— Então ela puxou a sua blusa e você puxou a saia dela? — A diretora Naive cruzou as mãos enquanto tentava entender o que havia acontecido no refeitório.Sophia e Mel estavam sentadas uma do lado da outra, ambas de braços cruzados, querendo se matar de novo. Fiquei escorado em um móvel, depois de insistir muito pra conseguir acompanhar Sophia até à diretoria.
— Essa ogra que começou. — Mel tinha uma careta feia, seguido de um vermelho ao redor dos olhos, que viraria roxo em alguns dias.
— E como começou a briga? Alguém de vocês pode me dizer? — A diretora lhes observou de cima à baixo, relaxando suas costas no encosto da poltrona.
— Ela não aceitou o fato de eu não querer fazer parte do clã. — Sophia contou. — Inclusive, pode tirar o meu nome das atividades com o time de futebol. Não sou mais do clã e não quero estar mais entre elas!
— Sophia, eu entendo que você esteja magoada por tudo que aconteceu. — A diretora tocou novamente no assunto. — Mas você não pode sair do clã assim, não tem ninguém que possa te substituir.
— E você não pode me obrigar a fazer algo que eu não quero! — Sophia rebateu. — Deixarei o meu uniforme com Selena no final da semana. — Se levantou.
— Não terminamos ainda, Sophia. — Naive lhe interrompeu, aumentando o tom de voz. — O que você fez foi muito grave. Te darei uma pequena suspensão de três dias. — Que maravilha!
A diretora assinou um papel e entregou à Sophia que leu rapidamente, revirando os olhos. Dobrou a folha e sorriu falsa para Naive, que assentiu.
— Preciso da assinatura dos seus pais quando você voltar. — Íamos saindo quando Sophia parou, arregalando os olhos. Uma mão sua estava na maçaneta, pronta pra sair dali, mas seu corpo não reagiu. Me olhar foi sua segunda opção maleável, com medo.
— Tudo bem, diretora Naive. — A loirinha suspirou, tomando coragem e saindo dali, junto comigo.
Andamos alguns metros até à saída. Sophia tinha uma bolsa de gelo em seus dedos, fixados em uma bandagem.
— Como eu vou dizer isso ao meu pai? — Ficou nervosa. — Ele vai me matar!
— Você nunca pegou suspensão? — Comecei a rir da sua carinha.
— Eu tenho cara de quem já pegou suspensão, Micael? — Sophia parou de andar, me olhando ironicamente com vontade de me dar um soco, assim como deu em Mel.
— Pra tudo tem uma primeira vez, amor. — Voltamos a andar. — Mas calma, eu vou te ajudar.
— Como? — Saímos no estacionamento.
— Eu vou falsificar uma assinatura do seu pai. — Sophia arregalou os olhos. — E enquanto isso você pode ficar na minha casa, até os três dias passarem.
— Falsificação de assinatura é crime!
— E dar um soco na colega é agressão! — Remedei. — Estamos quites. — Achei meu carro. Busquei a chave de dentro do bolso da calça, acionando o alarme. — Você vem comigo? — Joguei minha mochila no banco de trás.
— É né... — Sophia encarou os próprios dedos. — Não consigo dirigir com o dedo desse jeito.
— Quer ir ao hospital? Porque... Você também não pode chegar na sua casa desse jeito. — A lembrei.
Sophia bufou e revirou os olhos, tudo ao mesmo tempo.
— Eu vou com você. — Deu a volta em meu carro, entrando no lugar do passageiro. — Depois você pode buscar o meu carro?
— Posso sim. — Sorri à Sophia antes de ligar o motor, saindo dali.
Fiz Sophia aceitar a ideia de ir ao hospital, mesmo ela não querendo. Voltei no prédio luxuoso onde Branca estava internada dias atrás, falando com a mesma mulherzinha do Ipad.
— Boa tarde, meu nome é Sophia Abrahão. Eu gostaria de passar na emergência. — Sophia soltou no balcão, vendo a mulherzinha entregar um crachá à ela. — E o dele? — Questionou, já que não ganhei um crachá.
— Ele também está doente? — Que debochada!
— Ele vai me acompanhar e eu exijo o crachá dele. — Rebateu, vendo a mulherzinha do Ipad tirar outro crachá contra a sua vontade.
Sophia sorriu satisfeita e assim adentramos no hospital, sentando em poltronas confortáveis até seu nome ser chamado por alguém da emergência. Já estava ficando impaciente naquele lugar, eu odiava hospitais.
— Sophia Sampaio Abrahão? — Uma moça morena lhe chamou, sorridente e parecia ser muito simpática. Nos levantamos e seguimos a mulher, que nos levou em uma sala cheia de medicamentos, maca e alguns utensílios médicos que eu não sabia o nome.
Sophia subiu dois degraus da pequena escadinha no pé da maca, sentando em seguida.
— O que houve com você, mocinha? — Mediu sua pressão por desencargo.
— Dei um soco na minha ex-melhor amiga. — Contou, um pouco triste. — Meus dedos estão doendo!
— Deixe-me ver. — A moça pegou na mão de Sophia, coberta pela bandagem mal feita na enfermaria do colégio. Retirou o pano úmido pelo gelo, verificando a vermelhidão e inchaço no local. — Consegue abrir e fechar a mão?
Sophia tentou, devagarzinho, reclamando em alguns momentos por estar com bastante dor.
— Dói! — Reclamou para a enfermeira.
— É. Você não está com os dedos quebrados. — Aliviou Sophia com a notícia. — Só está dolorido por conta da batida recente. — Fez outro curativo na loirinha, que ficou quieta, se aliviando de saber que não foi nada grave. Eu também me aliviei! — Compressas de gelo na hora de dormir e evite ficar mexendo essa mão, tudo bem? — Ela assentiu.
A enfermeira terminou de dar assistência à Sophia, nos deixando sair da sala com sua mão extremamente coberta por novos curativos. Entregamos o crachá para a mulherzinha do Ipad e decidimos voltar pra casa.
Quer dizer, até a casa de Sophia.
Eu tinha o estrambólico e amoroso curso do meu coração, merda!
— Está entregue! — Parei o carro em frente à sua casa. Sophia me deu um beijo demorado e gostoso. — Como eu queria ficar... — Lamentei.
— Você tem curso, se lembra?
— E tem como esquecer desse pesadelo? — Sophia riu leve.
Me deu outro beijo, de despedida. Eu queria tanto ficar...
— Vou trazer o seu carro à noite. — Ela assentiu. — Eu te amo.
— Eu também te amo. — Me deu outro beijo, virando o corpo e saindo do carro.
Mas ela parou, voltando à me encarar.
— Você pode trazer Donuts recheados de chocolate quando vier?
— É... Posso? — Sophia não entendeu a minha pergunta reposta, mas tive que fazer aquilo, já que não tinha um centavo pra comprar um Donut recheado.
E meu pai não me daria dinheiro de novo.
— Ah, claro. — Ela soltou um risinho aceitado, mexendo em sua mochila e tirando um cartão de crédito preto. Me entregou. — Não tem limite! Você pode usar quanto quiser.
— Não. — Devolvi o cartão à ela. — Eu não preciso disso.
— Mas...
— Eu vou te trazer o Donut. — Recapitulei. Tinha algo pra cumprir, mesmo eu não tendo dinheiro. — Fique bem, eu te amo. Qualquer coisa você me liga!
— Tudo bem. — Selou seus lábios ao meu, dando um beijo rápido antes de descer do carro.
Tinha que ter um emprego urgente! E já sabia quem poderia me ajudar.
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Aposta de Amor
RomanceMicael Borges e seu grupo de amigos decidem criar uma aposta maluca, onde o foco é atrair a atenção de Sophia Abrahão, a popular do colégio e a estrela das líderes de torcida. O por quê disso? Simples: Queriam se vingar de seu namorado. Mas a apos...