Capítulo 40

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— Alguém pode me dizer o que está acontecendo aqui? — A mãe de Sophia olhou um por um, nada histérica, apenas tentando entender o que aquele bando de gente estava fazendo no quarto da filha.

E não, não era um ménage.

— Eu posso explicar, mamãe. — Sophia interviu. — O Micael veio até aqui e...

— Você sabe que não pode receber visitas, Sophia. Já te falei isso! — Deu uma bronca na loirinha que entendeu, ficando de cabeça baixa. — Se o seu pai te pega...

— Eu já estava indo embora, senhora Abrahão. — Passei por cima de Sophia que não queria mais a minha presença, conversando com Branca que me fitou. Não era todo dia que ela conversava com um garoto maquiado, de shortinho e com a blusa rasgada.

— Já vai tarde. — Jack alfinetou. — Aliás, eu queria saber o por quê dele estar aqui. — Fez a linha curioso. — Sogrinha, a senhora deveria proibir pessoas desse nível dentro da sua casa!

— Calado! Você está se referindo à quem? — TOMA! Branca debateu revoltada com Jack, que ficou em silêncio.

— Só acho que o Micael não deveria estar vindo aqui! Sophia está de castigo e eu sou o namorado dela. E além do mais, ele não é companhia pra Sophia. — Jack esperou a minha resposta mas teve a mãe de Sophia furiosa de novo.

— Sophia gosta da presença do Micael, ele é um ótimo amigo! Diferente de você que só suga o dinheiro da nossa família e não faz nada de útil. — MEU DEUS! AQUELA SIM ERA A MINHA SOGRA! — Agora você. — Ela voltou o olhar para mim. — Vá pra casa, descanse e não volte mais aqui até que Sophia saia desse maldito castigo. — Disse tranquilamente, como um aviso rotineiro. Assenti em afirmação e desci as escadas depressa, pedindo para que alguém abrisse a porta pra que eu saísse.

Fiz o caminho de casa e preparei a cabeça para quando minha mãe me visse, de shortinho e maquiagem até o cabelo. Guardei meu carro na garagem e vi que ela estava em casa, mas meu pai ainda não. Abri a porta em um solavanco, vendo minha mãe falar com alguém no telefone.

— Ah... CLARO! — Ela era tão escandalosa... — Venha nos visitar! Minha próxima consulta será na semana que vem. Vou levar algum dos dois para... — Pausou quando me viu. — Eu te ligo depois, pode ser? — Ficou incrédula ao me ver. — Até mais! — Desligou o telefone. — Meu filho, quem fez essa atrocidade com você?

— Quem você acha? — Me sentei ao seu lado, cansado.

— Você gosta mesmo dela, né?

— Gosto. Eu sou louco por ela! — Desabafei. — Pena que ela me vê como um amigo especial.

— Amigo que transa? — Minha mãe fez uma careta. — Tudo bem que... Transar de vez em quando não é problema pra ninguém, mas. — Alguém para a minha mãe? — Você já tentou se declarar pra ela?

— Mãe, eu não posso me declarar pra ela. Tenta entender! — Soltei, um pouco irritado.

Mas minha mãe não sabia da real verdade.

— E por que você não pode? Por causa da aposta?

— É, por causa da aposta. — A aposta que foi cancelada há décadas.

— E se você cancelar essa aposta idiota e se declarar pra ela? Meninas gostam disso! — Eu até poderia me declarar, mas seria um homem morto. — Você é cabeça dura demais, Micael! Sempre disse isso pra você.

— Não é sobre ser cabeça dura, mãe. É sobre entrar na família da Sophia de uma vez. — Bufei. — O pai dela não gosta de mim, a gente é classe média! O Abrahão nunca deixaria a Sophia namorar um classe média.

— Se ela gosta realmente de você, ela não vai se importar com o seu status financeiro. Caso contrário, isso prova que ela não gosta de você. — Minha mãe me abraçou de lado, esfregando o meu braço. — Não gosto de ver essa carinha triste. — Apertou de leve as minhas bochechas.

— Pára, mãe. — Me estressei de leve, vendo ela sorrir. — Lidiane tá na casa do namorado?

— Como sempre. — Ela revirou os olhos.

— Vocês adoram brincar com o perigo, né? — Me levantei, desviando o foco de mim. Minha mãe franziu a sobrancelhas.

— O que você quer dizer sobre perigo? — Ela realmente não havia entendido.

Fui até o bebedouro, buscando o copo e o enchendo com água.

— Eu quero dizer que a Lidiane não tem idade pra ficar até tarde na casa de namorado. — Bebi minha água.

— Você já teve a sua época, Micael.

— Tudo bem mas, toda hora vocês ficavam no meu pé. Com a Lidiane isso não acontece!

— É que a Lidiane tem mais cuidado, entende? Não tô querendo dizer que você não teve cuidado. — Quis dizer sim. — Ela precisa viver também, Micael!

— Você tá tranquila demais. Pensa que é a Lidiane, sua filha, cabeça de tampinha de refrigerante! — Fiz um trocadilho com os dedos. — Quando ela aparecer grávida você não surta, tá bom?

— Cruzes, Micael! — Minha mãe fez o crucifixo com as mãos. — Ninguém aqui vai engravidar, só eu. — Passou a mão na sua barriga que se formava. Revirei meus olhos na hora.

Passei por ela e subi as escadas, indo até o meu quarto. Nada mais aconteceu ali, na verdade, eu preferi ficar triste até o próximo dia.

Sophia não poderia ficar com raiva de mim.

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