Capítulo 109

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Minha cabeça estava em um nó de sensações terríveis. Nesse exato momento eu estava em um táxi, à caminho da casa dos Lewis pra conversar sobre o meu antigo emprego e contar uma mentira à Clara, pra que ela não se sentisse tão excluída. Eu gostava da garotinha mas tinha que seguir os passos do meu terrível sogro, e suas armações patéticas pra ele ficar com Jack.

Suspirei cansado quando toquei a campainha, revelando Jane, infelizmente. Ninguém trabalhava nessa casa? Ainda era quatro horas da tarde!

— Micael, que surpresa boa! — Sorriu, me abraçando.

— Marco está? — Bati meus pés, impaciente.

— É... Ele está no trabalho mas deve chegar daqui à pouco. — Sorriu. — Entre! Por favor! — Deu passagem mas eu preferi ficar.

— Não quero incomodar. Eu só vim me despedir da Clara, ela está?

— Se despedir? Você vai... Ir embora? — Ela não gostou da notícia.

— Estou pedindo demissão, já conversei com o Marco e arranjei outro emprego, bem melhor, é claro. — Expliquei. — Mas agradeço muito você por ter me ajudado até aqui, foi inexplicável! — Eu era muito grato pela família Lewis ter me escolhido pra cuidar de Clara, não podia ser mais grato que isso.

— Tem certeza que vai fazer essa escolha?

— Tenho.

Jane ficou sem palavras, aceitando o fato que eu não estaria mais entre eles.

— Clara está na escola! Mas você pode voltar à noite pro nosso jantar. — Deu um sorriso sem vida, sabendo que aquela seria a última noite minha na casa.

— Eu voltarei. Com Sophia. — Engoli seco, não queria trazer Sophia mas fui tecnicamente obrigado.

Jane chegou mais perto, tocando o meu peito com as suas mãos delicadas.

— Podemos prolongar o jantar quando Marco for dormir. O que você acha?

— Eu acho que você é casada e eu tenho namorada. — Tirei suas mãos do meu peito. — Vejo você mais tarde. — Dei às costas e sai andando, pra longe dali.

Enquanto caminhava vasculhei o bolso da minha calça e fiquei puto por não ter dinheiro o suficiente pro táxi. Minha carteira havia ficado dentro do meu carro, e meu carro estava na casa dos meus pais. E minha casa ficava sentido oposto da casa dos Lewis, e sentido super oposto da casa da tia Eve, e muito muito muito mais oposto da casa de Sophia. É! Eu estava fodido e sem dinheiro, andando feito um retardado pra voltar até em casa.

Peguei o meu celular e disquei os números da Sophia, rezando pra que ela me atendesse.

— Sophia?

— O que é?

— Preciso de um favor seu.

— E desde quando eu faço favores à você?

Isso seria difícil!

— Olha, eu estou na Street 14 perto de uma loja de roupas que parecem ser de grife. — Encarei a fachada da loja. — Meu dinheiro pro táxi acabou e temos um jantar pra ir à noite. Já faz duas horas que eu estou andando, estou cansado e preciso que você me busque! — Disse, por fim.

— Problema é seu! Ninguém mandou você não levar a carteira com você ou... Seu mísero salário de babá já acabou? — Eu queria estrangular aquela filha da puta.

— Você não pode fazer isso por mim?

— Estou ocupada.

— Fazendo o que?

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