Capítulo 17

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Uma família é composta por amor, carinho, união e algumas demais coisas. Nesse caso, meu pai amou demais a minha mãe quando eu tinha três anos, e assim, nasceu Lidiane. Depois disso, eu sempre pensei que a fábrica definitivamente tinha morrido.

Mas não morreu! Ela estava totalmente aberta e traria mais um membro Borges para a família. Que bela bosta!

ALGUÉM AÍ QUER ME ADOTAR?

SOU UM POBRE GAROTO PRECISANDO DE AJUDA.

— O QUE? — Lidiane levantou-se, tinha os olhos arregalados e prontos para chorar. Ela detestava até em sonhar que minha mãe poderia ter outro filho.

— VOCÊ FICOU MALUCA, MÃE? — Fui pra cima dela, bastante bravo. Meu pai me parou.

— EI, EI, EI! PERDEU O JUÍZO MOLEQUE? — Ficou em minha frente, me empurrando. Cai novamente no sofá.

— Vocês perderam o juízo, né? — Estava ofegante e com raiva. — A gente tá no vermelho, passando dificuldade, morando de aluguel e vocês arrumam mais um filho?

— No vermelho não! Estávamos querendo fazer essa economia justamente por isso. — Meu pai explicou. — Não estou entendendo o por quê da tristeza! Ter irmãos é...

— Péssimo, pai. Péssimo! — Encarei Lidiane que mostrou a língua. — Eu queria ter pais normais e não um velho que engravida uma novinha. — Minha mãe ficou boquiaberta.

— MICAEL! Onde você está aprendendo essas coisas? — Chegou mais perto. — Você não era assim, filho. Eu fiquei bastante magoada agora.

— Tô nem aí. — Dei de ombros. — Aposto que se fosse eu, você estaria em surto. Pintando cabelo, me deixando de castigo, falando um monte de merda na minha cabeça porque eu engravidei uma garota.

— Você tem dezessete anos, Micael. É bem diferente! — Meu pai me enfrentou. — Não tem um emprego, mora debaixo do meu teto, só quer saber de futebol e zoeira com esses seus amigos vagabundos.

— NÃO FALA ASSIM DELES! — Bati de frente com meu pai.

Eu estava enfrentando demais ultimamente. Uau!

— POR QUE? VOCÊ VAI ME BATER?

— Eu não tenho emprego porque você não me deixa ter um emprego. É simples e fácil!

— Quando eu tinha a tua idade, eu sempre tive que trabalhar pra ajudar na minha casa. Você tinha que agradecer, Micael! Você está em um pedestal, a vida que você tem é maravilhosa.

— Acontece que eu não vou ficar aqui pra ver a merda acontecer. Entende? — Arqueei minhas sobrancelhas em ameaça, meu pai tinha os olhos arregalados. — Tô caindo fora!

— MAS NEM POR CIMA DO MEU CADÁVER LIMPO E CHEIROSO! — Minha mãe foi atrás de mim. Estava subindo as escadas. — EU VOU BATER EM VOCÊ, HEIN!

— Ah, vai? Quando? — Minha mãe me seguiu, entramos em meu quarto.

Peguei uma mochila, colocando algumas peças de roupa dentro. Iria explodir de raiva naquela casa, não poderia ficar mais lá.

— Micael, eu estou grávida e não posso passar nervoso. — Me ameaçou.

— Não engravidasse então! — Voltei a colocar as roupas na mochila.

Lidiane entrou com tudo, me parando. Nunca vi minha irmã daquele jeito, tão corajosa a ponto de me deter.

— Mica, por favor. — Segurou em minha cabeça. — Vá passear e depois volte. Ou durma naquela sua amiga. — A única que aceitava. — Por favor! Eu não quero que ninguém brigue. — Assenti de fato, deixando minha mochila e passando por minha mãe como um rojão, cheio de raiva.

Não dei audiência ao meu pai que brigava comigo pelos cotovelos, apenas entrei em meu carro e dirigi até a casa de Sophia, ligando à ela no meio do caminho e dizendo que iríamos sair pra qualquer lugar que me distraísse.

Um resumo crítico: levei ela até uma parte restrita da ponte do Brooklyn. Ficamos encarando a vista e o céu negro, um jeito fácil de me acalmar.

— Borboleto, o que aconteceu? — Ela estava preocupada, conseguia ver em seu olhar.

— Minha mãe está grávida. — Foi difícil contar aquilo de novo. Eu estava com ciúmes?

Sophia colocou as duas mãos na boca, em choque.

— Borboleto! Isso é...

— PÉSSIMO.

— Eu ia dizer incrível mas tudo bem. — Oi?

— Não, Soph. Isso é péssimo! Isso é caso de se jogar daqui de cima e morrer. — Ok, fui dramático.

— Por que? Eu acharia super legal se a minha mãe engravidasse de novo. — Fez uma carinha de sapeca. — Mas isso nunca vai acontecer!

— Seus pais não fazem coisinhas? — Ela riu do termo, e eu também, bem depois.

— Eca, eu não quero saber. — Rimos.

— Meus pais fizeram e olha no que deu. — Ela continuou a rir leve. O vento levando os seus cabelos, bem sexy. Eu estava vidrado naquela menina!

— Eu sei que você deve estar frustrado e tudo mais... Só que. — Pausou. — É um bebê, Micael! Ele ou ela vai ser o seu irmão, entende?

— Isso é bem ruim.

— Não é! Você vai se acostumar!

— Eu vou sair de casa. — Decretei.

— Só aceito você saindo de casa se for morar comigo.

ENTÃO EU VOU SAIR HOJE!

— Como é? — A encarei com um sorriso no rosto.

— Sim! Eu só aceito você saindo de casa se for morar comigo, caso contrário, não. — Deixou bem claro, muito claro, mais que nítido. — Mas como isso não vai acontecer, devo dizer que você ainda vai continuar morando com os seus pais, até o bebê nascer.

— Nem me fala nisso. — Bufei, pensando na possibilidade da minha vida virar um inferno.

Ficamos em silêncio.

— Você quer ter filhos com o Jack? — Encarei Sophia novamente que sorriu, me observando.

— Não sei. A gente mal faz sexo. — Seu riso sem graça correu sobre nós, foi triste, em termos. — Mas quando fazemos...

Ok, me poupe dos detalhes.

— Você quer ter filhos, Borboleto? Creio que uma inseminação está de ótimo tamanho.

— Não, eu não quero ter nenhum bebê. — Ela riu da minha careta.

— Eu posso ser a sua barriga de aluguel, que tal?

— Se for do modo tradicional, eu aceito. — Arregalei meus olhos após dizer, ela apenas riu. Não entendeu a referência da pergunta.

Sophia se espreguiçou, saindo da plataforma em que estávamos sentados.

— Borboleto, você pode me levar embora? Preciso dormir! Estou cansada e com sono. — Pediu com uma carinha irrecusável, ainda se espreguiçando.

Aceitei de ótimo agrado e fui embora com ela, lhe deixando em casa e me preparando para o dia seguinte.

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