Capítulo 86

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Tinha chegado nas empresas Abrahão, faltando cinco minutos para o meu curso de administração, correndo pelo piso escandaloso do local, até chegar na salinha onde tínhamos as aulas. Consegui ver Horácio pela portinha de vidro antes de adentrar.

— Boa tarde. Cheguei na hora? — Queria me gabar que tinha conseguido chegar cinco minutos antes.

Mas não foi possível.

— Na verdade você está bem atrasado, mocinho. — Horácio encarou o relógio de pulso, dando pequenos petelecos no vidro do objeto. — Vamos começar logo!

— A gente não pode pular a metade do curso? — Abri minha apostila. — Sei lá, quem sabe, tipo um resumão iguais os da internet. — Optei.

— Você acha que é sacanagem, Borges? — Sua pergunta me assustou um pouco.

Eu levava o lance de administrar muito sério, o que me enchia era parte de um curso com duração de cinco horas. Isso sim era chato!

— Claro que não.

— Então volte no lugar que paramos e vamos acabar com isso. — Ele abriu sua malinha de couro.

— Antes de começarmos você poderia me fazer um favor? — Encostei minhas costas no encosto confortável da cadeira.

— Diga.

— Eu preciso de uma assinatura do senhor Renato, comprovando que eu estou fazendo um curso. — Menti. Eu precisava da assinatura pra falsificar a suspensão de Sophia. — Você pode conseguir isso até o final da nossa aula?

— Você precisa de um comprovante? — Assenti. — Vou pedir na hora do nosso intervalo!

— Ótimo, Horácio. — Vibrei enquanto sorria. — Não querendo abusar mas já querendo abusar também. — Fiz uma carinha. — Você pensou naquilo que eu te falei ontem?

— Naquilo o que, Borges? — Me olhou, cansado das minhas perguntas sem nexo.

— Sobre o meu emprego. — Mexi em minhas mãos. — Poxa Horácio, eu preciso de um trampo. Eu não tenho dinheiro nem pra comprar um Donuts!

— Você não ganha mesada? Trocados? Um mimo da sua mãe, qualquer coisa... — Começou a dizer várias merdas sem sentido. — Eu realmente não posso te ajudar.

— Eu sei que você pode, Horácio. — Me levantei, indo até ele. — Eu posso cuidar do seu cachorro, regar as suas plantas, arrumar a sua casa. FAZER A SUA COMIDA! — Optei, ficando um pouco exaltado por ele gostar da ideia. — Posso fazer qualquer coisa que me dê dinheiro.

Ele ficou pensando.

— Qualquer coisa? — Levantou uma sobrancelha.

— Qualquer coisa. — Assenti.

— Você toparia fazer alguns... Agrados. Se é que entende. — Gesticulou.

— OH, NÃO, NÃO, NÃO. — Assenti em negativo para Horácio que começou a rir leve. — Isso não! Eu jamais transaria com velha pra ganhar dinheiro.

— Mas você disse que faria qualquer coisa.

— Qualquer coisa comum, Horácio. Porra! — Passei a mão em meus cabelos, bagunçando um pouco. — E então? Nenhum emprego em mente?

Ele remexeu os lábios, pensando. Ficou um pouco em transe antes de me dar um susto, tendo uma ideia incrível.

Que pra mim era incrível na altura do campeonato.

— Meu irmão veio da Austrália, está morando aqui provisoriamente até a mulher dele terminar um curso específico, me fugiu o nome agora. — Tentou lembrar mas não dei muita audiência. — Os dois ficam fora o dia inteiro e minha sobrinha está ficando com a minha mãe, mas ela não gosta muito de olhar crianças. — Perfeito! — Eu posso conversar com ele. Quem sabe você não vire à babá da minha sobrinha, talvez. — Levantou os ombros.

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