Acordei cedo, em termos. Franzi meu cenho e busquei meu celular, que estava no criado mudo rosa de Sophia, ao meu lado. E me assustei ao ver a loirinha de pernas pro ar, escorada na cabeceira da cama, com os braços soltos pelo resto da cama como uma criancinha espoleta. Que diabos ela estava fazendo?— Bom dia Borboleto. — Deu um sorriso fraco, significativo de dor. Pude ver perfeitamente a sua bolsa de água quente no abdômen. Ela estava com cólica!
— Bom dia, borboleta. — Sorri, me sentando. — Por que você não me chamou?
— Eu não queria te acordar. Afinal de contas, a primeira aula começa daqui à oito minutos. — Me avisou, confiante.
Engoli seco e segui em frente. Nada de aulas por hoje!
— Ah, eu não vou ir hoje. — Decretei. — Quero cuidar de você, borboleta. — Toquei suas mãos, fazendo ela sorrir.
— Não precisa, Borboleto. Eu já tomei um analgésico e também enchi essa bolsa de água quente, que já está ficando fria. — Encarou o objeto no abdômen. — Se não melhorar, mais tarde irei ao médico com a minha mãe.
— Não quer que eu te acompanhe? Eu posso te levar! — Eu estava um perfeito cavalheiro. Aliás, eu era um perfeito cavalheiro graças ao meu pai.
— Não precisa. — Me passou conforto na fala. — Ah, Borboleto! — Me chamou. — Quando for descer, por favor, saia pela porta dos fundos. Meg irá te ajudar. — Quem era Meg?
— Seu pai ainda está aí?
— Eu não escutei o carro sair da garagem. Deve estar atrasado e deve sair depois. — Me alertou. — Nos falamos mais tarde?
— Quando você quiser, borboleta. — Toquei a ponta do seu nariz, saindo da cama.
Me vesti rápido e certifiquei que Sophia estaria bem, saindo de seu quarto e descendo as enormes escadas da mansão. Tudo estava em perfeito silêncio, ninguém aparentemente. Eu podia sair tranquilo pela porta da frente sem que ninguém me vis...
— Bom dia, Micael Borges. — A voz da praga ecoou, e eu não vi o mesmo sentado na poltrona da sala, fumando um charuto com as pernas cruzadas, estilo mafioso.
Me virei como uma formiguinha fodida, encarando o pai de Sophia.
— É... Não aconteceu nada demais! — Me justifiquei.
— Eu perguntei alguma coisa?
— Não?
— Então porquê se justificou? — Se levantou.
— Eu sei que pode parecer estranho mas...
— O que você quer com a minha filha? — Foi até o bar, buscando um copo pequeno de uísque.
— Somos amigos.
— Amigos que dormem juntos? Enquanto o namorado dela está fora? — Despejou o líquido forte, o cheiro embrulhou o meu estômago aquela hora da manhã.
— Eu sei que o senhor deve estar pensando...
— Eu não estou pensando em nada, Micael. — Me encarou sério, balançando de leve o copo em sua mão. — Mas isso não é comum de acontecer aqui em casa. Logo um moleque como você, dormindo com ela, na mesma cama. — Ele era bem parental.
Mas aquela conversa estava estranha demais.
— Isso não irá mais acontecer. Eu prometo! — Quebrar uma promessa é pecado? Dormir com a Sophia sem ter tido sexo foi a melhor coisa do mundo. Imagine quando tiver algum sexo, eu casaria com ela na própria cama dela!
Se chegar a ter um sexo, é claro.
— Já que você é bem inteligente... — Renato vasculhou o bolso do paletó, retirando um cartão preto fosco. Me entregou firme, se aproximando de mim. — Vá até o meu escritório! Amanhã! — Avisou.
— Em qual horário? — Li o cartão atentamente.
— Quando você quiser. Não precisa reservar uma hora, estarei te esperando! E não diga à Sophia que você está indo lá. — Terminou de beber o seu uísque.
Assenti e guardei o cartão em meu bolso, dando as costas à Renato e saindo da mansão. Quando entrei em meu carro, automaticamente liguei para Alan, marcando de tomar alguma coisa naquela hora, já que não fomos ao colégio mesmo.
Mas o mesmo estava ocupado. Decidimos nos encontrar à noite, na tabacaria e cervejaria onde era permitido a entrada de menores.
Dirigi até a minha casa e me fodi mentalmente ao ver o carro dos meus pais ainda na garagem.
— Puta que pariu. — Puxei o freio de mão enquanto falava comigo mesmo, iria vir bronca e eu não estava preparado.
Abri a porta e avistei a minha mãe, dramática como sempre. Tinha um copo d'água nas mãos e estava nervosa, assim como o meu pai.
— GRAÇAS A DEUS! — Levantou-se, correndo até mim. — ONDE VOCÊ ESTAVA? VOCÊ NÃO AVISA MAIS, POR QUE CARALHOS VOCÊ NÃO AVISA MAIS, MICAEL? — Bateu forte em meu ombro, eu chiei.
— AI MÃE! — Esbraveci. — Eu estava na casa da Sophia.
— Hummmm. Então você tá namorando com essa menina? — Meu pai havia relevado o fato de estar na casa de uma menina, caso contrário eu também entraria na sua bronca.
— Não, eu já disse que não. — Coloquei as mãos na cabeça, era coisa demais para aquela hora da manhã. — Aconteceu um problema e eu tive que dormir lá. Só isso!
— Que problema? — Minha mãe se preocupou. — A camisinha estourou?
Revirei meus olhos.
— Você teve um coito interrompido? — Tentou adivinhar. — Você machucou ela na hora de meter? JÁ SEI! — Deu alguns pulinhos.
— POR QUE VOCÊ METE SEXO EM TUDO, MÃE? QUE MERDA! — Me estressei com ela, que ficou triste na hora.
Bufei enquanto me jogava no sofá.
— A Sophia queria um ombro amigo depois do que aconteceu ontem, e eu não posso falar sobre. — Deixei claro antes que minha mãe fizesse um relatório. — Tem algo relacionado aos pais.
— Tá vendo, Beth? Já foi conhecer os sogros! — Meu pai fez graça, rindo com minha mãe.
— Oh, meu bebê. — Minha mãe apertou as minhas bochechas. Eu não iria mais falar nada, quando surtasse, seria pior. — Então quer dizer que você está namorando escondido?
— Sério? Eu cansei de vocês! — Me levantei, indo até o meu quarto.
Tomei um banho relaxante, não igual ao da casa de Sophia mas dava pro gasto. Vesti uma roupa confortável e voltei a dormir! Dormir com Sophia foi ótimo mas o ninho que era a minha cama... Sem palavras! Eu estava cansado, confuso e tinha uma reunião com Renato Abrahão, e mal sabia o que o velho queria comigo.
Só espero que ele não me mate.
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Aposta de Amor
Roman d'amourMicael Borges e seu grupo de amigos decidem criar uma aposta maluca, onde o foco é atrair a atenção de Sophia Abrahão, a popular do colégio e a estrela das líderes de torcida. O por quê disso? Simples: Queriam se vingar de seu namorado. Mas a apos...