Capítulo 122

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O despertador tocou três vezes seguidas, e eu ignorei todas elas. Sophia? A mesma coisa! Tínhamos que estar no colégio em alguns minutos mas a cama quentinha com edredom confortável nos fez ficar. Ambos ainda nus pela maratona de sexo de ontem.

Sophia resmungou, tacando o seu celular longe. Afinal, ela tinha dinheiro pra comprar outro.

— Hum. — Abriu um olho.

— Precisamos ir. — Soltei, ainda de olhos fechados e dormindo um pouco.

— Não precisamos não. — Caiu no sono novamente.

— Precisamos sim! — Abri os meus olhos e saltei da cama, deixando Sophia aninhada nos cobertores. — Estamos atrasados, Sophia. — Avisei, ainda desnorteado por sair da cama, cedo, em plena segunda feira.

Fiz xixi dormindo, escovei os meus dentes dormindo e coloquei a primeira roupa que encontrei dormindo. Sophia? Ainda seguia deitada na cama, parecendo me esperar desocupar o banheiro do quarto. Uma desculpa perfeita pra faltar na aula.

10 minutos restantes. Estávamos fodidos pra caralho em relação à chegar atrasado. Assinaria outra suspensão, certeza.

— Vamos amor! — Retirei o edredom com tudo. — Precisamos estar no colégio em 10 minutos. — Impossível!

— Eu não quero ir. — Escondeu o seu corpo nu com os próprios braços. — Eu juro que não quero ir.

— Eu também não quero. — Puxei Sophia da cama que resmungou. — Anda logo, precisamos ir.

— Vai na frente, eu vou em seguida. — Mexeu as mãos como se estivesse me expulsando, que na verdade foi mais uma expulsão do que qualquer outra coisa.

Eu aceitei de ótimo agrado pois não queria chegar atrasado em plena segunda feira, já chegando. Sophia praticamente morreu no banheiro e eu saí do apartamento, indo com o meu carro até o colégio.

15 minutos atrasado! Peguei um trânsito horrendo no caminho e fiquei preso. Parecia desculpa de empresário mas realmente aconteceu.

— Posso entrar? — Parei em frente à porta da sala de aula. A professora de matemática me fitou de cima à baixo.

— Poder não pode mas né. — Levantou os ombros. Ela era tão chata! — A gente agora vai fazer um trabalhinho básico de equação, tudo bem? — Começou a dizer. — Valendo a última nota do ano! — Escreveu no quadro branco em sua frente.

E eu ainda estava dormindo.

— Vocês vão elaborar um jogo matemático envolvendo todas as equações da página 15 do nosso livro didático. Tudo bem? — Puta merda! Eu não estava raciocinando nada do que ela estava falando.

Posso ir pra casa?

— Vale a última nota do ano. Sem essa nota, NINGUÉM se forma. Escutaram? — Arregalei meus olhos, surpreso.

— Professora, é em dupla? — A voz de Chay ecoou na sala, me trazendo à tona que eu estava triplamente fodido até a cabeça.

— Sim, em dupla. Podem escolher entre vocês aí. — Gesticulou rápido, se sentando em sua mesa. — Página 205. Manda bala! — Estalou os dedos, passando as tarefas e fazendo porra nenhuma em seguida.

Minha cabeça iria explodir e meu sono entraria em modo automático, me fazendo dormir até a última aula. Sophia ainda não havia chegado!

— E aí. — Arthur se sentou na carteira da frente, virado pra mim.

— Você me acorda quando essa bruxa da matemática sair?

— Se você quiser passar o dia na diretoria. — Arthur soltou um riso. — Cadê a Sophia?

— Tá atrasada como sempre, ela nem liga mais. — Deitei minha cabeça no caderno. — Alguma novidade?

— A única novidade é que o Duff não veio e a festa dele virou assunto no refeitório.

— Como sempre.

— Ele bebeu demais, ficou chapado. Parece que o pai dele descobriu a zoeira da festa. — Contou. — Chamaram a polícia depois que você saiu.

— Chamaram? — Franzi meu cenho, levantando a minha cabeça.

Arthur era um ótimo fofoqueiro.

— Sim, chamaram! Tinha um doido vendendo maconha por lá, parece que os vizinhos descobriram. Fora o som alto.

— O Duff é louco! — E eu também.

— Tá sem dupla ou vai fazer com a Sophia?

— Vou fazer com ela. Foi mal aí, cara. — Dei um sorriso meio triste à Arthur. Sabia que ele estava sem dupla e também era muito inteligente. Mas Sophia me mataria se eu deixasse ela nos últimos minutos do segundo tempo. Ela era péssima em matemática!

— Vou ver se o Chay está sem dupla. — Soltou, saindo dali e percorrendo a sala, até encontrar outro lugar.

Sophia apareceu na porta como um furacão Katrina vestida de Barbie. Seu look do dia chamou a atenção da metade da sala. Ela conseguia parar todas as pessoas pra que a atenção fosse somente à ela, sempre foi assim.

Segundas feiras... Seria difícil!

— Senhorita Abrahão, posso saber por que chegou tão tarde? — A professora questionou.

— Estava procurando as minhas botas! — Sorriu animada, mostrando a bota cor de rosa até os joelhos.

A professora balbuciou.

— Pede pro seu namoradinho explicar o trabalho. Você perdeu a metade da aula, dá próxima vez é diretoria na certa. — Mandou o recado à Sophia que praticamente cagou pra ela.

Sophia sentou no lugar onde Arthur estava sentado, se virando pra mim, observando o meu caderno ainda fechado.

— O que essa jararaca passou?

— Um trabalho valendo nota pro fim do ano. Sem essa nota a gente não se forma. — Me espreguicei. — Você trancou tudo? — Me referi ao apartamento.

— Tranquei! Deixei a minha chave com o porteiro porque não vou voltar pra casa. — Avisou.

— Por que não? — Estranhei.

— Porque eu vou ajudar a minha mãe com as malas. Esqueceu? — Ah, a viagem incrível do casal que não se ama. — E você vai trabalhar. Hoje é o seu primeiro dia no emprego novo! — Sorriu.

Por um milésimo de segundo eu esqueci que tinha um trabalho, com o meu querido sogro, o homem de poder. E eu estava podre do final de semana, parecia que o álcool ainda corria em minhas veias, me deixando bêbado, mole e com preguiça de tudo.

— É! Eba! Uhuuuu! — Me fingi alegre, vendo Sophia revirar os olhos.

— Você não queria um emprego? — Se entristeceu. — Você encheu tanto o saco por causa de um emprego.

— Eu não tô reclamando, é que hoje é segunda e eu tô um caco ainda. — Cocei meus olhos. — Gostaria de um poder pra fugir daqui. — Bufei.

— O meu único poder que vou colocar em prática agora é o meu sono da beleza. Você pode seguir o meu exemplo! — Sophia sorriu, se virando de volta à carteira e ajeitando sua mesa pra dormir. Simples!

E ela dormiu, seguido de mim. As quatro aulas inteiras... Horas mais tarde, estávamos na diretoria assinando papéis de ausência de aula. Tudo normal.

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