje vamos começar com a primeira matéria do vestibular, ok? — Começou a escrever na lousa branca atrás de si.

Sophia se concentrou na aula mas conseguia ver que seus olhos estavam marejados. Se sentou envergonhada por toda a escola estar falando do acontecido.

Almoçamos separados, no tempo livre ficamos separados e na hora de ir embora também fomos separados. Quer dizer, eu tentei ir separado mas ela interrompeu o caminho, correndo atrás de mim.

— Micael. — Tentou correr com o enorme salto em seus pés. — Micael! Me espera! — Sua saia balançava contra o vento, de tão minúscula que estava.

Já tinha pagado calcinha centenas de vezes e eu não estava ligando porque estava puto com ela. Chateado também!

— Pensei que você iria com o seu motorista particular. — Debochei, parando em frente ao meu carro.

— Eu não tenho um motorista particular!

— Deveria ter. — Abri a porta do carro mas ela me parou.

— É sério que você tá bravo comigo?

— E não era pra estar? — Ela rolou os olhos, atenta. — Você não era assim, Sophia. Algum bicho te picou do dia pra noite?

Ela ficou em silêncio.

— Eu só não quero você seguindo o mesmo exemplo que o Jack.

— Caralho, eu não sou gay! Quantas vezes eu vou ter que te dizer isso? — Fiquei irritado. — Eu gosto de boceta, xoxota, periquita, sei lá quantas palavras existe pra isso. — Sophia ficou surpresa. — Quer que eu te prove? Acho que não preciso!

— Quando começamos a nos falar você era gay, então...

— Tá, mas agora eu não sou. Somos namorados ou você ainda não entendeu isso? — Vi o semblante de Sophia ficar derrotado.

Ao invés de discutir comigo, a loirinha tirou do bolso da jaqueta um gloss labial, passando em seus lábios com toda a calma do mundo.

— Você tá me gozando, né? — Esbraveci.

— Eu queria que você estivesse gozando em mim mas não será possível, já que está... Bravo comigo. — Passou em toda a extremidade dos lábios, guardando o objeto em seguida, no mesmo lugar. — Você pode me levar até em casa?

— Não. — Entrei no carro e Sophia me parou de novo.

— Vai, Micael! Para de graça.

— Quem tá de graça aqui é você! — Rebati ela que não gostou. — E fique sabendo que eu não vou deixar de falar com os meus amigos só porque você quer.

Sophia bateu os pés e começou a chorar. Um misto odiável de sensações que nem eu mesmo entendi.

— Eu tô sofrendo ainda, Micael. Você não consegue ver? — Suas lágrimas caíram. — O colégio inteiro sabe que eu levei um chifre do Jack com o meu pai. Todo mundos sabe! Até os professores, todo mundo. — Soluçou. — Eu virei à aberração desse lugar, logo eu, a garota mais popular do colégio.

— E isso importa alguma coisa pra você, Sophia? Pelo amor de Deus! Ser a popular do colégio não torna você uma pessoa especial.

— Eu quero ser lembrada, Micael.

— E você vai! Mas... Estamos no último ano, Sophia. Isso importa pra você? Fazer sucesso em um lugar que ninguém nem vai lembrar da sua existência?

Sophia ficou pensando enquanto chorava. Uma cena que mexia com qualquer um que não tivesse paciência pra 5 minutos de menina mimada.

— Me desculpa. — Fez uma cara de choro.

— Você promete que vai mudar o seu conceito?

— Prometo. Eu não queria ter falado aquilo na aula, eu me equivoquei.

— Tudo bem. — Abracei Sophia que desabou. — Você tá de TPM? — Segurei em seus braços, vendo ela chorar mais ainda.

— Me deixa sofrer, só hoje. — Encostou em meu ombro, chorando mais ainda.

Alisei suas costas e beijei o topo da sua cabeça, antes de colocá-la dentro do carro e levar Sophia até sua casa.

Dirigi o caminho todo com ela chorando no meu ouvido.

— Chegamos. — Puxei o freio de mão. — É melhor você tomar água pra compensar o tanto que você chorou. — Ri leve. — Desculpa. — Vi sua careta ao me ver fazer piada.

— Vamos assistir filminho de romance pra chorar?

— Hoje não, meu amor. — Toquei sua perna. — Eu preciso ir na empresa do seu pai, já estou quase atrasado. — Avisei Sophia que achou interessante.

— O meu pai? — Assenti. — O que o meu pai quer com você?

— Digamos que ele me deu um curso de presente. — Sorrimos. — Parece que alguém vai aprender a administrar as empresas Abrahão. — Toquei minha blusa, fingindo estar com um terno e gravata.

Sophia ficou boquiaberta.

— É sério? — Ela não acreditou. — Meu pai te deu um curso de presente?

— Sim.

— Aí meu Deus. — Ela ainda estava incrédula. — Ele realmente é um homem mudado ou só está querendo ganhar a minha confiança de volta.

— E eu acho melhor você aceitar de bom agrado o que ele tá fazendo. — Mesmo ele ainda mentindo pra ela. — Seu pai é um cara legal, no fundo. — Bem no fundo, quase achando petróleo.

— É, tanto faz. — Sophia me beijou, se despedindo. — Vejo você à noite?

— Sim. Eu venho aqui te ver. — Avisei ela que sorriu, saindo do carro e entrando em casa.

Parti para as empresas Abrahão, já que estava quase atrasado pro meu encontro com Renato. Aquele lugar não era algo que eu gostaria de levar futuramente, mas eu assinei um contrato.

E vamos levar em consideração que eu iria aprender em como administrar uma empresa. Faria muito mais que Jack e calaria a boca de todos!

— Micael! Aí está você! — Não tive tempo de parar no balcão e perguntar aonde era sua sala. Achei Renato no saguão da empresa, conversando com dois caras de terninho. — Chegou bem na hora.

— Quase. — Cerrei meus dentes.

Entramos no elevador.

— Pronto pra sua primeira aula de administração?

— Isso é bastante chato?

— Você acha que administrar empresas é cult e legal?

— Eu acho coisa de velho mas ainda sim é bem importante. — Renato deu um risinho, assentindo e saindo do elevador, junto comigo.

Sua secretária me ofereceu um cookie amanteigado com castanhas. Aceitei na hora, estava morto de fome!

— Vamos começar o vídeo então? — Renato fechou a enorme porta atrás de si. Me sentei no sofá na frente da sua mesa.

— O que você preferir.

Preferia acabar aquela merda logo e ir pra casa, já não aguentava mais.

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