Capítulo 67

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Perplexo eu estava, perplexo como uma estátua eu fiquei. Minha boca? Mais caída do que o do Papa-léguas nos desenhos.

Corri novamente ao quarto de Sophia, um pouco... Desesperado. Um aperto no peito me deu e uma vontade insana de jogar todo o jantar pelo vaso sanitário bateu também. Eu não era homofóbico, nunca fui, mas, não é todo dia que víamos o seu quase sogro sendo comido pelo namorado idiota da minha quase mulher.

E detalhe: um quase sogro homofóbico e racista. Que porra era essa?

— Borboleto. — Sophia saiu da suíte, ainda nua e sorrindo. — Eu tive que fazer xixi. — Sentou-se na minha perna, já que eu estava na lateral da cama, me recuperando da cena de terror que eu tinha visto. — Borboleto? — Sophia franziu o cenho. — O que aconteceu?

Eu não podia contar à Sophia, seria sacanagem demais. Eu precisava me recuperar primeiro!

— Ah... Oi, meu amor? — Encarei ela desnorteado.

— Oi, tudo bem? — Sophia debochou, logo após, rindo da minha cara. — Parece que você viu algum fantasma lá em baixo. — Ainda ria. — Cuidado hein! Meu pai tem um livro do meu tataravô no escritório, até hoje ele diz que o próprio ainda lê. Não desapegava fácil de bens materiais. — Se fosse isso seria menos assustador.

— Jura meu... Amor? — Sorri amarelo.

— Você tá estranho. — Me observou por inteiro, se levantando e ficando em minha frente. — O que você viu lá em baixo, Micael? — Sophia não era idiota.

— Eu não vi nada, meu amor. Tá tudo tranquilo! — Não estava nada tranquilo.

Meu sogro dava a bunda no escritório da casa, como estava tudo tranquilo?

— E... Cadê a minha água?

— Olha, eu acabei me esquecendo. — Me levantei novamente, abraçando Sophia que não entendeu. Dei um beijo em seus lábios. — Eu vou buscar pra você.

— Não, deixa. — Arregalei meus olhos. — Minha sede já passou, seja lá o que você foi fazer lá em baixo. — Caminhou até seu closet, voltando de lá com um roupão de seda.

Enrolou no corpo, automaticamente triste.

— Ah, meu amor. — Fui de encontro com ela, lhe abraçando, ainda pelado. — É sério que você vai ficar triste comigo por isso?

— Não tô triste. É que... Ah, sei lá. — Fez uma careta. — Acho que eu tô aflita pelo casamento. — Suspirou.

— O casamento. — Que graças à mim e o destino, não vai acontecer. — Você não precisa ficar pensando nisso, meu amor. Eu vou dar um jeito!

— E como você vai dar um jeito? — Sophia não acreditava nas minhas palavras, as vezes eu sentia isso.

— Dando um jeito. — Distribui beijinhos em seus lábios, fazendo ela sorrir. — Agora... Será que dá pra eu te aproveitar mais um pouco antes de você se entregar para aquele mala do seu... Namorado? — Retirei o roupão de seda de seu corpo, deixando Sophia nua novamente e voltando ela pra cama.

Ela assentiu, gostando da ideia. Mas me parou quando viu o meu corpo em cima de si.

— Eu vou precisar ficar de pernas pra cima de novo?

— Não. — Rolei meus olhos, rindo leve. — Eu juro que dessa vez não. — Voltei à beija-la, tentando me concentrar no sexo que teríamos.

Mas era difícil depois da cena que eu vi. Era engraçado e caótico saber que eu estava transando com a filha dele no quarto de cima, enquanto ele estava transando com o namorado dela no escritório de baixo? Cacete! Que família louca do cacete!

De uma coisa eu sabia: tinha que ir atrás e bolar um plano perfeito pra lançar Renato, e depois, ameaça-lo até à morte com fotos ou vídeos, qualquer tipo de coisa.

E como eu estava sem celular na hora, decidi que iria investigar o caso junto com o meu ilustre amigo Alan, que já deveria estar me xingando com palavrões diferenciados e que provavelmente nem existe ainda.

Que destino filho de uma puta! Aquilo tinha que acontecer, e aconteceu, na hora certa.

— Será que dá pra você se concentrar? — Sophia segurou minha cabeça, me fazendo voltar pro mundo real.

— Eu tô. Não tô? — Rolei meus olhos.

— Você não tá aqui, Micael. Você tá em outro lugar e eu queria saber aonde você está! — Ela estava se estressando.

Suspirei cansado, saindo de Sophia.

— Eu tô aflito com esse negócio do seu casamento. — Tava nada! Aquilo era pura cena pra ela desencanar da minha cara pálida e de assustado.

— Eu sei meu amor mas não tem o que a gente fazer. — Sophia massageou meus ombros. — É difícil pra mim também, tudo por conta de empresa e mais empresa. — Imaginei ela revirando os olhos.

— Amor. — Me virei à ela. — Você sabe o endereço daquele flat do seu pai? Onde ele tem as reuniões. — Bingo!

— Sei sim. Fica perto da Times Square. — Respondeu doce. — Mas... Por que?

— Eu preciso do endereço.

— Micael... O que você vai fazer? — Ficou com medo.

— Eu só preciso do endereço! Mas fica tranquila que eu não vou fazer nada com o seu pai. — Eu vou destruir a vida dele.

Mas ela não podia saber.

— Eu confio em você ou não? — Arqueou uma sobrancelha à mim.

— Depende do momento. — Brinquei com ela, mordiscando o seu maxilar. Sophia me deu um tapinha no ombro. — Vai, eu juro agora que vou me concentrar. — Bati continência à ela que voltou a se deitar, abrindo suas lindas pernas pra mim.

Me concentrei enquanto me encaixava em seu meio, terminando minha arruinada noite de amor surpresa.

Dia seguinte.

— CACETADA! — Alan quase subiu em cima da mesa quando contei o babado do ano. — Você tá brincando comigo, né?

— Não, eu não estou. E abaixa a sua bolinha. — Puxei ele pela camiseta, voltando à se sentar na mesa em que estávamos.

O refeitório inteiro não estava ligando pra gente mas eu queria ser o mais discreto possível.

— Agora a história ficou interessante. — Ele esfregou as mãos, fazendo uma careta de maligno. — E aí? O que vamos fazer?

— A Sophia me passou o endereço do flat dele, que fica na Times Square. — Contei. — Deve ser lá que acontecem os encontros.

— Você pretende ir lá?

— Eu vou ir lá!

— E depois?

— E depois que eu vou tirar todas as fotos necessárias e no dia do casamento... LÁ VOU EU! — Fiz uma dancinha ridícula.

— Meu Deus, cara! — Alan estava incrédulo, sorrindo. — Vou te emprestar aquela minha câmera profissional, as fotos vão ficar iradas nela.

— Beleza. Hoje à tarde eu vou buscar a câmera. — Estava decidido. — Quero ver o Renato me proibir de mais alguma coisa.

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