Capítulo 45

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— Borboleto? — Sophia abriu os olhos, tentando saber onde estava e o que havia acontecido.

Ela estava em seu quarto, segura, em sua cama, tendo a minha companhia. O troglodita do Renato não deixou a menina ir até o hospital, já que, ela havia acordado no meio do caminho e ainda estava um pouco zonza quando chegou em casa. Seu cochilou amenizou um pouco, era o que eu esperava.

— Oi minha borboleta! — Toquei o seu rosto. — Você tá melhor?

— Um pouco. — Reclamou. — Eu fiz você perder a semifinal, não fiz?

— Que se foda a semifinal! Eu não preciso daquilo pra sobreviver, é só um jogo. — Ela sorriu leve. — Eu tô preocupado com você. — Peguei em suas mãos.

— Foi tão rápido que eu nem vi. — Tentou se lembrar. — Aí que vergonha! O colégio inteiro deve tá falando dessa atrocidade. — Sophia apertou os olhos.

— E você liga pra isso?

— Eu sou a popular do colégio, Micael. É claro que eu ligo pra isso! — Disse um pouco óbvia.

— Acho que você não deve ligar pra esse tipo de coisa. Foi um acidente, aconteceu. — Dei de ombros. — Agora eu quero saber o por quê da senhorita ter passado mal. — Cruzei meus braços, analisando.

— Eu também quero saber.

— O seu pai não deixou a gente ir pro hospital. — Fiquei puto só de lembrar. — Mas acho que a sua mãe deve chamar algum médico mais tarde, não sei. — Pensei. — Eu só quero ter certeza de que você está bem!

— Eu não preciso de nenhum médico, eu tô bem. Juro! — Sophia se apressou, parecia estar com medo.

— Certeza? Porque... Não parece. — Lhe fitei.

— Eu devo ter tido uma queda de pressão, essas coisas. Faz dois dias que eu não como por conta da apresentação!

— DOIS DIAS? VOCÊ FICOU MALUCA, GAROTA? — Quase voei em cima de Sophia.

Quem fica dois dias sem comer?

— Sim, dois dias! Só estava bebendo líquido por conta da dieta. Isso deve ter se juntado com a minha ansiedade pra semifinal, essas coisas. — Pensou. — Não briga comigo, Borboleto. — Fez uma carinha triste.

— Eu deveria estrangular você mas te amo demais pra isso. — Beijei sua mão.

Sophia sorriu.

— Pode ficar tranquilo porque eu já me sinto bem. — Ela sorriu, me passando uma pequena segurança.

Mas meu medo dela passar mal de novo só aumentou. Ela ainda não estava 100%.

Branca entrou no quarto, tinha uma bandeja de porcelana nas mãos.

— Querida! Você está bem? — Deixou no criado mudo extenso de Sophia, ao lado da cama.

— Um pouco melhor. Melhorando! — Contornou à Branca que ficou um pouco aliviada.

— Eu trouxe um chá pra você e algumas bolachas de água e sal. Sua pressão deve ter caído, não é? — Branca tocou o rosto de Sophia. — Está gelada!

— Eu estava falando pro Micael que deve ter sido um nervoso ao extremo.

— Ou deve ter sido os dois dias que você ficou sem comer, não é mesmo? — Retruquei na frente de Branca, que ficou incrédula em instantes.

— Como assim, Sophia? Você ficou dois dias sem comer?

— Ficou! — Respondi por ela. — Eu acabei de dar uma bronca nela, dona Branca. Isso não se faz! Tem que se alimentar direitinho!

— Viu só? É gente como o Micael que você precisa ter ao seu lado. — Branca retrucou com Sophia, que fechou a cara. Deixou a bandeja de porcelana nas pernas da mesma, que revirou os olhos. — Eu quero essa bandeja vazia quando eu vier buscar. Escutou?

— Sim senhora! — Sophia bufou e viu a mãe sair.

Agora eu estava no pé dela, cuidando pra que Sophia comesse tudo.

— Escutou, né?

— Já não basta a minha mãe, agora você? — Sophia encarou a bandeja. — Eu não tô com fome!

— É lógico que tá! Você tá com o estômago vazio, Sophia. Precisa comer! — Peguei uma bolacha em mãos. — Quer que eu faça aviãozinho ou não precisa? — Arranquei um riso dela.

— Não, aviãozinho não. — Ela terminou de rir, comendo uma bolacha antes de tomar o chá. — Que coisa horrível, Micael! — Fez careta.

— Ah, nem tá horrível assim! — Brinquei com ela.

— É porque você não bebeu essa água de lavagem que a minha mãe chama de chá. — Fez careta ao tomar mais um gole.

— Como você é dramática, meu Deus! — Foi minha vez de rir.

Fiquei ali com Sophia, durante toda à tarde. Fiz ela comer e depois ficamos conversando mais um pouco, acalmando ela pelo incidente que havia acontecido.
Sophia dormiu quatro horas depois, bastante tranquila. Aproveitei minha deixa e fui embora, procurando saber como estava os ânimos no colégio sem a minha presença.

E eu tive a pachorra de voltar pra lá, vendo todos irem embora. Encontrei com Duff e Arthur, ambos com a roupa do time ainda no corpo.

— E aí? — Me encontrei com os dois. — Como foi o jogo? A gente ganhou ou perdeu? — Confesso, meu cu se fechou com a reposta.

O treinador me mataria de qualquer jeito mesmo...

— Por sua sorte, a gente ganhou! — Vibrei mentalmente. — Mas o treinador tá puto com você. — Duff avisou.

— Eu sei mas eu não podia deixar a Sophia lá no gramado sozinha, né?

— É! Mas você tava mais preocupado no clã do que no jogo. Ele percebeu tudo isso, viu? — Arthur emendou.

— Incrível como a compaixão de vocês vão lá em baixo. — Retruquei. — A Sophia passou mal, virou falatório e vocês ainda queriam que eu ficasse pro jogo? Logo eu?

— A gente queria a sua presença mas você foi embora com a Sophia. — Duff deu um risinho. — Mas o que importa é que deu tudo certo! — Ele sorriu logo em seguida. — Como ela tá? O que o médico disse?

— O médico não disse nada porque nem no médico a gente foi. — Me irritei fácil. — O bosta do pai dela não deixou, acredita?

— Seu sogro. — Arthur e Duff riram.

— Ha-ha antes fosse. — Bufei. — O cara é um mala igual ao namoradinho bosta dela.

— Ele já sabe que ela passou mal, será? — Duff encarou os lados, tentando procurar o mesmo por vista.

— Sei lá! Acredito que não, ele não liga pra Sophia. — Mexi meus ombros. — A Sophia merece coisa melhor.

— Tipo... Você? — Duff estava se preparando pra zoar.

— É Duff, tipo eu! — E não era nem brincadeira.

Ela tinha que ter alguém igual à mim. Até sua mãe havia falado.

E instinto de mãe nunca falha, viu?

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