Capítulo 120

104 6 5
                                    


— Macarrão com queijo? Uau! — Meu pai ficou no meio de nós, no fogão. Encarou a travessa de macarrão com queijo, junto com o arroz de forno.

— Já terminou de jogar o seu joguinho infeliz? — Minha mãe alfinetou, levando o macarrão até à mesa.

Lidiane desceu as escadas, chegando até nós.

— Hum... Macarrão com queijo? — Todo mundo naquela casa tinha problema com macarrão com queijo?

— Eu pedi e a mamãe fez, e nem ouse comer tudo porque eu vou levar marmita pra casa. — Apontei à Lidiane que ficou sem falas. Minha mãe bateu de leve em meu ombro.

— Você é muito folgado, garoto! Domingo que vem você pode arranjar outro lugar pra comer, ou quem sabe comer na sua casa. — Nos sentamos todos pra almoçar.

— Quando a gente vai poder ir na sua casa? — Lidiane perguntou, pegando a jarra de suco.

— Quando tiver móveis na minha casa. Preciso fazer um chá de casa nova! Já ouviram falar? — Me servi com um prato de macarrão com queijo.

— Chá de casa nova é super comum mas... Vocês não precisam disso, Sophia tem dinheiro, pode muito bem comprar alguns móveis. — Minha mãe opinou.

— Ou você pode trabalhar por dois meses e começar a comprar a sua mobília. Posso te emprestar o meu cartão! — Meu pai soltou, esperando minha mãe servi-lo.

— Acho que não vai rolar! Eu preciso refazer a manutenção da luz no apartamento. Trocar o quadro, o chuveiro... Depois do acidente eu meio que comecei a me preocupar. — Rolei meus olhos, começando a comer. — Isso aqui tá uma delícia! Já disse que te amo? — Beijei a bochecha da minha mãe.

— Eu ainda não esqueci a marmita. — Relembrou.

— Viu só? Quando é no nosso rabo a gente sempre se preocupa. — Meu pai soltou a pérola do dia, ele só estava esperando a oportunidade.

— É... Ainda bem que eu tenho você, meu conselheiro economizador. — Eu e ele rimos.

O barulho dos garfos ecoaram. Minha mãe decidiu procurar outro assunto, eu só não esperava ser um assunto de caos, que me traria mais dor de cabeça.

— Micael disse que Sophia quer ter um bebê. — Soltou, por fim.

Meu pai deixou o garfo cair no prato, fazendo um pequeno estrondo. Sua cara de puto foi a melhor!

— Um bebê? — Engoliu seco. — Vocês querem ter um bebê?

— A Sophia quer! Eu fui totalmente contra à isso, se o senhor quer saber. — Me defendi. — Eu não sei de onde ela tirou que um bebê pode ser a coisa mais perfeita do mundo. Até pode ser, mas não agora.

Um sorriso nasceu nos lábios do meu pai. Ele estava realmente orgulhoso do meu estilo de pensar.

— Quem colocou isso na cabeça dela? — Meu pai perguntou, voltando à comer.

— Sei lá. — Dei de ombros. — Mas a decisão dela foi terrível! A gente brigou como sempre e... Deve ser por isso que ela está almoçando na casa dos pais. — Suspirei.

— Aaah, não fica assim. — Minha mãe alisou as minhas costas. — Eu fiz macarrão com queijo pra você, e, vou fazer um bolo de chocolate. Não gosto de ver você triste!

— Vou poder levar o bolo de chocolate? — Fiz uma carinha de cachorro que caiu da mudança.

— Sério! E você ainda quer morar sozinho. — Lidiane revirou os olhos. — Cresce, Micael.

— Olha quem tá falando, a garota que ficou mais de duas horas no celular discutindo quem ia desligar a ligação primeiro. Afinal, quem desligou? Fiquei curioso. — Fui irônico, vendo Lidiane discutir comigo e meus pais intervirem.

— Eu já disse que sou totalmente contra à isso. Estava melhor você sem ninguém, estudando, centrada. — Meu pai formou a opinião. — Você é muito nova pra ficar se enroscando em garotos que só querem... Deixa pra lá. — Deu de ombros.

Terminei de comer o meu macarrão com queijo. Passar o dia em casa se tornou a coisa mais legal do mundo, quando você não mora mais nessa casa, por exemplo. Agora eu via tudo diferente, como eu gostaria e via em um futuro mais próximo, saindo de casa. Era como se eu fosse o filho preferido da minha mãe, mesmo já sendo. Ficar sabendo das novidades da vida da minha irmã virou um fetiche de fofoqueira sem fim, me dando boas risadas. E meu pai... Daquele jeito dele, não tinha como mudar. Eu tinha me tornado o filho exemplar, em partes, visitando os meus pais em um simples Domingo qualquer.

Tudo bem que eu eu fiz uma compra do mês quando sai da casa deles. Levei dois recipientes, um com bolo e outro com macarrão com queijo, e aquela seria a minha janta. Aproveitei pra pegar algumas coisas na dispensa que estava faltando em casa, sem a minha mãe saber, é claro!

Mas a Lidiane me pegou com a boca na botija, me fazendo lhe dar dez dólares pra não abrir a boca. Irmãos... Espero que o meu irmão caçula não seja desse jeito.

Cheguei em casa depois de um tempo, dirigindo tranquilo enquanto eu comia um pedaço de bolo de chocolate, não aguentando a minha ansiedade. Quando guardei o carro na garagem vi o de Sophia estacionado ao lado. Ela já tinha chegado, bem mais cedo do que eu, mas não me avisou. Ficamos incomunicáveis o dia inteiro!

Entrei no apartamento vendo tudo em silêncio. Ela parecia não estar ali, e eu acho que não estava.

— Sophia? — Lhe chamei, trancando a porta. — Sophia, você tá ai? — Deixei os recipientes e minha compra clandestina em cima do balcão.

Nada dela, ainda.

Em passos de fantasma eu caminhei até o nosso quarto, esperando que Sophia estivesse lá, e ela estava. Talvez, não sei.

Cheguei perto da porta entreaberta, vendo Sophia deitada na cama com uma toalha aberta em volta, havia acabado de sair do banho. Mas o que me interessou foi... Ela estava se masturbando! E foi incrível vê-lá daquele jeito.

Eu sei que tínhamos intimidade demais mas eu nunca vi nenhuma das minhas ex-namoradas se masturbando. Ver Sophia daquele jeito, na cama, sozinha fez a minha mente ter mil turbilhões por segundo. Seu corpo entregue ao toque das suas mãos, os dedos passeando pelo contorno dos seios, chegando nos mamilos e os beliscando, como se alguém tivesse o poder de fazer aquilo por ela.

Na verdade tinha alguém que tinha esse poder, e esse alguém estava parado na porta, assistindo tudo. E no caso, esse alguém sou eu.

Aposta de Amor Onde histórias criam vida. Descubra agora