Capítulo 15

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Acordei cedo, em termos. Franzi meu cenho e busquei meu celular, que estava no criado mudo rosa de Sophia, ao meu lado. E me assustei ao ver a loirinha de pernas pro ar, escorada na cabeceira da cama, com os braços soltos pelo resto da cama como uma criancinha espoleta. Que diabos ela estava fazendo?

— Bom dia Borboleto. — Deu um sorriso fraco, significativo de dor. Pude ver perfeitamente a sua bolsa de água quente no abdômen. Ela estava com cólica!

— Bom dia, borboleta. — Sorri, me sentando. — Por que você não me chamou?

— Eu não queria te acordar. Afinal de contas, a primeira aula começa daqui à oito minutos. — Me avisou, confiante.

Engoli seco e segui em frente. Nada de aulas por hoje!

— Ah, eu não vou ir hoje. — Decretei. — Quero cuidar de você, borboleta. — Toquei suas mãos, fazendo ela sorrir.

— Não precisa, Borboleto. Eu já tomei um analgésico e também enchi essa bolsa de água quente, que já está ficando fria. — Encarou o objeto no abdômen. — Se não melhorar, mais tarde irei ao médico com a minha mãe.

— Não quer que eu te acompanhe? Eu posso te levar! — Eu estava um perfeito cavalheiro. Aliás, eu era um perfeito cavalheiro graças ao meu pai.

— Não precisa. — Me passou conforto na fala. — Ah, Borboleto! — Me chamou. — Quando for descer, por favor, saia pela porta dos fundos. Meg irá te ajudar. — Quem era Meg?

— Seu pai ainda está aí?

— Eu não escutei o carro sair da garagem. Deve estar atrasado e deve sair depois. — Me alertou. — Nos falamos mais tarde?

— Quando você quiser, borboleta. — Toquei a ponta do seu nariz, saindo da cama.

Me vesti rápido e certifiquei que Sophia estaria bem, saindo de seu quarto e descendo as enormes escadas da mansão. Tudo estava em perfeito silêncio, ninguém aparentemente. Eu podia sair tranquilo pela porta da frente sem que ninguém me vis...

— Bom dia, Micael Borges. — A voz da praga ecoou, e eu não vi o mesmo sentado na poltrona da sala, fumando um charuto com as pernas cruzadas, estilo mafioso.

Me virei como uma formiguinha fodida, encarando o pai de Sophia.

— É... Não aconteceu nada demais! — Me justifiquei.

— Eu perguntei alguma coisa?

— Não?

— Então porquê se justificou? — Se levantou.

— Eu sei que pode parecer estranho mas...

— O que você quer com a minha filha? — Foi até o bar, buscando um copo pequeno de uísque.

— Somos amigos.

— Amigos que dormem juntos? Enquanto o namorado dela está fora? — Despejou o líquido forte, o cheiro embrulhou o meu estômago aquela hora da manhã.

— Eu sei que o senhor deve estar pensando...

— Eu não estou pensando em nada, Micael. — Me encarou sério, balançando de leve o copo em sua mão. — Mas isso não é comum de acontecer aqui em casa. Logo um moleque como você, dormindo com ela, na mesma cama. — Ele era bem parental.

Mas aquela conversa estava estranha demais.

— Isso não irá mais acontecer. Eu prometo! — Quebrar uma promessa é pecado? Dormir com a Sophia sem ter tido sexo foi a melhor coisa do mundo. Imagine quando tiver algum sexo, eu casaria com ela na própria cama dela!

Se chegar a ter um sexo, é claro.

— Já que você é bem inteligente... — Renato vasculhou o bolso do paletó, retirando um cartão preto fosco. Me entregou firme, se aproximando de mim. — Vá até o meu escritório! Amanhã! — Avisou.

— Em qual horário? — Li o cartão atentamente.

— Quando você quiser. Não precisa reservar uma hora, estarei te esperando! E não diga à Sophia que você está indo lá. — Terminou de beber o seu uísque.

Assenti e guardei o cartão em meu bolso, dando as costas à Renato e saindo da mansão. Quando entrei em meu carro, automaticamente liguei para Alan, marcando de tomar alguma coisa naquela hora, já que não fomos ao colégio mesmo.

Mas o mesmo estava ocupado. Decidimos nos encontrar à noite, na tabacaria e cervejaria onde era permitido a entrada de menores.

Dirigi até a minha casa e me fodi mentalmente ao ver o carro dos meus pais ainda na garagem.

— Puta que pariu. — Puxei o freio de mão enquanto falava comigo mesmo, iria vir bronca e eu não estava preparado.

Abri a porta e avistei a minha mãe, dramática como sempre. Tinha um copo d'água nas mãos e estava nervosa, assim como o meu pai.

— GRAÇAS A DEUS! — Levantou-se, correndo até mim. — ONDE VOCÊ ESTAVA? VOCÊ NÃO AVISA MAIS, POR QUE CARALHOS VOCÊ NÃO AVISA MAIS, MICAEL? — Bateu forte em meu ombro, eu chiei.

— AI MÃE! — Esbraveci. — Eu estava na casa da Sophia.

— Hummmm. Então você tá namorando com essa menina? — Meu pai havia relevado o fato de estar na casa de uma menina, caso contrário eu também entraria na sua bronca.

— Não, eu já disse que não. — Coloquei as mãos na cabeça, era coisa demais para aquela hora da manhã. — Aconteceu um problema e eu tive que dormir lá. Só isso!

— Que problema? — Minha mãe se preocupou. — A camisinha estourou?

Revirei meus olhos.

— Você teve um coito interrompido? — Tentou adivinhar. — Você machucou ela na hora de meter? JÁ SEI! — Deu alguns pulinhos.

— POR QUE VOCÊ METE SEXO EM TUDO, MÃE? QUE MERDA! — Me estressei com ela, que ficou triste na hora.

Bufei enquanto me jogava no sofá.

— A Sophia queria um ombro amigo depois do que aconteceu ontem, e eu não posso falar sobre. — Deixei claro antes que minha mãe fizesse um relatório. — Tem algo relacionado aos pais.

— Tá vendo, Beth? Já foi conhecer os sogros! — Meu pai fez graça, rindo com minha mãe.

— Oh, meu bebê. — Minha mãe apertou as minhas bochechas. Eu não iria mais falar nada, quando surtasse, seria pior. — Então quer dizer que você está namorando escondido?

— Sério? Eu cansei de vocês! — Me levantei, indo até o meu quarto.

Tomei um banho relaxante, não igual ao da casa de Sophia mas dava pro gasto. Vesti uma roupa confortável e voltei a dormir! Dormir com Sophia foi ótimo mas o ninho que era a minha cama... Sem palavras! Eu estava cansado, confuso e tinha uma reunião com Renato Abrahão, e mal sabia o que o velho queria comigo.

Só espero que ele não me mate.

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