Aposta de Amor

Capítulo 126

Eu tinha que lidar com a história de Alan estar com ciúmes de mim e ter batido em Duff, mas também não podia contar à Sophia sobre o contrato e a aposta de ínicio. Tinha que ficar neutro na situação, mesmo não querendo conversar com Alan.

Afinal, foda-se o Alan.

— Ficamos sabendo do Alan. — Arthur se lamentou. Estávamos na aula de educação física, ambos fazendo nada.

— Na verdade é do Duff mas tudo bem. — Eu tinha ficado bravo com a situação do meu amigo. — Eu vou falar com ele hoje mais tarde. O que acham?

— A gente não acha nada mas né... — Chay coçou a barba que crescia. — A Sophia não desconfia da aposta?

— Ela fica perguntando porque quer saber de alguma coisa, mas tá difícil de ficar mentindo. Eu não gosto de ficar mentindo! — E não gostava. Mentir pra Sophia era como dar um tiro no meu peito. Relações mal resolvidas sempre começavam assim, com mentiras.

— Então para de mentir pra ela. — Chay levantou os ombros. — Você tem alguma coisa à perder?

— O meu contrato? — Disse óbvio.

— Esse contrato faz tanta diferença pra você, Micael? Sei lá, a gente já teve essa conversa um milhão de vezes e...

— E você sempre pergunta se esse contrato faz a diferença pra mim, e sim, faz a diferença pra mim! — Respondi Arthur com convicção. — Eu não posso perder a Sophia e também não posso ficar sem emprego.

— Então você tá com ela por causa dos bens materiais? — Arthur levantou uma sobrancelha.

— Eu não tô com ela por bens materiais. — Cerrei meus olhos. — Eu só não quero desandar a minha vida agora, entendeu? Eu tenho mil chances de conseguir entrar de vez para as empresas Abrahão. — Pensei.

— Você falava do Jack mas tá ficando igual. — Chay soltou, confuso. — Ele não gostava dela e só estava com ela por causa dos bens materiais.

— Mas eu gosto dela!

— Você veio pra escola de Porsche, Micael. É sério que você gosta dela? — Chay rebateu.

— Gente, qual foi? — Me levantei da arquibancada. — Vocês estão com inveja por que eu estou namorando a menina mais popular do colégio?

— A gente tá dizendo que você mudou, Micael. Só isso! — Arthur se levantou também. — No dia que a gente fez aquela porra de aposta, você disse que não iria se aproximar por ela, e você se apaixonou.

— Ela é uma garota legal. — Me defendi.

— Ela é uma garota legal mas você se meteu na podridão que é a família dela. Agora tá ai, todo fodido, estudando e trabalhando pra ser alguém na sua porra de vida. Brigou com os seus amigos mas não larga do pé da garotinha mimada! — Arthur respirou fundo após perder o fôlego, soltando suas palavras baixas e pesadas. Chay interviu. — E depois diz que não quer nenhum bem material da menina. Se fosse por amor, até trabalhando de garçom você estaria trabalhando. — Gesticulou, puto.

— Aí, quer saber? — Havia me cansado. — Vão se foder, tá legal? Quem cuida da minha vida sou eu e não preciso de dois babacas que não sabem de nada dando pitaco na minha vida. Valeu pra vocês! — Sai andando, colocando as mãos no bolso da bermuda e fugindo dali. Minha mente se remoía por inteiro e meu dia mal havia começado.

Depois da aula de educação física tivemos mais três aulas no contexto, Sophia perdeu todas, já que estava fazendo uma audição pro teatro da escola. Mas não foi bem assim quando sai das aulas, indo embora e não encontrando seu Porsche estacionado no local que eu havia escolhido. Ela havia me deixado! Ela havia me deixando no estacionamento do colégio! Eu iria me atrasar pro trabalho!

Procurei por Duff que estava cantando a garota do segundo ano, em uma piada super péssima que me causaria choro repentino. É por isso que ele nunca transava.

— Duff. — Atrapalhei o quase casal. — Você pode me levar em casa?

— Aaaaah, qual foi Micael? — Se irritou. — Você não tá vendo que eu tô ocupado? — Na verdade sim mas eu caguei.

— A gente se fala depois. Me liga! — A menina piscou pra Duff que deu uma risadinha sem vergonha. Revirei os meus olhos.

— Viu só? Ela pediu pra você ligar pra ela, então, eu não atrapalhei quase nada. — Me rendi.

— Onde tá o seu carro?

— A Sophia foi embora.

— Como assim a Sophia foi embora?

— Embora. Ela me deixou e... Eu preciso estar em casa mas eu não vou ir pra casa.

— O que? — Duff ficou confuso.

— Vamos no Alan comigo. — Engoli seco.

— Você tá de sacanagem com a minha cara, né?

— Você não precisa sair do carro, é só esperar dentro com as portas trancadas. Se ele te avançar eu acabo com a raça dele. — Confortei Duff que não havia gostado nada disso.

— Você vai conversar com ele?

— Vou. É por isso que eu preciso que você me leve lá! — Duff pensou, e pensou, e pensou... Ele não queria mas foi obrigado a me levar até Alan.

— Tudo bem. — Bufou. — Vamos indo logo! — Caminhei junto com ele até o seu carro.

Duff fez o caminho da casa de Alan e nos surpreendemos ao ver o Porsche de Sophia estacionado na frente. Duff virou o rosto, me encarando com uma careta.

— Agora a coisa ficou boa!

— Vai se foder. — Xinguei. — O que ela tá fazendo aqui? — Sai do carro.

Duff saiu junto.

— Olha, eu não sei o que ela tá fazendo aí mas dentro do carro eu não vou ficar. — Duff me seguiu, ainda de óculos escuro no rosto.

Dei a volta na casa e entrei pela porta secreta do fundo, que Alan havia nos mostrado quando quiséssemos o visitar, para o nosso clubinho de garagem. Escutei a voz da Sophia de longe.

— E por que você tem tanto ódio de mim? Eu posso saber? — Fui chegando mais perto. Sua voz ficou mais nítida. — Você quer pegar o Micael? É isso? — Ela ainda se questionava na história de que Alan era apaixonado por mim.

— Eu não quero você junta do Micael, entendeu? Você é perda de vida, garota. Seu pai deveria morrer assim como ele fez com a minha irmã. — Soltou, bravo e irritado.

Entrei no quarto onde ele e Sophia estavam discutindo.

— Posso saber o que tá acontecendo aqui? — Observei os dois que estavam imóveis.

O único que se deu bem foi Duff, pois iria assistir de camarote com um olho roxo pra contar história.